terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Espada de Átila

Nesta obra fala-se do grande general Aécio, um romanizado que defendeu o império naqueles anos conturbados e que foi tão maltratado pelos romanos... Naqueles anos do fim do império houve tantos exemplos como este - o de cidadãos das províncias que tão denodadamente defenderam a Pátria romana em oposição a atitudes cobardes de muitos dos romanos de Roma.

Quão semelhante foi a vida e o destino destes homens valorosos com a dos nossos heróis ultramarinos, dos cidadãos de todas as cores das províncias ultramarinas, dos soldados do glorioso exército africano de Portugal!... Há dois mil anos em Roma e há quatro décadas em Portugal houve gente que tão heroicamente defendeu a Pátria da ganância externa e das vontades torpes dos traidores, de gente estrangeirada que na Metrópole traia a Nação Portuguesa e a Pátria.
Rui Moio


A Espada de Átila
via Os Livros de O Crítico em 20/12/08
Sempre fui fascinado por História. O estudo de sociedades, mentalidades e modos de vida diferentes dos actuais são como partes de mundos novos que se apresentavam, fantásticos e ilimitados. Deuses, reis, impérios e culturas inéditas, um sem fim de novidades admiráveis. E o mais incrível, o que mais me faz adorar História, é, simplesmente, saber que todas aquelas histórias ocorreram mesmo, precisamente no planeta em que vivo… assombroso.
A antiguidade greco-latina concentra tudo o que mais admiro. No entanto, existe uma época sobre a qual reconheço saber muito pouco: a queda do Império Romano Ocidental. Havia um sistema político corrupto e medíocre, um poder militar decadente e inimigos selváticos, os bárbaros. Mas, afinal, qual a verdadeira realidade em ambas as partes do conflito? A Espada de Átila, de Michael Curtis Ford, ajuda a responder a esta pergunta, pois descreve a mentalidade romana, o modo de vida dos Hunos e a maior batalha da história – a Batalha dos Campos Cataláunicos.
No primeiro capítulo da obra encontramo-nos no ano 451 da nossa Era. Os feridos estão a ser recolhidos dos Campos Cataláunicos, a planície, na Gália, onde se deu a maior batalha da História, entre romanos e hunos. Mais de um milhão de homens guerrearam-se; as perdas foram demasiadas; mas o general Aécio concentra-se apenas num velho soldado inimigo, recolhido entre os feridos. Esse homem é o único que pode salvar Aécio e toda a civilização romana.
Para percebermos as causas e as circunstâncias de tal batalha, o autor faz-nos recuar vários anos, até ao momento em que o jovem Átila, segundo na pretensão ao trono huno, chega a Ravena, capital do Império Romano Ocidental, e é entregue aos cuidados da corte romana, onde servirá de garantia à submissão huna. Para garantir o bom comportamento do império, os hunos reclamam um jovem, Flávio Aécio, em troca. Cada um dos jovens terá de apreender a viver numa sociedade bastante diferente da sua. Primeiro em Ravena e depois na itinerante capital huna, os jovens tornam-se amigos, como irmãos, mas cada um mantém-se fiel ao seu povo, à sua pátria e aos seus ideais.
Embora o autor narre vários episódios entre os romanos, todos eles interessantes e bastante ricos em pormenores, é na Hunia, a capital do povo huno, um dos apelidados de bárbaros e que, anos depois da batalha descrita neste livro, viria a derrotar definitivamente o Império, conquistando Roma, que se passa muita da acção da obra. É lá que acompanhamos o crescimento de Aécio e onde ficamos a conhecer a lenda segundo a qual, no futuro, a Espada da Dinastia iria parar às mãos do rei dos hunos, concedendo-lhe o poder tão desejado.
Ficção à parte, gostei bastante da descrição deste povo insólito, sem escrita ou cidades permanentes, que passa grande parte do seu tempo montado a cavalo. O autor teve a preocupação de desmitificar algumas das ideias que normalmente se tem em relação a este povo não civilizado.
O livro é um romance histórico militar, já que, a partir de certa altura, toda a narrativa gira em torno da luta entre os dois povos, em torno desta batalha. Contudo, em momento algum me senti incomodado com isso. A história foi muito bem narrada, não havendo descuido nem nas tácticas de guerra nem nas armas utilizadas. Há uma grande dinâmica, e momentos de cortar a respiração.
Gostei particularmente do modo descritivo do autor. Ele sabe seleccionar os pormenores, sabe contar aquilo que vale a pena contar, e sabe combinar os dados históricos, com o lendário e a imaginação. O resultado é um livro admirável, de História e como a História. A vontade é ler mais ficção histórica, nomeadamente aquela escrita por Michael Curtis Ford.
Desculpem o tamanho do texto. História e Literatura combinadas dão nisto.
A Espada de Átila de Michael Curtis Ford
Históricas Leituras!

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