sábado, 13 de novembro de 2004

Centrais foucaulianas

O pensamento divagava sobre o processo de se produzir energia eléctrica a partir do movimento pendular do Pêndulo de Foucault. Paulatinamente, foram surgindo as seguintes ideias

Comecei por pensar que as bolas de ferro deveriam tocar num sensor que produzisse uma diferença de potencial entre os dois pólos do circuito. Depois, o pensamento derivou para as leis do electromagnetismo, associando o núcleo de ferrite manipulado com uma mão com as alterações produzidas num fio condutor posicionado sobre o íman. Aqui, deu-se o salto: o trabalho manual da mão do homem poderia ser substituído pelo movimento pendular. Assim, os pesos dos pêndulos deveriam ser de material magnético. O espaço pendular deveria ser fechado a influências exteriores e cercado de uma bobina de fios condutores. Todos os materiais que entrariam no sistema não poderiam ser de ferro, teriam de ser materiais que não influenciassem o movimento pendular. Um conjunto de sistemas destes formaria uma central foucauliana. Devido à natureza do movimento pendular estas centrais apenas poderiam funcionar nas zonas temperadas do planeta.

Rui Moio. Diário Íntimo - 12Nov2004

terça-feira, 9 de novembro de 2004

Guerra Junqueiro em 1896... in Patria - "Um Povo Imbecilizado"

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"

Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

O escritor

O escritor sente uma pulsão para o acto de escrever e essa pulsão poderá ser devida a uma necessidade terapêutica, a uma necessidade de sentir uma maior vivênvia da vida ou a uma necessidade de conquistar a sobrevivência.
Com efeito, com o termo "terapêutica" quero afirmar que o escritor pode amenizar o stress e encontrar os equilíbrios para a conquista da paz e da harmonia dentro de si e para com os outros. Exercita-se a memória e com isso vivifica-se a vida mas num percurso completo. Perpetuam-se os quotidianos.

Com o termo "uma maior vivência da vida" quero afirmar que o leitor sente o escritor como um companheiro que está a seu lado, como um confidente, como alguém que, por vezes, se identifica com o escritor ou com o personagem do livro que está a ler. E este sentir dá uma maior vivência à vida do leitor.

Com o termo "sobrevivência" quero dizer que um escritor deixa constantemente rastos atrás de si, pelo que faz e pelo que fez, pelo que pensa, por onde passou, pelo que gostaria que acontecesse. Quando um escritor morre, diz-se - calou-se uma voz.. O que se quer dizer é que daquele ser não mais sairão textos novos. Mas, são sempre presentes todos os seus escritos, quer para os leitores actuais, quer para os leitores que hão-de vir. E isto é um modo de sobreviver para além da morte.

Rui Moio. Jornal íntimo de 08Nov2004

domingo, 7 de novembro de 2004

O Acidental

Blog do Rodrigo Moita de Deus

O Acidental

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