terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Destaque de "O Diabo" à Petição MIL "Por uma Força Lusófona de Manutenção de...

via NOVA ÁGUIA de Direcção: Paulo Borges, Celeste Natário e Renato Epifânio em 26/02/08

Destaque de primeira página.
Desenvolvimento do tema nas páginas 6 e 7.
Inclui depoimentos do escritor Fernando Dacosta e do general Tomé Pinto, a favor desta petição em particular e do reforço dos laços lusófonos em geral.

Publica-se ainda uma entrevista a Paulo Borges, Presidente da Comissão Coordenadora do MIL (Movimento Internacional Lusófono):

1 — Porquê surgiu esta ideia de lançar uma petição na Internet sobre a necessidade de criação desta força policial e militar de manutenção da paz no quadro da CPLP?
A ideia da petição resultou da situação grave vivida no território timorense e da nossa convicção de que uma força de paz lusófona, a avaliar pelo desempenho dos militares da GNR aí destacados, poderia agir com uma eficácia, sensibilidade e conhecimento da realidade local que as outras forças, não lusófonas, não parecem ter. A criação desta força é também fundamental para a segurança e a paz em todo o espaço lusófono, sem deixar isso na dependência de forças alheias à identidade histórico-cultural dos seus povos. Note-se que esta petição não visa mais do que pôr em prática o consagrado nos Estatutos da CPLP, onde, no artigo 3º, se diz claramente que um dos seus objectivos é "a cooperação em todos os domínios ", entre os quais a "defesa e segurança pública". Nesse sentido, foi acordada desde há cerca de dez anos a realização de exercícios militares (Felino) conjuntos pelas Forças Armadas dos estados-membros da CPLP, para treinar unidades para operações humanitárias e de paz. Se no plano teórico isso está consagrado, porque nunca se põe em prática ? O problema é a falta de vontade e coragem política, por sua vez enraizada na falta de uma visão da comunidade lusófona como um projecto vantajoso para todos os estados-membros, que se deve promover, proteger e afirmar no plano mundial.
2 — Na petição é referido que para além da criação desta força policial e militarizada de manutenção de paz, tal deveria ser conjugado igualmente numa ampla acção no plano cívico e cultural. Em que medida, concretamente, isso deve ser feito?
Para nós, Movimento Internacional Lusófono (MIL), há que promover, acima de tudo, a consciência de um destino comum dos povos e das culturas lusófonas, irmanados pela língua e pela história, livre de traumas pós-colonialistas e de tentações neo-imperialistas. Isso deve ser feito através do reforço do ensino do português onde ele ainda é limitado e pelo ensino da história e da cultura de cada nação lusófona em todas as demais nações da CPLP. Além disso, a ideia da própria comunidade lusófona deve tornar-se tema de discussão pública em todo o espaço lusófono, avaliando-se as vantagens, a nível cultural, político, militar, social e económico de uma aproximação crescente das nações lusófonas e da sua afirmação conjunta no plano internacional.
3 — Sendo que todos nós conhecemos as fragilidades da CPLP e, tendo em conta, que na petição é referido que a força policial a criar «poderia incluir, tanto quanto possível, unidades policiais oriundas de todos os países lusófonos, de Timor a Cabo Verde e forças navais brasileiras e portuguesas, para além de forças especiais angolanas, brasileiras e portuguesas», a pergunta é esta: considera que este consenso seria possível (já que as várias forças policiais em causa têm também elas naturezas diferentes)?
Creio que, havendo discernimento, vontade e as pessoas certas nos lugares certos, todas as fragilidades são superáveis e todos os consensos são possíveis. Por outro lado, por mais que as forças em causa sejam diferentes, nunca são tão diferentes ao ponto de não falarem a mesma língua e de não partilharem de um mesmo sentimento de fraterna pertença a uma mesma comunidade. Se isso se manifesta no futebol, porque não se manifestará noutras dimensões da vida ?
4 — Na sua opinião o que tem faltado à CPLP para se impor no tabuleiro diplomático que ela representa, tendo em conta que ela é muitas vezes acusada de «falta de visibilidade», «inacção» e de «apatia»?
É um facto que isso existe. A CPLP é uma excelente ideia que ainda não foi verdadeiramente posta em prática, existindo até agora a um nível muito formal. Mas isso não faz dela uma má ideia. Creio que padece de falta de liderança, que idealmente deveria ser comum a todos os estados-membros. Todavia, enquanto isso não acontecer, creio que é a altura de Portugal e do Brasil assumirem, sem complexos, a sua maior capacidade de dinamizarem tudo o que está previsto nos estatutos da CPLP. Isso depende de profundas mudanças a nível das mentalidades e de se colocarem nos lugares de decisão político-cultural pessoas que estejam verdadeiramente sintonizadas com a ideia de uma aproximação lusófona e da sua afirmação internacional.
5 — Por fim, até onde tencionam ir com esta petição? Quais os seus objectivos?
O MIL, recentemente criado, mas contando já com mais de quatrocentas adesões, de todos os países lusófonos, é um movimento cívico e cultural, associado à Revista NOVA ÁGUIA (http://www.novaaguia.blogspot.com/), que visa, com esta petição e outras formas de intervenção, defender uma aproximação crescente da vida cultural, política e económica das nações lusófonas, até uma futura União Lusófona. Estamos convictos de que os 240 milhões de falantes da Língua Portuguesa constituem uma comunidade com a vocação de estabelecer pontes entre os diferentes povos e culturas, promovendo uma cultura da paz e da fraternidade à escala planetária. Para isso são necessárias profundas mudanças mentais e políticas. No nosso caso, Portugal precisa de uma nova geração de líderes, cultos e formados dentro dos valores da cultura portuguesa e lusófona, com uma visão ampla e desinibida sobre as potencialidades culturais, políticas e económicas da comunidade lusófona. O nosso problema são as oligarquias de administradores, tecno-burocratas e políticos carreiristas e ignorantes, instalados nos partidos, nos grupos económicos e no estado, que desprezam a cultura e o bem comum e não têm a mínima ideia de um objectivo e uma estratégia para Portugal. O MIL assume-se como alternativa a isso e admite o combate político nesse sentido, quando for o momento oportuno.

P.S.: Se quiser assinar a petição e/ ou aderir ao nosso Movimento, consulte, por favor, o nosso blogue: http://www.novaaguia.blogspot.com/

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