Desemprego, por Pacheco Pereira
via Pedro Rolo Duarte de PRD em 05/05/08
Antes de haver Internet, e quando ainda não tinha a noção de que a vida era (infinitamente) finita, ocupava parte do meu tempo livre recortando artigos e reportagens de jornais e revistas, que depois catalogava e arquivava em pastas. "Para mais tarde, nunca se sabe".
Basicamente, guardava o que escrevia e publicava (o portfólio, afinal), matérias relacionadas com jornalismo (o meu interesse mais profundo), e aquilo que designava abreviadamente por GTE: "o que eu gostava de ter escrito" (os artigos que, de tão bons, mereciam estar nas prateleiras dos livros...).
Nas diversas mudanças que fui fazendo, libertei-me dessa carga de papel que se arrastava atrás de mim desde os 12 anos - e hoje resta pouco desse potencial arquivo. Não me arrependo da decisão, apesar de um ou outro momento nostálgico (ou pior: uma ou outra necessidade de reler algo...). Com esse corte, deixei obviamente de perder tempo a recortar artigos de jornal – e hoje, bom, hoje eles andam aí no espaço virtual e tudo se encontra e reencontra com mais ou menos trabalho.
No fim-de-semana passado, no entanto, voltei ao passado. Sem querer. Ou sem sequer pensar no gesto automático que se apoderou súbita e literalmente de mim. Dei comigo a recortar e guardar uma página de jornal.
Estava fora de Lisboa. Agora, ao arrumar a mala de viagem, surpreendi-me a olhar para esta página de jornal recortada e pergunto-me: o que foi que me deu?
Resposta: deu-me um acesso de GTE. De algo que gostava de um dia ter escrito. De algo que merece estar onde estão as mais sábias palavras. Fui ao passado buscar esse impulso físico de cortar a página e a guardar na pasta das "eternidades".
Está aqui, felizmente ao alcance de todos, uma das melhores crónicas que li nos últimos (largos, bem largos) tempos. Guardem-na como eu a guardo. Mesmo que o recorte guardado na tal pasta GTE seja agora um link ...
Basicamente, guardava o que escrevia e publicava (o portfólio, afinal), matérias relacionadas com jornalismo (o meu interesse mais profundo), e aquilo que designava abreviadamente por GTE: "o que eu gostava de ter escrito" (os artigos que, de tão bons, mereciam estar nas prateleiras dos livros...).
Nas diversas mudanças que fui fazendo, libertei-me dessa carga de papel que se arrastava atrás de mim desde os 12 anos - e hoje resta pouco desse potencial arquivo. Não me arrependo da decisão, apesar de um ou outro momento nostálgico (ou pior: uma ou outra necessidade de reler algo...). Com esse corte, deixei obviamente de perder tempo a recortar artigos de jornal – e hoje, bom, hoje eles andam aí no espaço virtual e tudo se encontra e reencontra com mais ou menos trabalho.
No fim-de-semana passado, no entanto, voltei ao passado. Sem querer. Ou sem sequer pensar no gesto automático que se apoderou súbita e literalmente de mim. Dei comigo a recortar e guardar uma página de jornal.
Estava fora de Lisboa. Agora, ao arrumar a mala de viagem, surpreendi-me a olhar para esta página de jornal recortada e pergunto-me: o que foi que me deu?
Resposta: deu-me um acesso de GTE. De algo que gostava de um dia ter escrito. De algo que merece estar onde estão as mais sábias palavras. Fui ao passado buscar esse impulso físico de cortar a página e a guardar na pasta das "eternidades".
Está aqui, felizmente ao alcance de todos, uma das melhores crónicas que li nos últimos (largos, bem largos) tempos. Guardem-na como eu a guardo. Mesmo que o recorte guardado na tal pasta GTE seja agora um link ...
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