Os primeiros diários
via Memória Virtual de Leonel Vicente em 29/04/09
"História da Imprensa Periódica Portuguesa", José Tengarrinha, 2º edição, 1989, pp. 57 e 59 e 145 e 215[…] Mas o acontecimento mais notável, que constitui um marco na história do nosso jornalismo, é o aparecimento dos primeiros quotidianos.O primeiro periódico português publicado diariamente foi o Diário Lisbonense, fundado por Estêvão Brocard, cujo primeiro número apareceu a uma segunda-feira, 1 de Maio de 1809 (o último número foi em 31 de Maio de 1813), impresso em Lisboa, na Impressão Régia, «com licença»; no final do primeiro número publicava o seguinte «Aviso»: «Continua a sair todos os dias uma folha igual, à excepção dos domingos e dias santos de guarda: vende-se na loja da Gazeta, e seu preço 20 réis.» Depois, a Gazeta de Lisboa, de trissemanal (saía às terças, sextas e sábados), passou a diária (a partir do dia 14 de Junho do mesmo ano de 1809). Poucos meses mais tarde, em Setembro, precisamente no dia 1, foram fundados nada menos que três jornais diários: O Mensageiro, Novo Diário de Lisboa e Journal de Lisboa (sic), todos saídos da Impressão Régia.Apesar de alguns destes jornais terem vida relativamente efémera (como excepção, além da Gazeta de Lisboa, apenas o Diário Lisbonense, que durou cerca de 4 anos), não deixa de parecer significativo o facto de, no curto espaço de 4 meses, se fundarem no reino 5 quotidianos.[…]Em 18 de Abril de 1835 foi fundado O Açoriano Oriental, que ainda hoje existe, sendo assim o mais antigo jornal português e também o segundo mais antigo da Europa, depois do Daily Mail.[…] Esta foi também a intenção de Eduardo Coelho ao fundar, em 1 de Janeiro de 1865, o Diário de Notícias, jornal popular, de preço (10 réis) e estilo ao alcance de todos, moldado no jornal de 5 cêntimos parisiense, essencialmente noticioso e sem filiação partidária.[…]Desta maneira, vemos desenvolver-se no nosso país, em 1865, a Imprensa preponderantemente noticiosa, que se opõe à Imprensa preponderantemente de opinião. Estava lançada a trave mestra do jornalismo contemporâneo: a informação, como sua principal preocupação e objectivo.
Com esta série de 5 textos, aqui se completa a evocação dos primórdios do jornalismo e dos jornais em Portugal, comemorando os 200 anos - que se completam amanhã - da publicação do primeiro jornal diário português, o "Diário Lisbonense".
Sem comentários:
Enviar um comentário