quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Uma homenagem aos mega-radialistas José Ramos e António Sérgio prematuramente falecidos

Chegou a tua hora, Lobo (António Sérgio 1950-2009)



«Assim, de repente, há cerca de uma hora atrás. Faleceu repentinamente, vitima de crise cardiaca, o António Sérgio, 59 anos, singular homem da Rádio, voz-off da SIC (estranhamente assumiu esta função em substituição de outro mega-lucutor, o José Ramos, que tambem prematura e inesperadamente nos deixou),»

Caiu-me em cima como uma bomba. Assim, de repente, há cerca de uma hora atrás. Faleceu repentinamente, vitima de crise cardiaca, o António Sérgio, 59 anos, singular homem da Rádio, voz-off da SIC (estranhamente assumiu esta função em substituição de outro mega-lucutor, o José Ramos, que tambem prematura e inesperadamente nos deixou), e mentor musical de uma fatia substancial de um par de gerações, responsável por programas miticos e indeléveis como ‘O Som da frente”, o “Lança-chamas” ou “A hora do lobo”.

O A.Sérgio era o ultimo dos grandes radialistas, daqueles que têm uma ‘marca registada’ associada ao seu nome. Mesmo quando os tempos mudaram e o empurraram para as madrugadas na Rádio Comercial, ele manteve sempre a sua independencia. Era uma espécie de região autónoma musical. Havia a musica dos outros e a musica do Sérgio. É certo que eu não fui seu ouvinte, nos ultimos 10 anos. E mesmo no tempo do ‘Som da frente’, os meus gostos musicais raramente casavam com os dele. Mas sei, e sinto, e sente-se nos comentários que já hoje fui lendo, o peso quase reverencial da sua influência num vasto conjunto de gente do meio musical, assim como do cidadão anónimo.

Em finais de 2007, ele foi ‘dispensado’ da Rádio Comercial. Efeitos da globalização...
Os espanhois tomaram conta daquilo e estiveram-se positivamente borrifando, por mero desconhecimento e ignorância, para o que ele representava enquanto divulgador de outros sons e outras musicas que nunca, por outra via, teriam tempo de antena. Mas, como disse o Miguel Esteves Cardoso por essa altura, o A.Sérgio é uma rádio ambulante, e assim, pouco depois, foi convidado pela Radar FM para um novo programa, que ele manteve até agora. Desta vez não foi despedido; despediu-se e foi enriquecer musicalmente ‘o outro lado’.

Com o silêncio do A.Sérgio termina um muito relevante capitulo da história da nossa Rádio.

Termino dizendo que tive o privilégio, durante um curto periodo da minha vida, há quase 20 anos (era eu um puto, portanto), de privar de perto com ele, numa época em que eu me armei em locutor de rádio, numa rádio local, e em que fui convidado pela sua esposa, minha ex-colega de trabalho, para colaborar sob a forma escrita numa aventura de curta duração chamada ‘Rock Power’, uma nova revista dedicada ao ‘Hard and Heavy’. Fruto desse trabalho, pude fazer algumas coisas que nunca me passariam pela cabeça, como conhecer uma Rádio a sério por dentro, ir assistir a concertos como ‘reporter’, ou entrevistar de viva voz os Extreme (ainda alguem se lembra deles). É um grato e marcante periodo que registei na minha vida, e onde pude constatar o bacano simples, acessivel, humilde, low-profile, mas inteligente e culto que ele era. E é especialmente por essas memórias que escrevo estas linhas, e que me dói ainda mais encarar esta fatalidade.

Depois...o tempo foi passando, a distancia instalou-se, e acabei por lhe perder o rasto, assim como á esposa. Fui com grande e grata supresa que o descobri, por mero acaso, a ser entrevistado na TV, muito recentemente, no programa do Fernando Alvim. Mal eu sabia que ...


Obrigado, Sérgio, pelos momentos e experiencias que me permitiste usufruir, pela tua boa onda, e por tantas musicas fora do ‘mainstream’ que só tu poderias dar a conhecer a este país.

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails