sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Mistério do sono dos golfinhos explicado por cientistas Português lembra que estudos datam dos anos 70

2007-01-04

As partes do cérebro dos golfinhos \"desligam-se \" alternadamente fazendo com que não precisem de dormir, um fenómeno único entre os mamíferos, conclui um estudo publicado numa altura em que se celebra o Ano Internacional do Golfinho. Segundo biólogos da Universidade de Carolina em San Diego, Estados Unidos, o \"mistério do sono\" à volta dos golfinhos, que há muito tempo intrigava especialistas, deve-se à capacidade que estes animais têm em desligar alternadamente uma parte do cérebro para descansar, enquanto a outra parte se mantém activa. Este fenómeno explica o facto de os golfinhos não dormirem semanas após o parto, estarem sempre em alerta e serem capazes de reagir imediatamente mesmo que se encontrem a descansar, de acordo com o estudo citado esta semana pela re vista alemã \"Die Welt\" e que data de Agosto de 2006. A descoberta foi feita através de uma experiência com um sinal acústico , ao qual o golfinho reagia, tendo os investigadores norte-americanos analisado durante cinco dias seguidos as correntes cerebrais do mamífero, comprovando assim as \"alterações das partes cerebrais\". Cinco dias sem descansar Após cinco dias de teste, nos quais o animal não descansou, os investigadores efectuaram análises ao sangue do golfinho, não tendo estas indicado qualquer indício de cansaço ou qualquer rasto de stress, como a adrenalina ou acréscimo de células brancas. Em declarações à agência Lusa, o presidente do \"Projecto Delfim\", Manuel Eduardo dos Santos disse que não conhece o estudo, mas que a \"questão da função assimétrica do cérebro dos golfinhos, que também é utilizada para manter a respiração de forma voluntária, já é conhecida desde os anos 70\". \"Não julgo que seja um trabalho totalmente inovador, embora os investigadores norte-americanos possam ter avançado num aspecto que, até agora tinha sido ignorado [que é a relação das funções cerebrais com o sono]\", acrescentou. Para o presidente da associação científica que reúne investigadores, estudantes universitários e simpatizantes dos mamíferos marinhos, \"os golfinhos têm vindo a sofrer uma série de agressões ao seu ambiente provocadas principalmente pelo homem e, consequentemente, há muitas espécies, como o goto do Golfo da Califórnia que se encontram em vias de extinção eminente e várias outras espécies fortemente ameaçadas\". Entre as várias ameaças à sobrevivência dos golfinhos, o presidente aponta sobretudo para a \"poluição química da água, a poluição sonora que perturba o seu sistema de orientação, as redes e aparelhos de pesca que são deixados no mar, assim como a pesca excessiva que acaba com os recursos alimentares dos golfinhos\". 2007: o ano do golfinho Para contribuir para a preservação dos golfinhos e alertar o mundo para as ameaças as quais este animais estão expostos, o \"Programa das Nações Unidas para o Ambiente e a Convenção sobre Espécies Migratórias\" e outros acordos especializados na conservação dos golfinhos, decidiram fazer de 2007 o Ano do Golfinho. Esta iniciativa, lançada a 17 de Setembro do ano passado na reserva natural de Larvotoo, no Mónaco, envolve governos, organizações não governamentais e várias entidades do sector privado. A campanha pretende aumentar a consciencialização das pessoas acerca das espécies de golfinhos existentes, educar e informar políticos e envolver as comunidades locais na sua defesa, segundo o Instituto Nacional da Conservação da Natureza (ICN). \"Se esta tomada de consciência estimular medidas extremas para proteger as espécies em perigo e encorajar a protecção de outras, esta campanha deve ser considerada de enorme importância\", disse à Lusa Manuel Eduardo do Santos sobre a iniciativa da ONU. Em Portugal, o principal esforço na defesa dos golfinhos concentra-se no Rio Sado, onde \"ainda existe uma das poucas populações de golfinhos concentradas e residentes na Europa\", tendo a protecção e conservação desta espécie \"uma grande importância ecológica e cultural para o país\". O Ano Internacional do Golfinho faz ainda parte da \"Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável\", contribuindo para que se alcancem os objectivos do \"Projecto Milénio\" das Nações Unidas, em termos de diminuição da perda de biodiversidade.

Link: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=17261&op=all

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