terça-feira, 19 de maio de 2009

PELA SOLTURA DE TAREQ AZIZ

via A BUSCA DA VERDADE de Sol do Deserto em 18/05/09
Ziad Aziz, filho do líder iraquiano Tareq Aziz:

"Americanos mantêm meu pai preso, sem acusação e doente há seis anos"

Não faz muito tempo, Jamal Talabani, presidente iraquiano, falou sobre a democracia que havia chegado a seu país graças à invasão estadunidense de 2003. Alguns observadores, que não conhecem o Iraque e que provavelmente não sabem nada sobre democracia, se apressam a confirmar estas palavras. Para eles, a diminuição dos ataques sangrentos e do número de vítimas demonstra que os seis anos de ocupação não tem significado nada. Apesar de que os mortos não podem falar, seus descendentes podem e assim o fazem.
Os vinte por cento da população iraquiana que se converteu em refugiada no seu próprio país, e vive nas piores condições imagináveis, tolerados, mas não aceitos, na Síria, Jordânia ou ainda em países mais distantes. Entre eles se encontra a família do ex-vice-primeiro-ministro iraquiano, Tareq Aziz, que vive disseminada entre a Jordânia e o Iêmen e teme por sua vida. Tareq Aziz está gravemente enfermo já há muito tempo.
Junto a outros presos políticos como o dr. Amer Rashid, o antigo ministro do Petróleo, e o dr. Mohamed Medhi Saleh, ex-ministro do Comércio, Tareq Aziz segue encarcerado em Camp Cropper, nos arredores de Bagdá. Todos eles têm perdido muitos anos de suas vidas na prisão sem acusação ou defesa legal, sem qualquer ajuda, tal como estabelecido pela Convenção de Genebra, e sem cuidados médicos efetivos.
Neste contexto, a legalidade internacional não significa absolutamente nada. A carta de Ziad Aziz, filho mais velho de Tareq Aziz, a um amigo preocupado no estrangeiro deixa clara qual é a situação dos prisioneiros políticos e como são seus direitos democráticos fundamentais em Bagdá.
Hans C. von Sponeck, Coordenador das Nações Unidas (entre os anos de 1998 a 2000)


Carta de Ziad Aziz
Estimado amigo,
Em respeito a sua resposta à carta que lhe enviamos, é minha triste obrigação dizer-lhe que a informação de que dispõe não é exata, ou talvez esteja mal informado a respeito.
Meu pai, Tareq Aziz, está sob custódia norte-americana em Camp Cropper há mais de seis anos. Sofre de doenças muito graves que põem em risco sua vida, doenças que necessitam de cuidados médicos constantes e especializados.
Camp Cropper, como você bem sabe, é essencialmente uma prisão, na qual os detidos de maior patente estão sob custódia das forças norte-americanas. É muito inexato dizer que um lugar de detenção, como por exemplo, uma prisão, pode prover "atenção médica adequada" para qualquer tipo de doença.
Meu pai, por exemplo, desmaiou há dois anos, enquanto se banhava, e temendo que houvesse sofrido um derrame cerebral, o transferiram à base aérea de Balad – a duzentos quilômetros ao norte de Bagdá – para realizar-lhe uma ressonância. Estou convencido, inclusive sendo profano, de que se alguém sofre um derrame cerebral, essa pessoa não pode esperar que o transfiram para um hospital a duzentos quilômetros. Meu pai, um homem de 72 anos, tem o risco de sofrer um derrame, ademais, de sofrer distintas enfermidades. A atenção médica a que você se refere não é outra coisa que um médico, que visita os detidos de vez em quando, e a única coisa que faz é realizar um controle rotineiro, como um exame de sangue, ver o nível de glicose, medir a pressão, e dar as receitas, o que me recorda que meu pai perdeu muito peso durante a permanência na prisão. As dosagens de alguns medicamentos devem ser administradas em função do peso, entretanto deve ser modificada regularmente, e isso nunca ocorre.
Em relação aos direitos legais e de visita da família, as forças norte-americanas tem pedido que todos os advogados, entre eles os do meu pai, abandonem a Zona Verde, onde estavam residindo, o que faz virtualmente impossível para o advogado visitar a meu pai, ou até mesmo ir ao julgamento por medo de perder sua própria vida. Como bem sabe, a vida dos defensores dos antigos altos cargos, como meu pai, se vêem constantemente ameaçada. Na realidade, muitos deles foram assassinados estando em seus gabinetes e sob proteção dos EUA, tente imaginar a situação atual, sem proteção dos EUA e fora da Zona Verde.
No que diz respeito ao julgamento, convido-lhe a ver a forma como se desenvolvem estes processos, tal como se vê na televisão iraquiana. Sugiro que você observe esta burla da justiça, em que juízes "imparciais" demonstram e admitem inequivocamente que mantêm manifesta hostilidade aos advogados de defesa. Em qualquer país civilizado e verdadeiramente democrático, e em qualquer tribunal que acate a lei, esses juízes seriam imediatamente retirados do caso e seriam levados ao comitê de ética. A isto se deve adicionar a frequência de abusos verbais e físicos (por parte dos juízes) e a recusa aos advogados de defesa de exercer o seu direito de defender os seus clientes e que possam apresentar provas para o tribunal considerar. Lamento a resposta tardia, mas estamos passando por momentos difíceis e a situação de meu pai piora dia após dia.
a) Ziad Aziz,

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