quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Robert Brasillach visto por António José de Brito

via nonas de nonas em 20/02/08
Do meu Amigo e Mestre, o Prof. António José de Brito recebi este texto sobre Robert Brasillach. Embora o 6 de Fevereiro já tenha passado o exemplo de Brasillach é imortal e intemporal.
É com honra que torno público este seu último texto.
ROBERT BRASILLACH

6 de Fevereiro de 1945.
Há sessenta e três anos tombava perante o pelotão de execução Robert Brasillach. Podemos dizer que foi assassinado, num assassinato de tipo estritamente democrático, isto é, procurando, hipocritamente, revestir um aspecto de normalidade judicial. Acusado de colaboração com o inimigo – que já o não era porque havia sido celebrado um armistício e o governo legal iniciara uma política de colaboração com o III Reich – submetido a um júri composto forçosamente de “resistentes”, Brasillach foi condenado apenas por pensar mal, não pensar pela cartilha dos vencedores. O corpo de delito era constituído, exclusivamente, pelos seus artigos, de 1941 a 1944, no Je suis partout e no Révolution Nationale.
Escrever o que pensava, eis o seu crime, precisamente para os que se esfalfavavam a gritar em favor da liberdade de expressão, da liberdade de opinião.
Simplesmente, em que consiste uma opinião? J. P. Sartre, com subtil inteligência, indicou que o anti-semitismo não representava uma opinião; subsequentemente ampliou-se o leque: também não é opinião ser fascista, ser anti-marxista, ser pela pena de morte, bradar “Gemeinnutz vor Eigennutz” e coisas semelhantes. Então o que constitui a liberdade de opinião? Ora essa, é muito simples. É ser da opinião dos senhores Sartre, Aron, Benda, Leo Strauss, Maritain, etc. A liberdade de opinião é concordar… com as opiniões deles. Não há que saber!
Brasillach, numa altura em que muitos se renegavam ou fugiam às responsabilidades, defende-se no seu pseudo julgamento com coragem e dignidade.
Coragem e dignidade que Simone de Beauvoir – escritora literária e filosoficamente, merecedora, sem injustiça da classificação de hemorróida de Sartre – tentou desvalorizar asseverando que os fascistas preocupam-se com morrer bem, quando o que importa é viver fazendo o bem. Pelos vistos Petrarca que escreveu “um bel morire tutta una vita onora” era fascista. E enfrentar bravamente a morte não é ainda um momento da vida e porventura dos mais difíceis?
A existência de Brasillach – tão poética e nostalgicamente evocada em Nôtre Avant-Guerre – foi assim culminada com uma página de grandiosa serenidade.
Durante anos dediquei sempre umas linhas à memória do autor de Les Sept Couleurs, a seis de Fevereiro. Quando veio a grande ignomínia abrilina que destruiu Portugal, deixei de ter a possibilidade de evocar a 6 de Fevereiro o vulto, para mim, sagrado, que traçou, na prisão, a Lettre a un soldat de la classe 60 (mesmo na “Rua” do saudoso Manuel Maria Múrias).
Mas agora, no final de uma carreira sem relevo, embora dominada por uma norma que poucos, neste ex-país, compreendem e seguem – a Fidelidade – surgiu o ensejo (graças à gentileza do Nonas) de retomar a minha singela homenagem anual.
Com toda a probabilidade não serão as balas que me trarão o fim, antes a velhice e a doença. Nisto, como em tudo o mais, não tenho comparação com Robert Brasillach.
Pouco importa. Nem por isso a minha devoção é menos sincera e profunda. Enquanto empunhar, embora tremulamente, a pena, não o esquecerei.
6 de Fevereiro de 1945. Presente em mim até ao último instante.


António José de Brito

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