terça-feira, 12 de maio de 2009

Jovens moçamedenses divertem-se em sala de convívio da Igreja Paroquial de S...

via GENTE DO MEU TEMPO. de princesadonamibe em 11/05/09















Nas décadas de 60 e 70 o mundo ocidental foi sacudido por grandes mudanças ao nível dos costumes e dos comportamentos, principalmente entre os jovens que construíram um novo estilo de vida, enquanto o controle familiar começara a afrouxar ao impacto das novas liberdades. Os salões românticos cederam lugar às discotecas onde tudo ganhava dinamismo, desde as luzes aos corpos.
Em Moçâmedes. as festas e os bailes antes efectuados no interior dos salões dos clubes da cidade, passaram a decorrer, também, no interior de discotecas que começavam por toda a parte a despontar. Os jovens já não queriam mais divertir-se, indo aos mesmos bailes que os pais. Percebe-se a crítica e o receio ao que é novo.
Em meio a um mundo em transformação, alguns párocos no interior da Igreja católica, rompendo a tradicional resistência à mudança, procuram chamar a si os jovens, atraindo-os para festas em salas de convívio paroquial. O objectivo era proporcionar-lhes uma opção, através de festas e bailes saudáveis e alegres, dentro de um contexto cristão, num mundo onde a juventude estava perdendo referências. Em simultâneo os eventos visavam resgatar valores familiares, a espiritualidade da juventude, a moral cristã, o sentimento de cidadania, e a promoção de valores que levassem ao fortalecimento da sociedade.
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Sobre o Padre Martinho Noronha, um dos promotores do movimento vicentino entre adultos e jovens de Moçâmedes, escreveu um moçamedense:
«Martinho de Araújo Noronha marcou realmente uma geração. Professor de Religião e Moral, foi mais do que isso: inculcando nos jovens alunos do Liceu Diogo Cão (pelo menos de 1962 a 1965) alguns valores, cívicos e morais, que fazem a diferença: o gosto pela liberdade, a luta pela igualdade, o amor pelo próximo. Homem tolerante e culto, procurou transmitir aos que o rodeavam não só os valores religiosos em que acreditava, mas outros, identificadores de um ecumenismo militante pouco comum, incentivando à compreensão e tolerância pelo Outro, à ajuda aos mais necessitados, incentivando à leitura de livros onde eram tratadas as grandes preocupações do Homem perante Deus e si mesmo. Nas suas aulas era um mundo novo que se abria aos ouvidos dos estudantes, pouco habituados aos temas versados e à forma vibrante, altissonante, e desassombrada de falar. Nem sequer fugia ao assunto tabu da relação sexual entre humanos. Confessou no confessionário e aconselhou nos pátios e nas salas de aula, sugeriu livros evangélicos e de liberdade, desbastou temores e indicou caminhos. Mal parecia um padre, tal a sua linguagem, a sua entrega, o seu desempenho na sociedade, a exemplaridade da sua cidadania, participador nos interesses da comunidade, farol de tantos. Rapidamente passou a ficar sob a alçada perscrutadora das autoridades encarregadas da paz social e dos bons costumes da época.
Mais tarde, a partir de 1965, e por uns anos, foi pároco em Moçâmedes, tendo nessa nova qualidade prosseguido na mesma linha mobilizadora (dinamização do movimento vicentino entre adultos e jovens) e continuando a encantar e a tocar os espíritos mais empedernidos, quer na celebração quer aos microfones do Rádio Clube de Moçâmedes. Era como padre um exemplo para os sacerdotes e como pessoa um exemplo para as demais. As suas iniciativas ultrapassavam em muito o mero campo evangélico. A sua meta eram as pessoas, conduzi-las na vida, de acordo com um padrão moral de comportamento que dignificasse o ser humano enquanto criatura de Deus, porque agir de acordo com esses valores já era um hino e louvor ao seu Criador, independentemente da religião que professasse. Era de uma cepa de que se encontra pouco.
Os anos passaram e soube mais tarde que havia regressado à sua terra natal, GOA, que ele tanto amava. Lá o fui encontrar em 1988. A manifestar a mesma exuberância e alegria de viver, de bem fazer aos outros, de realizar coisas, fantástico! Levou-nos a Margão, a casa de uns familiares, e foi o cicerone de um passeio pela cidade e arredores, por onde conduziu da mesma maneira como viveu: em alta velocidade! Arrepiante. Na condução automóvel como na condução das nossa almas, Martinho de Araújo Noronha marcou pela diferença. Foi uma dádiva de Deus.
(...)
Bem haja Padre Noronha, pelo rasto de coisas boas que semeou nas nossas vidas .
Eduardo A. Correia Ribeiro »
( Sanzalangola)

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