sábado, 27 de janeiro de 2007

As cinco razões que me levaram a Salamanca no verão de 1999

São cinco as razões que me levaram a visitar Salamanca no verão de 1999.

A primeira aconteceu, perante uma roda de amigos em Granada, quando eu manifestava a meu deslumbramento pela cidade, por ser pequena, estudantil e universitária e por ter a História que tem. Um dos membros do grupo convidou-me a visitar Salamanca pois, segundo ele, era também uma cidade pequena, acolhedora e com forte influência estudantil e universitária. Lá se encontrava a mais velha universidade de Espanha e situa-se perto da fronteira com Portugal... concluiu ele.
A segunda razão prende-se com o ter sido na Universidade de Salamanca que Cristóvão Colombro teve de apresentar perante uma assembleia de sábios a sua tese de que era possível ir à Índia, atravessando o Mar-Oceano.
A terceira razão prende-se com o facto de Miguel de Unamuno, este grande amigo espanhol de Portugal e dos portugueses, ter sido professor da vetusta Universidade de Salamanca.

A quarta razão foi a de conhecer ao vivo a enorme Plaza Maior da cidade, a maior senão a maior plaza maior de todas as cidades espanholas. Ao mesmo tempo gostaria de poder estar numa das muitas esplanadas que circundam o lugar para tentar sentir o que tão bem esprimiu um jornalista de O Correo Galego, quando num dia de 1997, sentado numa cadeira duma dessas esplanadas, assistia ao passar das estudantes com os seios a quererem saltar dos soutiens e com os umbigos trementes devido ao andar juvenil e gracioso. [1]

A quinta razão é de poder visitar o lugar onde viveu e morreu no princípio de 1999 o Gonzalo Torrente Ballester. Lembro-me bem desse dia. Recebi a notícia pela televisão, no Terreiro do Paço à hora do almoço. Natural do norte da Galiza, Ballester tornara-se também um salamantino. Foi a enterrar na Coruna. O cortejo partiu do um andar localizado na Gran Via, pertença da Ayuntamento, rumo à Coruna e o Miguel Biqueira amigo do escritor e a viver em Portugal fez questão de se encontrar em Salamanca nessa noite para acompanhar o féretro até à terra natal de ambos.

Rui Moio



[1] «as rapazas, ¡ ouh, as rapazas !, indo e vindo, desvestidas do inverno, tódolos seus corpos cheos de vida, rebentando os suéters escasos, os pantalóns axustados, os embigos turxentes, todo era unha eclosión de luz, un rebentar de vida, un estoupido de ledicia ...»
texto de Alfredo Conde Os outros días - Unha festa prós sentidos antes de regresar o inverno publicado em O Correo Galego de 17-06-97

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