quarta-feira, 5 de abril de 2006

Se

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso.
E no entanto perdoares que duvidem.
Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam.
Se és capaz, sendo odiado, dar ternura,
Tudo sem pensar que és sábio ou um modelo dos bons.
Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício.
Se és capaz de enfrentar o triunfo e o desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores.
Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos.
Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas.
Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perder e começar de novo teu caminho.
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado.
Se és capaz de forçar teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,
Sustendo-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!
Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com reis conservando-te o mesmo.
Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo.
Se podes preencher todo minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefas acertadas.
Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo o que nela existe
E não receies que te o tomemMas (ainda melhor que tudo isto).
Se assim fores, serás um HOMEM.

Rudyard Kipling
In Grupo Observatório Sociológico

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