Para uma liturgia do Condestável por Rodrigo Emílio
via nonas de nonas em 11/04/09
PARA UMA LITURGIA DO CONDESTÁVEL
Predicação de claustro, pronunciada à sombra do Carmo e da Trindade
Predicação de claustro, pronunciada à sombra do Carmo e da Trindade
Faz hoje, hoje mesmo hoje, muitos anos que se finou para os caminhos do mundo e que nasceu para o reino dos céus uma das figuras cardiais, e capitais, da nossa História.
Os restos imortais do Santo Condestável jazem sepultados, neste alpestre Mosteiro da Virgem do Carmo — onde agora nos encontramos — desde o dia 1.º de Abril de 1431. Mas duvido que em paz repousem, hoje por hoje, os ossos do herói. É que há duas dezenas de anos — contados quase dia por dia — que teve este mesmo templo a desdita de assistir de perto ao fim histórico de Portugal. Foi aqui defronte, à porta do Convento, que a nossa colectiva perdição se consumou. Também em Abril. Todos sabemos o dia. E o ano. E todos conhecemos, já agora, as circunstâncias cem-por-cento indecorosas em que se produziu a catástrofe.
Não estremeceram tanto estas pedras, nem os ossos que nos escutam estremeceram mais com o terramoto de 1755, do que com esse de 1974. Porque foi há vinte anos — e não há duzentos e tantos anos — que tudo, de facto, ruíu por terra, não ficando da grandiosa Catedral Lusíada pedra sobre pedra.
Apesar disso — e/ou até por isso mesmo... —, seja D. Nuno encarado, nesta hora, não bem (ou não tanto) como figura votiva, mas como figura activa (espiritualmente activa), cujo recorte importa convocar, solicitar e ter presente nos tempos que correm, se nos quisermos nós guiar, sem desvios nem extravios de maior, no caminho que conduz do malogro ao milagre.
Começa porque Nun`Álvares sempre foi e será sempre um agente de primeira na produção de futuro para o destino de Portugal; e depois, na mesma e também, porque o milagre, procedendo, decorrendo e/ou resultando da acção de guerreiros de porte providencial (e foi D. Nuno, por mais de uma vez, a ilustração viva do prodígio salvador, operado in extremis), o próprio milagre vem a ser, afinal, e assim com`assim, uma das grandes permanentes e constantes — e uma das componentes e ordenadas principais, mais reiteradas — de toda a nossa alta História.
Quanto ao exemplar espírito de missão com que, em vida, o grão Pereira se projectou e evoluíu numa das mais ínclitas côrtes da Terra, é de certeza absoluta o mesmo que, ainda agora, O move e anima na Côrte celeste. E daí, a fézada inabalável de que do Céu nos está Ele, a esta hora, contemplando e assistindo — e sobremodo, instigando a levar de vencido o atoleiro em que nos atascaram. O que faremos.
Os restos imortais do Santo Condestável jazem sepultados, neste alpestre Mosteiro da Virgem do Carmo — onde agora nos encontramos — desde o dia 1.º de Abril de 1431. Mas duvido que em paz repousem, hoje por hoje, os ossos do herói. É que há duas dezenas de anos — contados quase dia por dia — que teve este mesmo templo a desdita de assistir de perto ao fim histórico de Portugal. Foi aqui defronte, à porta do Convento, que a nossa colectiva perdição se consumou. Também em Abril. Todos sabemos o dia. E o ano. E todos conhecemos, já agora, as circunstâncias cem-por-cento indecorosas em que se produziu a catástrofe.
Não estremeceram tanto estas pedras, nem os ossos que nos escutam estremeceram mais com o terramoto de 1755, do que com esse de 1974. Porque foi há vinte anos — e não há duzentos e tantos anos — que tudo, de facto, ruíu por terra, não ficando da grandiosa Catedral Lusíada pedra sobre pedra.
Apesar disso — e/ou até por isso mesmo... —, seja D. Nuno encarado, nesta hora, não bem (ou não tanto) como figura votiva, mas como figura activa (espiritualmente activa), cujo recorte importa convocar, solicitar e ter presente nos tempos que correm, se nos quisermos nós guiar, sem desvios nem extravios de maior, no caminho que conduz do malogro ao milagre.
Começa porque Nun`Álvares sempre foi e será sempre um agente de primeira na produção de futuro para o destino de Portugal; e depois, na mesma e também, porque o milagre, procedendo, decorrendo e/ou resultando da acção de guerreiros de porte providencial (e foi D. Nuno, por mais de uma vez, a ilustração viva do prodígio salvador, operado in extremis), o próprio milagre vem a ser, afinal, e assim com`assim, uma das grandes permanentes e constantes — e uma das componentes e ordenadas principais, mais reiteradas — de toda a nossa alta História.
Quanto ao exemplar espírito de missão com que, em vida, o grão Pereira se projectou e evoluíu numa das mais ínclitas côrtes da Terra, é de certeza absoluta o mesmo que, ainda agora, O move e anima na Côrte celeste. E daí, a fézada inabalável de que do Céu nos está Ele, a esta hora, contemplando e assistindo — e sobremodo, instigando a levar de vencido o atoleiro em que nos atascaram. O que faremos.
Rodrigo Emílio.
In Agora, n.º 7, Ano II, 1994, pág. 8.
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