MOITA FLORES DIZ: [Razões do regicídio e o momento actual]
via Estado Sentido de Nuno Castelo-Branco em 17/02/08
A República comemorou da melhor forma o regicídio de D. Carlos. Resolveu mostrar, numa vaga analogia, muitas razões que levaram Buíça e Costa a precipitar o fim da monarquia. É certo que Sócrates não se compara a João Franco e os partidos do actual regime são bem diferentes daqueles que escoicearam o regime monárquico até o deixarem exaurido. Na altura morreu o rei. Possivelmente a mais injusta de todas as mortes no que diz respeito à degradação da vida pública. Mas não são muito diferentes os sinais de degradação que hoje arrasam a política portuguesa.
A vida pública, que a mediatização hoje multiplica com ecos de maior ressonância, está convertida num ruído, num arroto, num vómito. Diz-se que ou fulano disse. Eis a fórmula mágica, vazia, esvaída de sentido que gravita em torno do efémero e despreza, ignora, desconhece a substância das coisas. Octávio Ribeiro, certeiramente, chamava-lhe ontem, um problema de doença de Parkinson na língua pública e política. O PGR disse mas não era bem aquilo que queria dizer. O bastonário dos Advogados disse mas não era bem assim. Manuel Alegre disse que não reconhece o seu PS e está ameaçado pelo que disse. O ministro disse ‘jamais’ mas não era no sentido que lhe deram. O director da PJ disse e rematou contra a baliza da sua própria equipa. O ministro tal não disse, o dirigente político tal disse e aqui ficámos, dias a fio, presos na espuma, envoltos na bruma das dúvidas, angustiados com a falta de crença no futuro.
Uma elite de parasitas das palavras está a destruir paulatinamente o regime. O Governo diz, contradiz, afirma, nega, descontrola-se e o primeiro-ministro grita. Grita sempre os mesmos chavões. Sem energia, sem talento, sem fôlego, sem estratégia que vá além da voracidade economicista. Nos últimos dois debates parlamentares, Santana Lopes, queiram ou não queiram, o melhor tribuno da Assembleia, encostou-o às baias desnudando a fragilidade de uma acção governativa feita de disses e de gritos.
Diz-se tudo sobre o espalhanço de dizeres do director da PJ. Um folclore de delírios. Nem uma palavra sobre o que é substantivo na PJ e na investigação criminal. A lei orgânica da PJ espera decisões estratégicas e não se decide. A Lei Orgânica da Investigação Criminal está a banhos, a Lei de Segurança Interna fechadinha num gabinete, a descansar. O coração, a alma que pode abrir caminhos para que se diga menos e se faça mais, aferrolhada na preguiça incompetente dos gabinetes e diz-se. Diz--se. O QREN está de pantanas. Os tais milhões de euros que entram, estão guardados para distribuir por amigos e compadres lá para perto das eleições, quando se diz ainda mais. Neste triste espectáculo, são cada vez menos os actores e cada vez maior a assistência impávida, de braços cruzados, roída de rancores, vingativa, traiçoeira que assobia e pateia. E o País amargurado, já sentido revolucionário mas vivendo de revolta, pára, espantado, ouvindo o que se diz. Discutindo o que se diz. E sofrendo pelo que não se faz. Paz eterna para a alma de D. Carlos.
A vida pública, que a mediatização hoje multiplica com ecos de maior ressonância, está convertida num ruído, num arroto, num vómito. Diz-se que ou fulano disse. Eis a fórmula mágica, vazia, esvaída de sentido que gravita em torno do efémero e despreza, ignora, desconhece a substância das coisas. Octávio Ribeiro, certeiramente, chamava-lhe ontem, um problema de doença de Parkinson na língua pública e política. O PGR disse mas não era bem aquilo que queria dizer. O bastonário dos Advogados disse mas não era bem assim. Manuel Alegre disse que não reconhece o seu PS e está ameaçado pelo que disse. O ministro disse ‘jamais’ mas não era no sentido que lhe deram. O director da PJ disse e rematou contra a baliza da sua própria equipa. O ministro tal não disse, o dirigente político tal disse e aqui ficámos, dias a fio, presos na espuma, envoltos na bruma das dúvidas, angustiados com a falta de crença no futuro.
Uma elite de parasitas das palavras está a destruir paulatinamente o regime. O Governo diz, contradiz, afirma, nega, descontrola-se e o primeiro-ministro grita. Grita sempre os mesmos chavões. Sem energia, sem talento, sem fôlego, sem estratégia que vá além da voracidade economicista. Nos últimos dois debates parlamentares, Santana Lopes, queiram ou não queiram, o melhor tribuno da Assembleia, encostou-o às baias desnudando a fragilidade de uma acção governativa feita de disses e de gritos.
Diz-se tudo sobre o espalhanço de dizeres do director da PJ. Um folclore de delírios. Nem uma palavra sobre o que é substantivo na PJ e na investigação criminal. A lei orgânica da PJ espera decisões estratégicas e não se decide. A Lei Orgânica da Investigação Criminal está a banhos, a Lei de Segurança Interna fechadinha num gabinete, a descansar. O coração, a alma que pode abrir caminhos para que se diga menos e se faça mais, aferrolhada na preguiça incompetente dos gabinetes e diz-se. Diz--se. O QREN está de pantanas. Os tais milhões de euros que entram, estão guardados para distribuir por amigos e compadres lá para perto das eleições, quando se diz ainda mais. Neste triste espectáculo, são cada vez menos os actores e cada vez maior a assistência impávida, de braços cruzados, roída de rancores, vingativa, traiçoeira que assobia e pateia. E o País amargurado, já sentido revolucionário mas vivendo de revolta, pára, espantado, ouvindo o que se diz. Discutindo o que se diz. E sofrendo pelo que não se faz. Paz eterna para a alma de D. Carlos.
Francisco Moita Flores, Docente Universitário
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