segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

António Quadros – Breve sinopse bio-bibliográfica

via António Quadros de antonioferro2@hotmail.com (antónio quadros ferro) em 18/01/09
por António Quadros Ferro, terça-feira, 14 de Outubro de 2008

"António Gabriel Quadros Ferro, nasceu em Lisboa, em casa dos seus avós paternos na Rua dos Anjos, a 14 de Julho de 1923. Frequentou o Liceu Pedro Nunes e esteve, por influência do seu pai, matriculado na Faculdade de Direito de Lisboa. Viria no entanto a desistir do curso, para o qual dizia não estar vocacionado, para ser aluno na Faculdade de Letras no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, curso que viria a concluir em 1948 com uma dissertação sobre arquitectura portuguesa. Em 1947 já havia publicado «Modernos de Ontem e de Hoje», o seu primeiro livro. A sua obra poética chegaria nos dois anos seguintes com a publicação de duas colectâneas de versos, «Além da Noite», (1949), e «Viagem Desconhecida», (1950). Em 1946, começa, nos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Lisboa a sua actividade profissional. No ano seguinte casa com Paulina Roquette, e em 1952, nasce António, o primeiro dos seus três filhos. Mafalda nasceria em 1953 e Rita em 1955. Em 1953, junta-se à tertúlia que dois filósofos portuenses, discípulos de Leonardo Coimbra, Álvaro Ribeiro e José Marinho, organizam na Brasileira do Rossio. Ali encontrou o que dizia não ter descoberto na faculdade: a filosofia viva e criadora, em verdadeira e visionária ebulição. Nessa altura já mantinha com Orlando Vitorino a revista Acto, e escrevia intensamente na imprensa, com especial destaque para as colaborações na página cultural do Diário de Notícias, na altura orientada por Natércia Freire. Neste período, é marcante a reflexão de António Quadros, Afonso Botelho e Orlando Vitorino, sobre a Universidade, tema já herdado dos seus mestres Álvaro Ribeiro e Delfim Santos. Em 1956 António Quadros, agita a Faculdade de Letras com a publicação de «A Angústia do nosso Tempo e a Crise da Universidade», onde escreveria sobre os métodos e a orientação pedagógica e cultural da Universidade.

Em 1958 ingressa no recém-criado Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, sucedendo a Branquinho da Fonseca, e onde viria a exercer funções por mais de 20 anos. Por iniciativa de António Quadros nasce o 'movimento de cultura portuguesa' e com ele o jornal 57, (1957-1962) do qual foi director. Com o denominado grupo da filosofia portuguesa promove os colóquios O que é o ideal português (1961) e Criação Artística (1962). As respectivas conferências, sobre O ideal português na filosofia e A criação poética, contam com a participação de outros artistas e intelectuais, como Domingos Monteiro, Cunha Leão, António Duarte, Bernardo Santareno e António de Macedo. Em 1959 publica mais duas obras ensaísticas, «A existência literária» e «Crítica e Verdade». No ano seguinte revela-se o António Quadros pessoano, com a publicação de «Fernando Pessoa a Obra e o Homem». Nesse mesmo ano escreve o seu primeiro livro de contos, «Anjo Branco, Anjo Negro» e em 1963 publica o seu primeiro grande livro de Filosofia da História, «O movimento do Homem». No ano seguinte funda e dirige a revista de filosofia e cultura Espiral, da qual sairão 13 números, publicados entre 1964 e 1966. Em 1965 inicia a sua ligação ao Brasil e à Universidade de Brasília, onde, a convite de Agostinho da Silva, participa em diversas conferências sobre a filosofia e cultura portuguesa. Nesse ano edita o volume de contos «Histórias do Tempo de Deus», premiado com o Prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa e o Prémio de Novelística da Casa da Imprensa. Em 1966 regressa à poesia com a publicação do volume de odes «Imitação do Homem» e um ano depois reúne ensaios literários e histórico-filosóficos no livro «O Espírito da Cultura Portuguesa». Funda em 1969 o IADE, passando a director-geral em 1971, cargo que manterá até ao agravamento da doença que o vitimou. Naquela escola, lecciona durante vários anos as disciplinas de História de Arte e Cultura Portuguesa e Deontologia da Comunicação, disciplina que também ensinaria na Universidade Católica Portuguesa. «Ficção e Espírito – Memórias Críticas», ("Um livro ensaístico, mas entrecortado de páginas memoralistas.") é publicado em 1971. Dois anos depois publica «Pedro e o Mágico», contos para crianças, galardoado com o Prémio Nacional de Literatura Infantil desse ano. Nos anos seguintes publica, «Portugal entre ontem e amanhã» (1976) «A Arte de Continuar Português» (1978) dois volumes de «Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista» (1982/1983) galardoados com o Prémio de Ensaio do Município de Lisboa, prémio que viria a receber novamente no ano seguinte com um novo estudo sobre Fernando Pessoa, «Fernando Pessoa Vida Personalidade e Génio». Em 1986 e 1987 publica os dois volumes de «Portugal Razão e Mistério», considerado por muitos uma das suas melhores obras, que faziam parte de uma trilogia que nunca chegaria a completar. Em 1990, publica «Uma Frescura de Asas», um romance inspirado no últimos dias da existência de Sampaio Bruno, e que eram já, também, o prenuncio dos últimos de António Quadros. Em 1991 publica «Memórias das Origens, Saudades do Futuro», e no ano seguinte, já gravemente doente, a obra «Estruturas Simbólicas do Imaginário na Literatura Portuguesa». António Quadros viria a morrer nesse mesmo ano, no dia 21 de Março de 1993, vítima de tumor cerebral.

Pensador, crítico, tradutor e professor, também poeta e ficcionista, António Quadros foi também fundador da extinta Sociedade Portuguesa de Escritores, membro da comunidade científica da Universidade Católica Portuguesa, do Centro de Estudos de Pensamento Luso-Brasileiro (CELBRA), Membro-correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Filosofia e co-fundador do Instituto Luso-Brasileiro de Filosofia, sediado em Lisboa. Traduziu Albert Camus, Jean Paul Sartre, entre outros. De referir ainda as inúmeras obras prefaciadas, organizadas e anotadas. Quadros foi praticante de vários géneros, do ensaio à poesia, da ficção à reportagem e crónica e recebeu diversos prémios pela sua actividade literária sendo condecorado com a Ordem Britânica da Rainha Vitória. Três dias depois do seu falecimento a Assembleia da República manifesta o seu pesar e nesse mesmo ano o Instituto de Filosofia Brasileira reúne um importante conjunto de estudos sobre a sua vida e obra com textos de Afonso Botelho, António Braz Teixeira, João Bigotte Chorão, Paulo Borges, Jorge Preto, Francisco Soares, entre outros.

Nos anos seguintes publicam-se diversos estudos sobre António Quadros: no dia 29 de Outubro de 1995 a Fundação Lusíada, organiza um colóquio sobre a vida e a obra do filósofo, com orações de Pinharanda Gomes, Orlando Vitorino, António Cândido Franco, Luís Furtado, Dalila Pereira da Costa, entre outros. Daqui resulta uma importante Sabatina de Estudos da obra de António Quadros e uma contribuição bibliográfica de enorme interesse. Já em 2007 o Centro de Filosofia da Universidade de Letras promove o projecto «A Questão de Deus» dividido em duas partes, "A Questão de Deus, História e Crítica" e a "Questão de Deus na História da Filosofia". Romana Valente pinho apresenta o trabalho: Deus na tradição do pensamento português contemporâneo: a contribuição de António Quadros. A mesma autora, no 1º nº da Revista Nova Águia, 1º semestre de 2008 publica o trabalho: António Quadros Pátria Real e Pátria imaginária.
Finalmente em Janeiro de 2009, por iniciativa de familiares, amigos, filósofos, escritores e artistas, nasce a Fundação António Quadros Cultura e Pensamento, que hoje reúne grande parte do espólio do escritor e procura também contribuir para o estudo da sua vida e da sua obra."

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