sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Obama esteve aqui
"A febre em torno do novo presidente dos Estados Unidos da América está a transformar em destinos turísticos todos os lugares onde viveu ou tem raízes"
Fonte: Rotas & Destinos de Fevereiro de 2009
Publicado por Rui Moio a 2/27/2009 03:09:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
DA MESTIÇAGEM À CABOVERDIANIDADE
Registos de uma sociocultura
Nenhum dos grupos intervenientes na formação do povo caboverdiano, tanto o europeu como o africano, podia apresentar uma cultura enraizada no terreno. De igual modo, nenhum dos dois grupos, em razão das condições adversas sócio-económico-alimentares, podia sobreviver independentemente do outro. (…) Colocados frente a frente, olhando-se através das barreiras do racismo, os escravos ou antigos escravos e os senhores da escravatura tiveram que se entender, conforme puderam. Surgiria a mestiçagem, a «convivência», uma comunidade de tolerância (…). Dessa convivência nasceria um sentido de lealdade (…) Desse sentimento de lealdade, aliado a uma cultura partilhada na língua, na música, nos costumes, na expressão literária, eclodiria uma nova identidade – a caboverdianidade.
Autor: Luís Manuel de Sousa Peixeira
Editor: Edições Colibri - Colecção: Literatura Africana
Publicado por Rui Moio a 2/25/2009 03:01:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: CPLP, Livros a ler
Alfredo Pimenta
Inicialmente militante anarquista, passa para o republicanismo. Depois da instauração da República, adere ao Partido Republicano Evolucionista. Em 1915 surge como colaborador da revista Nação Portuguesa, orgão de filosofia política do Integralismo Lusitano e acaba por se tornar militante monárquico, tornando-se um destacado doutrinador. Esta passagem para o monarquismo deu-se logo após o golpe de 14 de Maio de 1915, que derrubou o governo de Pimenta de Castro, apoiado pelos evolucionistas. Converte-se depois ao catolicismo. Chega a propor uma conciliação entre as teses de Auguste Comte e o neotomismo. Funda a Acção Realista Portuguesa em 1923, rompendo ideologicamente com o Integralismo Lusitano, a que nunca chegara formalmente a pertencer. Virá a assumir-se como salazarista, e elogia o fascismo e o nazismo. Depois da Segunda Guerra Mundial, faz uma denúncia das perseguições ao nacional-socialismo, denunciando a existência de campos de concentração entre os Aliados. Foi colaborador do A Voz, onde defende a restauração da monarquia mas como uma espécie de coroamento do Estado Novo, contrastando com a época em que escreveu Mentira Monarchica, em 1906.
Publicado por Rui Moio a 2/25/2009 02:41:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Morreu o escultor Lagoa Henriques
Aos 85 anos
Publicado por Rui Moio a 2/24/2009 11:31:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Outros Voos
Publicado por Rui Moio a 2/23/2009 01:44:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Viagens
Arquivo Pessoa
Publicado por Rui Moio a 2/23/2009 01:42:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biografias, Literatura
Bispo Richard Williamson expulso da Argentina!
Tanta tolerância!
Tanta liberdade de pensamento!
Publicado por Rui Moio a 2/23/2009 01:36:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biografias, História, Política
Livro: Diálogos de Doutrina Anti-Democrática
Rui Moio
Livro: Diálogos de Doutrina Anti-Democrática
Publicado por Rui Moio a 2/23/2009 01:31:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
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domingo, 22 de fevereiro de 2009
Saiba orientar-se
Publicado por Rui Moio a 2/22/2009 04:15:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Astronomia
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Salvador Correia de Sá e Benevides
Publicado por Rui Moio a 2/20/2009 09:50:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biografias, História
Adolf Hitler had 'shocking' table manners - Adolfo Hitler não tinha maneiras à mesa
Os aliados implementaram em todas estas décadas após o desfecho da Guerra uma campanha de diabolização de Adolfo Hitler. "A História é escrita pelos vencedores" e foi o que aconteceu e está a acontecer. De quando em vez, surgem documentos que deitam por terra toda esta campanha de diabolização perpetrada pelos vencedores.
Rui Moio
Fonte: Time de 18Fev2009
Publicado por Rui Moio a 2/20/2009 09:24:00 da manhã 1 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biografias, História
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
You could download the image corresponding to each page of a book or you could automatize the process using a download manager. Another option is to use Google Book Downloader, a third-party Windows tool that downloads the pages from Google Book Search using several proxies and merges the images in a PDF file. Google Book Downloader will only retrieve the pages that are available online, so you won't be able to download entire books in most cases. The application requires .NET Framework 3.5 SP1 and it's not very clear if it breaks the terms of use for Google Book Search.
Publicado por Rui Moio a 2/19/2009 02:43:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Educação, Livros a ler
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
LEITURA RECOMENDADA
De destacar, a sua apreciação de Marcello Caetano, que considerava fadado para ser o Kerensky da situação, o que efectivamente veio a acontecer; a consideração de que a vitória das democracias na II Guerra Mundial iria ser um desastre para Portugal, entre muitas outras considerações que se revelam ao leitor através de 19 anos de correspondência.
Publicado por Rui Moio a 2/18/2009 03:20:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
1ª Conferência Pública do MIL: “O Futuro da Lusofonia”: Notas e Vídeo Completo
Embaixador Lauro Moreira
..Concertação diplomática
..Promoção da Língua Portuguesa
..Concertação de projetos de desenvolvimento e cooperação
..Novo Acordo Ortográfico ratificado em Portugal e no Brasil
..Repondo a união quebrada unilateralmente por Portugal em 1911
..Os jornais brasileiros já estão a adoptar a nova ortografia
..Aprofundar os laços da CPLP com entidades regionais, que os países da CPLP já integraram, como a União Europeia, o Mercosul, a ASEAN, etc
..Organizar secretariados para outras áreas, além da área da Defesa, que já funciona bastante bem. Por exemplo, nas Finanças, Comércio, Ciência e Tecnologia, etc.
..Devia haver em cada país membro da CPLP um núcleo de apoio, um interlocutor que trate exclusivamente dos temas da CPLP
..Mais países além do Brasil e de Portugal deviam estabelecer embaixada na CPLP
..A sede num antigo palácio lisboeta é insuficiente e haverá que buscar nova sede rapidamente. Talvez num dos edifícios da Expo, o que está neste momento em negociações. O Brasil já reservou 600 mil euros para esse fim.
..As pessoas não podem ficar sempre reclamando que esperam mais da CPLP, como se esta fosse a única responsável. Os cidadãos são os primeiros responsáveis pela mudança da CPLP.
..Não existe uma CPLP fora de nós, a CPLP somos nós.
..Devia haver uma muito maior liberdade de circulação de pessoas no seio da CPLP. O Brasil tem no domínio dos vistos uma política muito aberta, já Portugal está condicionado pelo Tratado de Shengen.
..A questão cultural é grave: Por exemplo, o festival de cinema Cineport foi organizado estritamente por fundações e associações portuguesas e brasileiras, sem apoio da CPLP
..O IILP tem que ser profissionalizado. A representante do Institudo, por exemplo, é uma pública opositora do Acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa de 1990, e isso deveria colidir com as funções do seu cargo. A direção do IILP devia ser escolhida por um concurso público internacional.
Parte 2 (Lauro Moreira)
Parte 3 (Lauro Moreira)
Parte 4 (Lauro Moreira)
Parte 5 (Miguel Real)
Parte 6 (Miguel Real)
Parte 7 (Miguel Real)
Parte 8 (Miguel Real)
Parte 9 (Debate)
Parte 10: (Debate)
Parte 11: (Debate)
Parte 12: (Debate)
Parte 13: (Debate)
Parte 14: (Debate)
Parte 15: (Debate)
Parte 16: (Debate)
Parte 17: (Debate e Encerramento)
As "MIL Conferências" são uma organização do MIL: Movimento Internacional Lusófono
Publicado por Rui Moio a 2/17/2009 03:12:00 da tarde 1 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: CPLP
Arrogantes, ignorantes,intolerantes...
Os argumentos e paralelos eram extraordinários:a escravatura ,o racismo,a luta histórica pelos direitos das pessoas, a Constituição Americana,tudo veio à baila para justificar uma pretensão de um grupo de pressão que está longe de representar o conjunto dos homossexuais, mas que sim -e aí concordamos com Miguel Vale de Almeida-quer remover um símbolo, que o casamento é um contrato ou instituição que, pelas suas características só fez sentido histórica e substancialmente,
como base da família tal como tem existido.
Publicado por Rui Moio a 2/17/2009 02:57:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Sexologia
Angola na Imprensa (1)
A diocese de Mbanza Congo mobilizou mais de 200 fiéis para a recepção, em Luanda, do Papa que a 20 de Março inicia uma visita de três dias a Angola, anunciou em o vigário-geral diocesano, Pe. Malaquias André.
O sacerdote explica que antes da chegada do Papa a Angola, os 200 cristãos do Zaire deverão deslocar-se à cidade do Uíje para testemunharem o acto de consagração do recém-nomeado bispo de Mbanza Congo, D. Vicente Carlos Kiasiko.
"Os cristãos da diocese de Mbanza Congo e todos os homens de boa fé estão agradecidos pelos grandes dons que Deus tem concedido à esta diocese e esperam acolher com alegria o Santo Padre e o novo bispo diocesano do Zaire", disse.
A Igreja Católica local criou uma comissão composta por sete elementos, liderados pelo administrador apostólico de Mbanza Congo, frei João Paulo Pegororo, que deverá preparar os delegados para a visita papal, a consagração e a tomada de posse do novo bispo de Mbanza Congo.
Redacção/Jornal de Angola
Internacional Agência Ecclesia 16/02/2009 10:53 984 Caracteres
49 Angola
Publicado por Rui Moio a 2/17/2009 02:25:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
domingo, 15 de fevereiro de 2009
O espólio dos tempos da colonização: o busto de Bernardino e outros...
Encontrei esta foto em Sanzalangola, e, desculpe-me a Fernanda, não resisti em colocá-la aqui. Trata-se do espólio daquilo que resta em bustos, fotografias, etc., dos tempos da colonização portuguesa que se encontra presentemente num Museu na cidade do Namibe.
Este espólio encontrava-se, em grande parte, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, no edifício da Câmara Municipal de Moçâmedes. Recordo ter visto aí expostas as fotos de alguns dos Presidentes da República Portuguesa que podemos ver aqui: General Egídio Craveiro Lopes, Marechal Carmona, Almirante Américo de Deus Thomás.
Ns salão dos Paços do Concelho, encontravam-se também, entre outras, as fotos de Salazar, o Presidente do Concelho, de Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro fundador da cidade de Moçâmedes, do General Norton de Matos que foi por duas vezes governador de Angola, a primeira entre 1912 e 1915 e a segunda entre 1921 e 1923, do General Sá-da-Bandeira, e de outras tantas figuras que se haviam distinguido em cargos de governação, tais como o 1º Governador de Moçâmedes (1848-1851), visconde de Sérgio de Sousa, Simão José da Luz Soriano, promotor da colonização, o Capitão Fernando da Costa Leal (1954-1859), 5º Governador de Moçâmedes, que delineou a primeira planta topográfica da povoação, ordenou a construção da Igreja Paroquial de Santo Adrião, fez erguer a Fortaleza no local do antigo forte, fez erguer o primitivo Hospital.
Para mais informações, consultar http://mocamedes-do-antigamente.blogspot.com
Publicado por Rui Moio a 2/15/2009 10:21:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
A perseguição
Fizeram-se os necessários reconhecimentos. O monte de cápsulas vazias por detrás da vedação do curro, denunciava a trincheira improvisada dos atacantes. Não havia vestígios de sangue. Um leve acidente de terreno formara uma protecção natural contra as balas da guarnição sitiada.
O Alferes retirou do bolso o mapa do terreno. Desdobrou-o, identificou na carta o ponto onde estávamos e procurou adivinhar o percurso da fuga. Cofiou o ralo bigode, coçou a cabeça por sob o quico, aconselhou-se com os dois agentes e conferenciou com os furriéis. Urgia dar início à perseguição, contudo, não seria aconselhável embrenharmo-nos naquela mata apenas confiados no mapa da região. Por ali apenas existiam carreiros que conduziam às zonas agrícolas disseminadas pelas redondezas. O mapa apenas indicava um ou outro e não era certo que ainda existissem. Mesmo que assim fosse, o mais provável era já não seguirem a direcção traçada no mapa. As chuvadas tropicais eram intensas e apagavam facilmente qualquer pequeno carreiro sobre a areia solta. Assim, a opção mais segura e obviamente mais sensata, era levar um guia. Alguém que conhecesse bem as matas e soubesse orientar-se por métodos diferentes daqueles que aprendêramos.
Metemo-nos a caminho atravessando a aldeia por entre as cubatas, em direcção ao trilho que se divisava à entrada da mata, no outro lado do pequeno descampado que separava a zona arborizada do perímetro do aldeamento.
Durante algum tempo seguimos o trilho arenoso que serpenteava por entre as árvores, óbvio caminho utilizado diariamente pela população nas suas deslocações para os seus afazeres diários. A princípio, em ritmo acelerado mas esmorecendo pouco a pouco, à medida que o cansaço baralhava os músculos e descoordenava a respiração, já de si dificultada pelo intenso calor.
A ideia era seguir as pistas deixadas pelos guerrilheiros. Contudo, não me pareceu que aqueles sinais fossem claros a esse ponto. O terreno era de areia solta, fofa, cansativa, cedendo facilmente sob os pés. A vegetação escassa e as árvores espaçadas. Não havia morros, pedras ou acidentes de terreno e até as plantas rasteiras eram tão resistentes que nem se ressentiam ao serem pisadas. Na verdade, a certa altura, cheguei a pensar que aquele carreiro não era mais do que o rasto deixado pelos que iam na frente, até que a linha que seguíamos desapareceu totalmente e com ela as pistas.
Dez minutos de descanso, apenas o suficiente para tomar fôlego, retomando-se a marcha, perseguindo uma direcção indefinida. Os cenários sucediam-se, iguais aos anteriores. As mesmas árvores, a mesma vegetação, as mesmas chanas, a mesma planura, o mesmo sol, as mesmas moscas, pequeninas como mosquitos, quais satélites à volta da nossa cabeça, atascando-se no copioso suor, entrando pelas narinas, sugadas pelo respirar ofegante, ou descendo até à garganta juntamente com o fino pó levantado pelo arrastar penoso dos pés sobre o terreno ressequido. Apenas as costas do guia pareciam constituir um ponto a alcançar, sempre a fugir à nossa frente, num ritmo imparável, impossível de secundar. Só o Alferes Fausto, qual locomotiva, como que rebocando os seus homens, parecia conseguir acompanhá-lo.
A ordem para parar caiu que nem uma bênção. As pernas trôpegas, inconscientes, com os músculos desobedecendo às ordens do cérebro, já mal podiam com o corpo. O saco com as rações de combate, não obstante já aliviado das latas do almoço, parecia ter aumentado de peso. O cinturão, carregado com o peso do cantil, cartucheiras e granadas, massacrava a anca, tornando-a dorida. Apenas a G3 parecia não pesar. Encostei-me a uma árvore e deixei-me escorregar deslizando as costas pela casca rugosa até o rabo encontrar o chão. Deixei-me ficar, procurando recobrar o fôlego enquanto maquinalmente levava ao cantil à boca, sorvendo um pouco da água que ainda restava.
Espojados por aqui e por ali, estendidos ou recostados nos troncos das árvores, aproveitando a escassa sombra das poucas copas mais densas, lutando contra o bando de insectos que não nos largavam, procurávamos recobrar o fôlego e retemperar forças.
Dei por mim a cogitar sobre as capacidades físicas daqueles homens para uma perseguição tão desigual. Brancos, europeus, a desafiarem a inclemência de um clima a que não estavam habituados, em locais inóspitos, desconhecidos, anormais, perseguindo um bando de gente que ali nasceu e nunca conheceu outros ambientes. Para eles, calor, areia, sol, chuva, noite ou dia, era tudo o que conheciam. E isso era visível na resistência e ágil desenvoltura do guia, deambulando de cá para lá, fresco, sem ponta de cansaço. Apenas o suor a escorrer-lhe da testa evidenciava o efeito do calor e do esforço, em nítido contraste com uma tropa esfrangalhada, morta de cansaço. Para mim isso era a prova de que o inimigo já estava longe, não tendo a tropa condições físicas para os perseguir. Se naquele momento nos caíssem em cima, riam-se primeiro e dizimavam-nos depois. Olhei à volta, desconfiado. Contudo, não divisei nada de suspeito por detrás dos escassos arbustos circundantes.
Entretanto, caíra a noite. O local não fora escolhido de propósito. Abancámos ali porque, com o cair da noite, não era mais possível avançar. Ordens sussurrantes definiram as escalas de sentinela, cada um se ajeitou o melhor que pôde e engoliu a ração feita jantar. A maioria adormeceu na posição em que estava. Estiquei-me no chão, cobri-me com o poncho. O calor apenas apertava de dia. Adormeci quase de imediato embalado por um coro de ruídos apenas audíveis no meio do silêncio da noite que pintara de escuro denso a mata até então luminosa.
Acordei. Não sei bem se por efeito de um qualquer barulho, ou se com a luz do sol que prometia outro dia infernal. O meu relógio ainda não marcava 5 horas da manhã. Por ali o sol nascia cedo, madrugando, com se tivesse pressa ou com muito que fazer. Uma lata de leite com chocolate acompanhado de duas ou três bolachas compuseram um pequeno-almoço que aliviou o peso do saco sobre os ombros. Apertei o cinturão e preparei-me para iniciar a marcha.
Entretanto, o guia descobrira, escondidas debaixo de uma folhagem rasteira, umas bagas amarelas, pequenas, pouco maiores que ervilhas, porém doces, saborosas. Mais além um arbusto, carregado de frutos avermelhados. Pareciam abrunhos, mas o arbusto não. Sabiam bem, embora ácidos, talvez em demasia, mas matavam a sede. Intrigou-me uma árvore enorme, semelhante a todas as outras. Esta, porém, exibia frutos reluzentes. Pareciam laranjas, quer na cor quer no tamanho. Porém, a casca, lisa, era rija, diria lenhosa. Partida, como se de um coco se tratasse, deixava ver, no seu interior, uma polpa castanha envolvendo sementes do tamanho de avelãs. Era extremamente doce e agradável ao paladar.
- Maboco! Explicou o guia partindo um com ajuda da catana.
Fiquei cliente, até porque permitiu desenjoar das rações enlatadas que transportava.
Seguíamos agora em direcção ao Rivungo, a corta mato, numa marcha cada vez mais sofrida, aniquilando as forças, diminuindo o ritmo e retardando a marcha. A cada nova pergunta, o guia respondia: - É já ali.
Procurávamos o ali, alongando o olhar por entre as árvores, na vã esperança de divisar ao longe a silhueta familiar do aquartelamento. Acelerava-se o passo, num esforço roubado às últimas reservas de energia. Mas o já ali, repetido pelo incansável guia, não aparecia.
Passava do meio-dia. O calor tórrido associava-se ao cansaço, vencendo a última resistência de uma tropa à beira do esgotamento e desidratação. Mais uma paragem, desta feita mais longa. Aproveitámos para comer. O Rivungo era já ali, mas havia que retemperar o corpo. Debalde, a paragem arrefeceu os músculos e alguns (eu incluído) não conseguiram arranjar forças para avançar.
Os mais resistentes (ou mais bem preparados) continuaram. Os outros ficaram ali, esticados sobre as ténues sombras de copas tímidas, aguardando que uma viatura nos viesse resgatar. Fiquei a ver o grupo desaparecer por entre a mata, rebocado pelo Alferes Fausto. A sua capacidade de resistência impressionava-me. Nunca o vi soçobrar perante aquele clima hostil.
O familiar ruído do motor do unimog, começou a ouvir-se ao longe. Levantámo-nos. A viatura avançava a corta-mato, contornando as árvores numa lenta gincana. O guia, braço esticado para a frente, sentado sobre a estrutura da carroçaria, pés sobre o assento ao lado do condutor, indicava o caminho. Não errara o local onde nos deixara. Ainda hoje continuo a não perceber como conseguiam orientar-se com tal precisão, num terreno sem pontos de referência.
A tarde ia a meio quando, já recuperados mas com os músculos todos doridos, chegámos ao Rivungo. Vesti uns calções, agarrei no sabonete e mergulhei no rio, uma, duas, três vezes, passando sabonete até sentir que toda a sujidade entranhada saíra.
Publicado por Rui Moio a 2/15/2009 10:19:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Cerca de seis mil neonazis manifestam-se em Dresden
Contra-manifestação de proporções idênticas saiu à rua
Publicado por Rui Moio a 2/15/2009 12:02:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: História, Política
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Os livros de Darwin
Publicado por Rui Moio a 2/13/2009 05:23:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biologia, Livros a ler, Zoologia
E nos céus brilharam os Strela
Publicado por Rui Moio a 2/13/2009 05:09:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
999 Ideias de Negócio
O @sergio partilhou no Twitter um link bastante interessante e de uma imaginação imensa por parte de 9 indivíduos que tiveram 111 ideias de negócio cada um, o que no total dá o impressionante numero de 999 ideias.
Se andas à procura de ideias para um negócio, não podes deixar de ler este artigo no SAMBA Blog.
A herança árabe também cabe na guitarra portuguesa
Publicado por Rui Moio a 2/13/2009 08:54:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: História
Biografía de Régis Debray
Publicado por Rui Moio a 2/13/2009 08:49:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biografias, História, Literatura
TENSÕES 80 ANOS APÓS TRATADOS DE LATRÃO
do Vaticano e as relações entre a Santa Sé e o poder político italiano. Hoje, a actualidade sugere a necessidade de novos acordos
Publicado por Rui Moio a 2/13/2009 08:44:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: História
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Sepulturas com cerca de 4300 anos - 30 múmias descobertas no Egipto
Publicado por Rui Moio a 2/10/2009 11:36:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Arqueologia
José Sócrates garante ser possível identificar os ricos
O secretário-geral do PS, José Sócrates, garantiu ontem à noite, em Viseu, ser possível identificar os ricos e reduzir-lhes as deduções para assim conseguir diminuir a carga fiscal da classe média portuguesa.
Publicado por Rui Moio a 2/10/2009 10:47:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Economia
Eluana, a mulher em coma há 17 anos, está morta
Óbito foi às 19h10, anunciou ministro
Publicado por Rui Moio a 2/10/2009 10:46:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Doença/Saúde, Religião
Manoel de Oliveira por Manoel de Oliveira
Publicado por Rui Moio a 2/10/2009 10:41:00 da manhã 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Biografias
domingo, 8 de fevereiro de 2009
MARROCOS
Reportagem da TV Brasil sobre o Marrocos.
Publicado por Rui Moio a 2/08/2009 03:39:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
Marcadores: Turismo
O FUSCA AZUL DO CORONEL MUAMMAR ABU MINYAR AL-QADHAFI
Pilotava o fusca azul da foto aí de cima pelas ruas de Trípoli antes do golpe de estado que o levou ao poder, em 1969.
Como sei que o fusca azul é dele?
Bom, quem me falou foi um funcionário do Corinthia, hotel com diária de 430 euros em que me hospedei em Trípoli.
O fusca agora mora no museu de Trípoli, na mesma sala em que está exposto o jipe aí abaixo, usado pelo coronel ao entrar nas ruas da capital para assumir o controle do país.
O museu inteiro só tem informações em árabe.
E o funcionário do hotel não consegue falar mais de meia dúzia de palavras em inglês.
O museu é interessante. Claro, seria mais se eu soubesse o que representa cada uma das peças em exibição.
Há estátuas romanas (ou seriam gregas???)...
Reprodução de uma típica residência líbia...
E fotos do coronel, como este painel aí embaixo, pendurado na principal parede da antiga cidade de Trípoli, onde funciona o museu.
Ele aparece num campo de flores.
Pergunto ao funcionário do hotel o que está escrito.
FUNCIONÁRIO DO HOTEL – Quer dizer que onde ele está, há prosperidade...
Nada mais foi perguntado, nada mais foi dito.
Pela localização estratégica, a Líbia quer se tornar um ponto de conexão de vôos entre Europa, Ásia, África e américas. Novos terminais estão em construção (obra tocada pela Odebrecht), mas o governo líbio já informou que toda a sinalização visual continuará em árabe. Não haverá uma só palavra em inglês (não, não há fotos do aeroporto. É proibido e dá uma cana brava).
A parte de Trípoli que conheci nas 48h em que lá estive é bem bonita.
Mas um brasileiro que conheci na viagem conseguiu caminhar por um bairro pobre ao lado do hotel. Disse que nunca viu tanta miséria.
A vista do meu quarto era esta aí abaixo, um complexo empresarial de quatro prédios em formato de garrafa de uísque de cabeça para baixo. Imagem meio surreal num país em que o consumo de bebida alcoólica é proibido. A imagem está embaçada porque o vidro estava sujo.
O que mais chama a atenção nas ruas de Trípoli é a onipresença do coronel.
Segundo ele, a África é essencialmente tribal, por isso os partidos são necessariamente tribalizados. Para o coronel, o modelo para o continente era o seu próprio país, a Líbia, onde não era permitida a existência de partidos de oposição.
Nas ruas de Trípoli, Qadhafi é o verdadeiro big brother. E me lembra o Cauby Peixoto.
O número 39 aparece em diversos outdoors. É o número de anos que o coronel está no poder.
E o coronel aparece em outras poses no estilo "I am watching you" por toda a cidade.
Vejam...
Saí de Joanesburgo num vôo das 16h30 rumo a Acra, em Gana.
Peguei o novo cartão de embarque e, a reboque do funcionário ganense, driblei mais uma vez a imigração, de forma que não há qualquer registro da minha passagem por Gana.
Antes de me deixar na sala do embarque para Trípoli, o funcionário ganense dá seu golpe fatal.
FUNCIONÁRIO GANENSE: A tip.
EU: Sorry!
FUNCIONÁRIO GANENSE: A tip!
EU: I am sorry! I am in transfer. I have no cash. Thank you.
E fujo dali o mais rápido possível.
O vôo para Trípoli foi tranqüilo. Cheguei no sábado por volta das 6h.
Sou um dos primeiros a descer do avião. Quando chegamos ao grande salão da imigração, os passageiros que saíram antes de mim se posicionam numa fila em frente a um aparelho de raios-x.
Pergunto a um deles se a imigração é ali.
Ele me aponta um dos guichês de imigração. Mostro meu passaporte brasileiro.
Nisso surge um senhor que não fala inglês nem português. Apenas árabe.
SENHOR: Brazil.
EU: Yes. I am from Brazil.
Funcionários da imigração líbia já estão com meu passaporte. Olham a tradução para o árabe, carimbam aqui, carimbam ali.
O senhor continua ali e acabo entendendo que ele presta algum serviço para a embaixada do Brasil. E, pelo que entendi, está ali para me ajudar.
Ele me mostra um crachá da embaixada do Brasil. Funcionário local. Mostra uma folha de papel com o nome de dois brasileiros.
Pergunto se eles também estão no vôo. Ele me dá a entender que não, que haviam chegado no dia anterior.
O fato é que o senhor me ajuda na imigração, com as bagagens e me leva para o hotel. No caminho, diz que trabalha há 35 anos para a embaixada brasileira. Mas não fala português nem inglês. Apenas árabe.
Chego ao hotel quase sete da manhã. Minha reserva, claro, não está feita. Mas há um quarto disponível, o de 430 euros a diária.
Tudo o que quero é dormir. Entro no quarto e consigo dormir umas duas horas.
Desco para o café da manhã. O restaurante está abarrotado de brasileiros. O avião da FAB que os trouxe do Brasil, mais conhecido como Sucatão, deu problema no aeroporto de São Paulo. Teve de voltar ao Rio para os pilotos pegarem outra aeronave. O vôo que deveria ter saído às 7h, só saiu às 12h. A chegada prevista para às 1h40 só aconteceu às 8h.
Fico pensando na gentileza da Embaixada do Brasil em Trípoli. Colocaram um funcionário para me receber no aeroporto, com a orientação de me ajudar no desembaraço na imigração e nas bagagens. E deixam um carro à minha disposição para me levar ao hotel.
Penso um pouco mais. Essa embaixada é muito competente. Como será que descobriram que eu estava chegando naquele vôo? Coisas do Itamaraty.
Quando estou terminando o café, encontro o Paulo Galerani, funcionário do escritório da Embrapa na África, baseado em Acra.
Conheci o Paulo em abril do ano passado, durante cobertura de uma reunião da ONU em Gana. O presidente Lula aproveitou o evento para inaugurar o escritório da Embrapa no país. Paulo me ajudou numa reportagem sobre a transferência de tecnologia agrícola brasileira para Gana.
Fomos a uma fazenda na fronteira de Gana com o Togo, onde um empresário ganense iniciava o cultivo de mandioca, da qual pretendia extrair bebida, medicamentos e cosméticos. Futuramente, vai fabricar etanol.
Na conversa, descubro que estávamos no mesmo vôo de Acra para Trípoli, mas não nos vimos em nenhum momento.
Nem no embarque nem no desembarque. Em vez de ir para o guichê da imigração, ele ficou na fila com os outros passageiros.
Pergunto como ele chegou ao hotel.
PAULO GALERANI: Peguei um táxi.
EU: Que pena. Se a gente tivesse se encontrado, você poderia ter vindo comigo. Não sei como a embaixada descobriu que eu vinha, mas colocou um funcionário e um carro para me trazer até aqui no hotel.
PAULO GALERANI: É mesmo? A embaixada do Brasil em Gana havia mandado uma nota verbal
EU: Hummm....
Publicado por Rui Moio a 2/08/2009 03:36:00 da tarde 0 comentários ((•)) Escucha este post
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