quarta-feira, 16 de abril de 2008

Centenário de António Lopes Ribeiro

via nonas de nonas em 15/04/08
Faria hoje cem anos de vida um Senhor da Cultura Portuguesa, de seu nome António Filipe Lopes Ribeiro.
Sobre a sua vida e obra é de consulta obrigatória o texto da autoria de João Marchante, na Alameda Digital: "Preparando um centenário" bem como este surpreendente texto publicado pelo Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões na Universidade de Hamburgo, na Alemanha.
Fez parte de uma lista de candidatos Independentes de Direita integrados na lista do PDC às eleições intercalares de 3 de Dezembro de 1979, onde concorreu como o n.º 3 da lista de Leiria.

Dessa célebre lista de Independentes de Direita constavam: Manuel Maria Múrias (1.º na lista de Lisboa), Gilberto Santos e Castro (1.º na lista de Leiria), Fernando Jasmins Pereira (2.º da lista de Leiria), António Manuel Couto Viana e Maria Valentina da Silveira Machado (1.º e 2.º da lista de Viana de Castelo), da qual obtiveram uma votação de 70 mil votos.
Foi também candidato por Lisboa da coligação PDC-MIRN-FN que concorrou às eleições legislativas de 5 de Outubro de 1980 e cujo resultado viria a significar o desmembramento de toda a Direita nacionalista graças à vitória da AD, já que a direita inteligente, abrangente, evoluída, a tal direita direitinha votou na coligação democrática convencida que ao dar a vitória à AD acabaria com o PS em Portugal. Trágicas ingenuidades...


Pela minha parte, deixo aqui este seu poema sobre a "descolonização exemplar".

REQUIEM NOS CAIS DE LISBOA

Desde Belém ao Beato,
Descarregados de botes,
Empilham-se ao desbarato
Muitos milhares de caixotes.

Numa larga, extensa linha,
Ocupam lados e centro
Do cais; mas não se adivinha
O que contêm lá dentro.

— O que será? — perguntei
A dois ou três empregados.
Respondeu um: — P`lo que sei,
É tudo dos retornados.

Exclamei: - Senhor! Senhor!
(E comecei aos pinotes)
Tanta coisa de valor
Metida à força em caixotes!

Onde estão, que descaminho
Levaram (sabe-se lá!)
As estátuas de Mouzinho
E de Correia de Sá?

Quantas camas, quanto berço
Transformado num caixão?
E não há quem reze o terço,
Quem murmure uma oração?...

Desceu a noite. No escuro,
Perguntei, sem ver mais nada:
— E qual será o futuro
Dessa gente atraiçoada?...

Sem consultar um oráculo,
Eu contemplei, indignado,
O pavoroso espectáculo
Dum império encaixotado.

António Lopes Ribeiro

In «Resistência», n.º 128, 15.06.1976, pág. 6.

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