domingo, 4 de maio de 2008

LER OS OUTROS

via Da Literatura de Eduardo Pitta em 04/05/08

Um livro cada domingo. José Fernandes Fafe (n. 1927), poeta da segunda geração neo-realista, embaixador de Portugal em Havana entre 1975-77, acaba de publicar Fidel. O título pode induzir em erro, uma vez que não se trata de uma biografia, mas antes de um conjunto de textos memorialísticos, a maioria sobre o período em que Fafe representou Portugal no país de Fidel, os restantes sobre anos mais recentes. Isento de canga retórica, a obra distancia-se quanto pode de inscrição ideológica vincada sem, contudo, denegar a matriz de esquerda. Citando em francês a princesa Maria Bolkonskaya de Guerra e Paz — «Tout comprendre, c'est tout pardonner» —, Fafe assume-se "social-democrata na pós-social-democracia". Parafraseando um livro seu de 1963, Poesia Amável, pode-se diser que este Fidel dá de Cuba uma perspectiva amável. É antigo o interesse do autor pela revolução cubana. Não esquecer que é de sua autoria, sob o pseudónimo de David Allport, a primeira biografia que se conhece do Che, publicada em 1968 na Mondadori: Che Guevara. Da Cuba al Terzo Mondo. Agora, Fidel permite acompanhar, numa escrita sempre fluente, as relações de contiguidade entre Cuba e Portugal, em especial durante o PREC, com relatos circunstanciados da visita de Otelo a Havana, a intervenção cubana em Angola — quem não sabe fica a conhecer as circunstâncias e os detalhes da Operação Carlota —, o 25 de Novembro, o atentado à bomba contra a embaixada de Cuba em Lisboa (a 22 de Abril de 1976), o papel de Gabriel García Márquez, etc. O volume, de capa dura, inclui cronologia e índice onomástico.


Ademar Santos: «Olho para esta fotografia, estampada na primeira página do Expresso, e interrogo-me: será uma esmola ou uma maldade editorial?...»

Bernardo: «Se ele se contenta com engates no Príncipe Real ou na net (tem certamente um profile no Gaydar onde escreveu qualquer coisa como "efeminados não obrigado"), porque é que os outros hão-de inventar marchas, de querer andar de mãos dadas na rua ou — cúmulo das paneleirices incompreendidas — casar

João Gonçalves: «Sucede que as pessoas, em geral, apreciam que lhes mintam. Na cama, no governo, no hospital, na escola, no emprego, na televisão, nos jornais, nos partidos. Praticamente toda a gente prefere ser enganada. Dói menos

Paulo Querido: «A moral, as boas práticas e o politicamente correcto não ganham eleições.»

Pedro Mexia: «Ah, então parece que a direita depende mais uma vez do empenhamento dos seus "barões" ou do seu abstruso absentismo.»

Pedro Vieira: «caros compatriotas, peço-vos que reconsiderem a intolerância. lembrem-se que destas relações nunca sairá um menezes ou um santana.»

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