Memórias de um caçador em África -Victor Cabral
via GENTE DO MEU TEMPO. de mnjardim em 12/11/08
Os nossos clientes que chegavam dos Estados Unidos, ao começarem a sua viagem na America, tinham que sofrer uma boa dose de tempo dentro dos aviões. Primeiro do lugar donde vinham a Nova York, depois a Londres voando pela South Africa Airways, ou a Lisboa, para enlaçarem com qualquer vôo da TAP que fosse até Luanda. Chegar a Luanda e apanhar outro avião da DTA até Sá da Bandeira. Eram horas a fio para chegar até a essa cidade onde tínhamos a nossa base de operações.
O Grande Hotel da Huíla, era o melhor hotel da cidade e, onde os alojávamos geralmente durante um dia completo para fazê-los descansar e adaptar ao clima,
depois de tão longos voos para poder chegar até a nós. Ler mais
Tentávamos dar-lhes um tour pela cidade, que era uma cidade pequena, situada num planalto; Levá-los de compras, aos mercados indígenas, onde podiam adquirir madeira talhada, coisas de barro feitas pelos índígenas locais, e um sem número de artefactos.
Sempre levávamos os clientes ao Miradoiro, donde se podia ver a muitos kilometros de distância, e adivinhar o deserto do Namibe, numa diferença de altitude de 1.800 metros. Lá ao longe na parte desértica do Namibe, tínhamos uma acampamento, que era a Espinheira, (foto Havia um lugar em especial que se chamava a Tundavala, que era de uma beleza agreste impressionante.
Lá ao longe na parte desertica do Namibe, tínhamos uma acampamento, que era a Espinheira, (foto Espinheira), onde alguns dos nossos clientes iriam durante uma semana a caçar os animaípicos do deserto que eram os Grandes Kudos, os Orixes, havia uma quantidade enorme de Leopardos, as Cabras de Leque ou Springbucks, as Zebras de Montaña e tambem as famosas Impalas de Cara Preta; havia uns Elands de impresionante tamanho, na parte mais encostada à serra, mas o que verdadeiramente atraia os clientes, era o rei das caçadas do deserto, os Orixes, que durante os meses de seca, deambulavam nas margens do Rio Curoca que fazia fronteira com o Parque Nacional do Iona.
O primeiro acampamento que tivemos nesse lugar, era o acampamento da GRUTA. Era uma gruta formada por uns monolitos de impressionante tamanho dentro dos quais, com um pouco de habilidade se construiu uma sala de jantar, com um bar, um quarto e, depois fora, umas casitas para alojar os clientes com toda a comodidade.
Como lhes disse atrás não foi fácil, planear e executar todas estas operações, mas quando um tem 30 anos e vontade de fazer as coisas tudo era possível, e por cima nos saía tudo bem. Ah! os fantásticos 30 anos, cheios de força e de uma vitalidade tão impressionante, que nos críamos indestrutiveis, e pensávamos que não havia nada que não pudessemos fazer.
Para baixar do planalto da Huila, até à parte desértica , já pertencente ao Distrito de Moçãmedes (hoje Namibe) tínhamos que passar pela Serra da Leba, que até hoje é uma das estradas mais impressionantes que eu vi e digna de estar em qualquer compêndio de engenharia.
(...)
....«Podia estar aqui a contar mil diferentes "lances" de caça, pois de tantos clientes, porque nunca há um dia igual na vida dos safaris mostra-lhes animais abatidos, o que farei mais tarde, mas neste momento estou mais interessado em contar-lhes sobre a gente que nos rodeava nos safaris.Logo que nos começamos a instalar e a construir os acampamento, começaram a chegar até nós, uns homens pequenos e de cor canela, com os olhos rasgados como os asiáticos, que nâo eram mais que os CAMECHEQUERES, mais conhecidos no mundo africano pelos BUSHMEN do Kalahari. Estes eram os melhores conhecedores daquelas áreas. Eram capazes de encontrar uma pégada de leâo, e correr sobre ela uma manhã inteira até dar com o leão, seguindo-os nós com o jeep.
Quando os vi juntos, comecei a ver qual deles falava português e encontrei que o que parecia ser o chefe, o MUCUNGO, era pisteiro e ofereceu-se logo para trabalhar connosco. Também um primo dele, quis fazer parte do meu pessoal de caça. Imaginem-se com o FOMBE, com o MUCUNGO e com o seu primo, as caçadas estavam garantidas, pois nos primeiros dias que estávamos a construir o acampamento do Dirico, estes três, diziam que necessitavam carne para o pessoal do acampamento e levaram-me a matar um elefante do qual tinham visto uma pégada pero do rio, e não tardamos um quarto de hora a estar junto a esse elefante.
Eu começei a ver a forma como se movia o MUCUNGO e vi que era um caçador nato. Escolhia o vento, dava voltas e pôs-me a menos de 20 metros daquele elefante para que eu só tivesse que apertar o gatilho e tombá-lo com um tiro de 416. Estes homens eram fantásticos. Liam na Natureza da mesma forma ou melhor que nós líamos alguma informação sobre qualquer tema. Eu a partir daquele momento fui um dos admiradores desta raça, que verdadeiramente se chama o POVO SAN. Estudei-os, viajei com eles para ver o que comiam, aprendi como pensavam. Eles consideravam-se diferentes aos negros bantus. Chamar-lhes pretos era um insulto. Eles sempre disseram que não eram pretos. Eles são o Povo San.
Mucungo, um dia que íamos sobre o jeep por uma picada viu umas pegadas humanas e mandou parar o carro. Baixou-se, olhou e disse: estas pegadas sâo de um primo meu que é feiticeiro, que vai para um lugar que se chama Chimbaranda a buscar a família que está lá. Eu perguntei-lhe que como sabia ele isso?. A resposta veio pronta. Vocês os brancos escrevem cartas para deixar recados, pois nós os Camechequeres, lemos o que o meu primo deixou para eu saber. E assunto arrumado. Tinha uma equipe fantástica de caça.
(...)Para que nâo se diga que se fala de organizaçâo de safaris, de logística e de alguns povos indígenas, e que até agora nâo dissemos nada dos animais e das caçadas, pois vamos intercalando algumas histórias de caça.
Os dias dos safaris naqueles dias, eram um constante vai vem de clientes. Tínhamos a sorte de que cada dia tínhamos mais clientes. Creio que há poucas companhias que possam dizer que num ano tínham feito 70 safaris que foi o nosso caso, pois tívemos que trazer para o nosso grupo, graças ao dono da Angola Safaris, o meu grande e bom amigo Hernani Espinha, que Deus tenha a sua alma em paz, porque foi um homem de bem e, um homem em quem nunca vi, nem uma sombra de inveja, nos "emprestou", alguns dos seus guias, como foi o José Fitas, O Carlos Fortunato e por vezes os irmâos, Alfredo e Antonio Ferreira para que pudésseos fazer frente à avalanche de clientes caçadores que nos chegavam de todos os lados do mundo.
A caça em Angola era bastante diferente de Moçambique. Aí nâo existiam os grandes tandos comos os de Marromeu, ou até da Mazamba e de Cheringoma. Aí era floresta aberta onde se podia passar perfeitamente com os Toyotas. Algumas vezes entre florestas abertas, lá aperciam umas planícies, que nâo eram muito grandes, mas que estavam cheias de animais.
Ao longo dos rios Cuito , Okavango e Cuando, havia planícies grandes, mas quase sempre pantanosas em que um para meter-se tinha que muitas vezes molhar-se quase até à cintura, com exepçôes, em que em alguns lados era firme. Aí era a terra dos Red Lechwes e das sitatungas e alguns Waterbucks ou Inhacosos como lhes chamávamos em Moçambique.
Os Lechwes Vermelhos eram animais imponentes e fortes. Um pouco mais pequenos do que os Inhacosos, mas de uma côr amarela quase alaranjada. Aí conseguimos muitos bons trofeus, que nâo ficavam nada atrás dos que os caçadores da Botswana pregoavam que eram os melhores.
Os Elefantes, ah os elefantes,- esses sim eram os maiores elefantes que em tamanho de corpo eu tinha visto na minha vida. De facto o elefante considerado o maior do mundo está no museu de historia Natural de Washington que lhe foi oferecido por um dos velhos caçadores Angolanos o José Fenikovi.Para que os meus amigos leitores possam ter uma comparação vou por umas fotos de elefantes abatidos nas três grandes regiões de África.
Os de Moçambique eram elefantes normais, com pontas entre 20 e 30 kilos, bem torneadas e mais afiadas.Falo dos anos de 1960/70 porque em Moçambique se caçaram elefantes até com 90 kilos de pontas, mas isso foi "nos antigamente".
Os elefantes de Angola eram muito maiores de corpo, e nós tivemos a sorte de encontrar alguns com pontas de 44 kilos. Grossas e toscas, e quase sempre com uma delas partida. Era muito raro que encontrássemos duas pontas perfeitas. Os elefantes da floresta equatorial, onde eu tambem caçei 8 anos, esses sim, eram elefante de corpo pequeno, quase metade dos de Angola mas com umas pontas que davam impressâo. Pareciam mastodontes. Um marfim perfeito, sempre húmido pelo ambiente onde viviam e cresciam, assim como pelos sais minerais que esses elefantes consumem diariamente, o que nâo passava nem em Angola nem em Moçambique. Continuaremos a contar-lhes algumas caçadas e algumas anedotas dos nossos belos tempos das grandes caçadas, que já nâo voltarão nunca.
Os dias dos safaris naqueles dias, eram um constante vai vem de clientes. Tínhamos a sorte de que cada dia tínhamos mais clientes. Creio que há poucas companhias que possam dizer que num ano tínham feito 70 safaris que foi o nosso caso, pois tívemos que trazer para o nosso grupo, graças ao dono da Angola Safaris, o meu grande e bom amigo Hernani Espinha, que Deus tenha a sua alma em paz, porque foi um homem de bem e, um homem em quem nunca vi, nem uma sombra de inveja, nos "emprestou", alguns dos seus guias, como foi o José Fitas, O Carlos Fortunato e por vezes os irmâos, Alfredo e Antonio Ferreira para que pudésseos fazer frente à avalanche de clientes caçadores que nos chegavam de todos os lados do mundo.
A caça em Angola era bastante diferente de Moçambique. Aí nâo existiam os grandes tandos comos os de Marromeu, ou até da Mazamba e de Cheringoma. Aí era floresta aberta onde se podia passar perfeitamente com os Toyotas. Algumas vezes entre florestas abertas, lá aperciam umas planícies, que nâo eram muito grandes, mas que estavam cheias de animais.
Ao longo dos rios Cuito , Okavango e Cuando, havia planícies grandes, mas quase sempre pantanosas em que um para meter-se tinha que muitas vezes molhar-se quase até à cintura, com exepçôes, em que em alguns lados era firme. Aí era a terra dos Red Lechwes e das sitatungas e alguns Waterbucks ou Inhacosos como lhes chamávamos em Moçambique.
Os Lechwes Vermelhos eram animais imponentes e fortes. Um pouco mais pequenos do que os Inhacosos, mas de uma côr amarela quase alaranjada. Aí conseguimos muitos bons trofeus, que nâo ficavam nada atrás dos que os caçadores da Botswana pregoavam que eram os melhores.
Os Elefantes, ah os elefantes,- esses sim eram os maiores elefantes que em tamanho de corpo eu tinha visto na minha vida. De facto o elefante considerado o maior do mundo está no museu de historia Natural de Washington que lhe foi oferecido por um dos velhos caçadores Angolanos o José Fenikovi.Para que os meus amigos leitores possam ter uma comparação vou por umas fotos de elefantes abatidos nas três grandes regiões de África.
Os de Moçambique eram elefantes normais, com pontas entre 20 e 30 kilos, bem torneadas e mais afiadas.Falo dos anos de 1960/70 porque em Moçambique se caçaram elefantes até com 90 kilos de pontas, mas isso foi "nos antigamente".
Os elefantes de Angola eram muito maiores de corpo, e nós tivemos a sorte de encontrar alguns com pontas de 44 kilos. Grossas e toscas, e quase sempre com uma delas partida. Era muito raro que encontrássemos duas pontas perfeitas. Os elefantes da floresta equatorial, onde eu tambem caçei 8 anos, esses sim, eram elefante de corpo pequeno, quase metade dos de Angola mas com umas pontas que davam impressâo. Pareciam mastodontes. Um marfim perfeito, sempre húmido pelo ambiente onde viviam e cresciam, assim como pelos sais minerais que esses elefantes consumem diariamente, o que nâo passava nem em Angola nem em Moçambique. Continuaremos a contar-lhes algumas caçadas e algumas anedotas dos nossos belos tempos das grandes caçadas, que já nâo voltarão nunca.
Os elefantes de Angola eram muito maiores de corpo, e nós tivemos a sorte de encontrar alguns com pontas de 44 kilos. Grossas e toscas, e quase sempre com uma delas partida. Era muito raro que encontrássemos duas pontas perfeitas.
Os elefantes da floresta equatorial, onde eu tambem caçei 8 anos, esses sim, eram elefante de corpo pequeno, quase metade dos de Angola mas com umas pontas que davam impressâo. Pareciam mastodontes. Um marfim perfeito, sempre húmido pelo ambiente onde viviam e cresciam, assim como pelos sais minerais que esses elefantes consumem diarimente, o que nâo passava nem em Angola nem em Moçambique.
Continuaremos a contar-lhes algumas caçadas e algumas anedotas dos nossos belos tempos das grandes caçadas, que já nâo voltarâo nunca.
(...)
...Vou-lhes contar um safari como fazíamos em Angola.
Com esta descripçâo, ficarâo mais o menos com uma ideia como eram os safaris nessa ex-colonia portuguesa.
Faziamos safaris pequenos de 8 a 10 dias somente no deserto. Depois vinham os safaris no Mucusso (terras do fim do mundo) que eram quase sempre de 21 dias, que era os que habitualmente fazíamos. E finalmente o safari que eu chamava misto que eram três semanas no Mucusso e uma semana no deserto.
Quando o cliente queria estar 10 dias a caçar no deserto, o que fazíamos era levá-lo primeiro ao que se chama propriamente deserto, onde a vegetaçâo é quase nula; alguma espinheira e alguns cactus, e de onde em onde uma das plantas mais raras do mundo as Velvichias mirabilis . Depois de caçar nesse lugar os animais do deserto, ou sejam os Orixes, leopardos, springbucks, uma que outra zebra de montanha, seguíamos para outro acampamento que era o Chingo, onde aí dávamos caça às Impalas de cara preta, aos grandes Elands aos kudos que aí eram enormes, pois havia uma vegetaçâo já bastante densa, ainda que fora uma área semidesertica.
O deserto do Namibe é a continuaçâo do Deserto da Namibia, (nâo confundir um com o outro). Aí se encontram as maiores dunas do mundo, apresentadas centenas de vezes por a National Geographic, pelo Discovery e muitos mais documentários, apresentadas tambem em revistas e em muitas paginas da web.
São as únicas dunas no mundo que têm aqule cor vermelha alaranjada, pois a concentraçâo tâo grande de óxico de ferro, ao dar-lhe a luz, da-lhe imensas tonalidades dos vermelhos.
Aqui nesta regiâo há três grandes tribus. Os Mukubais, que nâo sâo mais que uma derivaçâo da maior tribú que é a Himba e que vive na fronteira da Angola e da Namibia, e os que se chamam Curocas, que sâo tambem uma rama dos Mukubais. Ainda que todos venham da mesma raiz, e todos sejam criadores de gado, os do "nosso" lado sâo mais "civilizados", o que é uma pena porque "quase" acabaram com as tradiçôes tâo bonitas e, as mais puras que têm os Himbas, que é uma das raças que eu mais admiro.
Note-se, a primeira mulher mukubal, veste-se com panos, e geralmente quando vê alguem tapa-se, mostrando a "vergonha" que le inculcaram, primeiro os missioneiros, e depois nós os portugueses.
Com esta descripçâo, ficarâo mais o menos com uma ideia como eram os safaris nessa ex-colonia portuguesa.
Faziamos safaris pequenos de 8 a 10 dias somente no deserto. Depois vinham os safaris no Mucusso (terras do fim do mundo) que eram quase sempre de 21 dias, que era os que habitualmente fazíamos. E finalmente o safari que eu chamava misto que eram três semanas no Mucusso e uma semana no deserto.
Quando o cliente queria estar 10 dias a caçar no deserto, o que fazíamos era levá-lo primeiro ao que se chama propriamente deserto, onde a vegetaçâo é quase nula; alguma espinheira e alguns cactus, e de onde em onde uma das plantas mais raras do mundo as Velvichias mirabilis . Depois de caçar nesse lugar os animais do deserto, ou sejam os Orixes, leopardos, springbucks, uma que outra zebra de montanha, seguíamos para outro acampamento que era o Chingo, onde aí dávamos caça às Impalas de cara preta, aos grandes Elands aos kudos que aí eram enormes, pois havia uma vegetaçâo já bastante densa, ainda que fora uma área semidesertica.
O deserto do Namibe é a continuaçâo do Deserto da Namibia, (nâo confundir um com o outro). Aí se encontram as maiores dunas do mundo, apresentadas centenas de vezes por a National Geographic, pelo Discovery e muitos mais documentários, apresentadas tambem em revistas e em muitas paginas da web.
São as únicas dunas no mundo que têm aqule cor vermelha alaranjada, pois a concentraçâo tâo grande de óxico de ferro, ao dar-lhe a luz, da-lhe imensas tonalidades dos vermelhos.
Aqui nesta regiâo há três grandes tribus. Os Mukubais, que nâo sâo mais que uma derivaçâo da maior tribú que é a Himba e que vive na fronteira da Angola e da Namibia, e os que se chamam Curocas, que sâo tambem uma rama dos Mukubais. Ainda que todos venham da mesma raiz, e todos sejam criadores de gado, os do "nosso" lado sâo mais "civilizados", o que é uma pena porque "quase" acabaram com as tradiçôes tâo bonitas e, as mais puras que têm os Himbas, que é uma das raças que eu mais admiro.
Note-se, a primeira mulher mukubal, veste-se com panos, e geralmente quando vê alguem tapa-se, mostrando a "vergonha" que le inculcaram, primeiro os missioneiros, e depois nós os portugueses.
A mulher Himba que se vê na foto está muito orgulhosa da sua vestimenta de pele, toda "embadurnada" com uma argilha ocre misturada com mateiga de vaca.
Tèm uma pele que poderia dar inveja às modelos e artistas mais cotizadas, pois sente-se como veludo. Palavra de honra, que eu senti isso-jejejeje.
Sabem ser coquetas a sua forma e vivem num matriarcado.
Quase sempre saíamos de Sá da Bandeira, demanhâ bastante cedo, para poder chegar antes que o calor apertasse muito.
Ao Sair de Sá da Bandeira, começavamos a subir a Serra da Leba até à sua maior altitude, para depois começarmos a baixar do planalto para a zona árida num declive de 1.800 metros, por uma estrada tortuosa, que foi um dos grandes logros da engenharia portuguesa.
Depois de baixar a uns 20 kilómetros da base da Serra, encontrávmos uma picada de terra batida que nos levava ao acampamento da Espinheira.
(...)
Tinhamos ficado na nossa viagem até ao Acampamento da Espinheira.Neste acampamento, dependia do mês, os Orixes ou Gemsbucks, podiam estar perto das dunas do Rio Curoca, onde nos abastecíamos de água, ou simplesmente metidos nos vales, que eram umas pequenas ondulaçôes no terreno onde havia uma grande quantidade de "pepinos do deserto", que eram alguns dos frutos com que eles se alimentavam, e tambem dos "melôes do deserto", que em alguns lugagres havia quantidades imensas, aparte de ramas de espinheiras e de alguns cactus. Provei os melôes do deserto e tinham um sabor horrível, mas muito sugosos, que lhe davam aos animais a água que necessitavam para o seu organismo.
(...)
Pois aqui vou falar de Pit Sanders intercalando alguma das velhas fotos que ainda conservo. Com Pit fomos à Espinheira uns dias, logo que ele desembarcou em Sá da Bandeira. Eu tinha estado convidado na sua casa de Massillon, Ohio, e ele conserva até hoje os trofeus que o seu pai caçou e, aí vai juntando os adquiridos por ele. Sabia que ele queria um bom kudo do deserto, um klipspriger, aquele animalzinho que anda nas pedras, e uma impala de cara preta, mas infelizmente nâo se poude, porque tinham prohibido a caça a esse animal em Angola.No primeiro dia, caçamos uns springbucks para a cozinha e para deixar posto uma isca para o Hernani Espinha, que nuns dias viria com um cliente a caçar uma semana à Espìnheira.
Saímos uma manhà e fomos em direcçâo à serra que se via ao longe e para o lado do Rio Curoca, quando menos esperávamos o guia que sempre levava o do burro que encontrei nas dunas mostrou-me um bonito klipspringer, no alto de umas rochas, olhando para nós.
Buscámos e encontrámos vários kudos, mas nenhum que viamos era o que eu chamo interessante para a qualidade de caçador que é Pit. Saíamos muito cedo, antes do nascer do sol para ver se encontrávamos o grande, que buscávamos. Um dia chegámos quase à estrada que vai de Moçâmedes para Sá da Bandeira, lugar onde havia uma grande quinta que se dedicava a criar os borregos "caracul" que mais tarde ao fazerem os casacos para as senhoras, perdem o nome para chamarem-lhe "astracan", os tais borregos que matam logo que nasce, e que chamam tambem "non-natos".
Demos a volta para regressar ao acampamento, e derrepente no meio de umas espinheiras, a uns 4 ou 5 kilómetros da quinta, vimos aquele kudo, estático, no meio de umas espinheiras, que se nâo fosse pelos olhos treinados que temos de tantos anos andar nisto, passaria despercebido. Mostrei-o a Pit e evidentemente um tiro e Kudo morto. Este Pit raramente falhava um tiro. Era dos bons. O que tínhamos vindo fazer ao deserto, estava terminado, agora era tempo para regressar a Sá da Bandeira para que em dois dias voássemos às "terras do fim do mundo", para continuar o nosso safari.
Victor "Hunter"
Nota: Estas fotos têm muitos anos e estâo em albuns velhos. A qualidade da fotografia nâo é boa, mas é o melhor que posso fazer.
.....
...Ao deixar o deserto Pit e eu nos fomos direitos a Sá da Bandeira, onde passámos o dia e a noite para sairmos demanhâ às seis da manhâ num aviâo que nos levaria às terras do fim do mundo.
Ás seis em ponto estávamos preparados para descolar, em direcçâo à cidade de Serpa Pinto, onde teríamos que aterrar e encher outra vez os tanques de gasolina, para continuar viagem até ao acampamento e para que o piloto pudésse regressar.
Era um avião Cessna, e a distância que íamos percorrer era mais ou menos de 1100 kilometros. Demoraríamos quase 5 horas para chegar ao destino, mas valia mais isso que aguentar a viagem por terra que quase sempre demorava 30 ou mais horas. Quando durante o ano tivemos que fazer essa viagem, sempre conduzíamos duas pessoas por um período de duas horas cada um e assim chegávamos menos cansados. Enchemos os tanques e fomos até ao hotel Serpa Pinto para almoçar e depois de conversarmos com uns amigos que viviam naquela cidade, voltamos a subir-nos ao avião para dirigir-nos ao acampamento, ao qual calculámos chegaríamos em duas horas e meia.
Chegámos ao acampamento conforme estava previsto. Meia hora antes de chegarmos, falámos por rádio e Noel veio buscar-nos ao campo de aviaçâo.
Carregado a bagagem e as armas de Pit no jeep, dirigimo-nos ao batelâo para passar para o "nosso" lado.
Como sempre os rapazes militares que estavam no aquartelamento foram ajudar-nos com o cabo do batelâo
Nesta foto está Pepe Godoy, um cliente espanhol que estava já caçando no nosso acampamento havia quase três semanas eu e vê-se um pouco de Mucungo um dos pisteiros camechequeres ou bushman).
Chegámos ao acampamento com bom tempo para dar-nos um banho quente, e jantar para que na manhâ seguinte retomássemos a continuaçâo do nosso safari, interrompido por dois dias de viagens. Começaríamos no acampaento do Sacaxai, para depois mudar-nos para o acampamento do Dirico, onde aí terminaríamos o safari.
Como isto sâo somente Retalhos das minhas memórias falarei de alguns dos trofeus dos muitos que Pit adquiriu, neste safári que tiveram exito na apresentaçâo deles na Convençâo do Safari Club International.
Uma manhã íamos devagar porque estava um frio que cortava, pois não sei se sabem mas o Sul de Angola nos meses de Julho e Agosto, são os lugares mais frios que existem em África. Ao deixarem um balde de água fora exposto ao frio da noite, havia noites que se transformava num bloco de gelo.
(...)
Todas as noites do meu quarto eu falava com os outros acampamento e especialmente com Sá da Bandeira, para ver como "iam as coisas" com a "transiçâo e entrega do território aos novos angolanos". Tinha estado a falar com o comandante do destacamento que estava do outro lado do rio e ele disse-me que em poucas semanas abandonariam o lugar para dirigir-se a Serpa Pinto e serem embarcados para Luanda de regresso a Portugal. Isso sim deu-me muito medo, e uma incerteza no meu futuro, que algumas vezes apesar do cansaço, nâo me deixava dormir.
Tínhamos que cumprir com os compromissos adquiridos com os nosso clientes e agentes. Somente pedia a Deus que me deixasse terminar esses safaris que tínhamos contratados, para no ano seguinte decidir o que faríamos com a nossa vida.
Retirei de várias pgs.deste blog, apenas as partes que interessavam a Moçâmedes.
Texto completo aqui:
Victor Cabral
Tèm uma pele que poderia dar inveja às modelos e artistas mais cotizadas, pois sente-se como veludo. Palavra de honra, que eu senti isso-jejejeje.
Sabem ser coquetas a sua forma e vivem num matriarcado.
Quase sempre saíamos de Sá da Bandeira, demanhâ bastante cedo, para poder chegar antes que o calor apertasse muito.
Ao Sair de Sá da Bandeira, começavamos a subir a Serra da Leba até à sua maior altitude, para depois começarmos a baixar do planalto para a zona árida num declive de 1.800 metros, por uma estrada tortuosa, que foi um dos grandes logros da engenharia portuguesa.
Depois de baixar a uns 20 kilómetros da base da Serra, encontrávmos uma picada de terra batida que nos levava ao acampamento da Espinheira.
(...)
Tinhamos ficado na nossa viagem até ao Acampamento da Espinheira.Neste acampamento, dependia do mês, os Orixes ou Gemsbucks, podiam estar perto das dunas do Rio Curoca, onde nos abastecíamos de água, ou simplesmente metidos nos vales, que eram umas pequenas ondulaçôes no terreno onde havia uma grande quantidade de "pepinos do deserto", que eram alguns dos frutos com que eles se alimentavam, e tambem dos "melôes do deserto", que em alguns lugagres havia quantidades imensas, aparte de ramas de espinheiras e de alguns cactus. Provei os melôes do deserto e tinham um sabor horrível, mas muito sugosos, que lhe davam aos animais a água que necessitavam para o seu organismo.
Se havia pepinos e melôes, os Orixes geralmente nâo andavam muito longe. Perguntarâo como é que um caçador que veio de Moçambique, onde nâo havia esses desertos, sabia dessas coisas e se movia pelo deserto como se fora o seu ambiente de toda a vida?
Pois bem, aí vai a história o mais curta que a possa contar.
Andava eu com o meu pessoal Sena de Moçambique, a "apanhar bonés", porque via springbucks a montôes, via pégadas de leopardos, avestruzes etc, mas de Orixes nada, até que um dia que andava perto das dunas, vi ao longe um rapaz que vinha baixando uma dessas dunas montado num burro. Primeiro perguntei-lhe para onde ia e que fazia por aquele lugar. Ao dizer-me que era da raça Curoca e que vinha de Porto Alexandre, e que ia para sua casa perto do rio onde tinha o seu gado, eu pensei: -este tipo tem que conhecer estas paragens bem para vir através das dunas- A seguinte pergunta, como nâo podia deixar de ser era, se tinha visto alguns Orixes? A resposta pronta do ràpaz foi: Senhor os Orixes neste tempo nunca andam aqui. Agora andam nas dunas do outro lado do rio e nas pedras do Curoca,
Sorte a minha, (sorte de caçador), este homem tinha sido o guia de um dos mais antigos caçadores que havia em Moçâmedes o Tendinha. Claro que foi imediatamente contratado, e o Fombe instruido para que lhe "sacasse" os "segredos" de caça que ele pudésse ter. A partir daquele dia nunca cliente algum se foi sem levar o seu Orix. Nesse lugar, mal chegávamos ao acampamento com algum cliente, a primeira coisa que fazíamos era matar um springbuck ou cabra de leque e por iscas para leopardo, porque nesse lugar havia-os por todos os lados. Talvez quem saiba um pouco de caça, pergunte: "Porquê tanto leopardo e no deserto?" Simples: aí há montanhas cde pedras que parecem que foram postas umas sobre as outras, com alturas que eu calculei com mais de 400 metros ou mais, nâo falando nas montanhas que nesse lugar eram imensas onde nunca fomos. Estes montes de pedras estâo povoados por milhares de "ratos das pedras" ou os Rock Hyrax (Procavia capensis), que dizem que é o ser vivo mais parecido ao elefante (?). Alimentam-se de tudo o que encontram: folhas, ervas, lagartixas, insectos, frutos e raramente bebem água. Pois ao haver tantos destes animais, os leopardos que por natureza sâo preguiçosos, como todos os gatos, tinham aí a mesa servida. Comiam três ou quatro destes animaizinhos, e nâo tinham que andar a cansar-se a correr atrás de alguma cabra de leque.
Ah! Mas quando lhe punhamos bem uma isca, entravam logo na primeira noite. A mim com um bom amigo de Barcelona que levei várias vezes de safari, o Sr. Amadeo Torrens, encontrámos dois a lutar pela isca que tínhamos posto. Como tanto ele como a sua esposa Carmen tinham licença, abateu os dois um atrás de outro.Esse safari que era composto por um grupo de casais catalans, ou catalanes, levei tambem uma noite ao meu bom a migo Federico Segura e a Rosa sua esposa, e abateram dois fantásticos leopardos.
Até o Rei de Espanha, D. Juan Carlos, há muitos anos abateu com um tiro pèrfeito ao belo leopardo naquele lugar.
Como dizia havia-os por todos os lados. Igual que nas "terras do fim do mundo", o Mucusso.
Lembro-me que uma noite em que estávamos no acampamento do Chipuizi (Mucusso) e a esposa do Amilcar Jorge, apeteceu-lhe ir ao banho de noite, agarrou a lanterna e saiu da tenda, pois naquele tempo ainda nâo tínhamos o acampamento fixo, e a minha pobre amiga, deu um grito de arrepiar, porque viu um leopardo sentado a olhar para ela dentro do acampamento. Pobre leopardo , deve ter-se assustado tanto, que somente deve ter parado a muitas milhas de distancia. O susto foi para nós porque pensámos que alguma coisa lhe tinha sucedido.
Continuaremos
Victor "Hunter
...Pois bem, aí vai a história o mais curta que a possa contar.
Andava eu com o meu pessoal Sena de Moçambique, a "apanhar bonés", porque via springbucks a montôes, via pégadas de leopardos, avestruzes etc, mas de Orixes nada, até que um dia que andava perto das dunas, vi ao longe um rapaz que vinha baixando uma dessas dunas montado num burro. Primeiro perguntei-lhe para onde ia e que fazia por aquele lugar. Ao dizer-me que era da raça Curoca e que vinha de Porto Alexandre, e que ia para sua casa perto do rio onde tinha o seu gado, eu pensei: -este tipo tem que conhecer estas paragens bem para vir através das dunas- A seguinte pergunta, como nâo podia deixar de ser era, se tinha visto alguns Orixes? A resposta pronta do ràpaz foi: Senhor os Orixes neste tempo nunca andam aqui. Agora andam nas dunas do outro lado do rio e nas pedras do Curoca,
Sorte a minha, (sorte de caçador), este homem tinha sido o guia de um dos mais antigos caçadores que havia em Moçâmedes o Tendinha. Claro que foi imediatamente contratado, e o Fombe instruido para que lhe "sacasse" os "segredos" de caça que ele pudésse ter. A partir daquele dia nunca cliente algum se foi sem levar o seu Orix. Nesse lugar, mal chegávamos ao acampamento com algum cliente, a primeira coisa que fazíamos era matar um springbuck ou cabra de leque e por iscas para leopardo, porque nesse lugar havia-os por todos os lados. Talvez quem saiba um pouco de caça, pergunte: "Porquê tanto leopardo e no deserto?" Simples: aí há montanhas cde pedras que parecem que foram postas umas sobre as outras, com alturas que eu calculei com mais de 400 metros ou mais, nâo falando nas montanhas que nesse lugar eram imensas onde nunca fomos. Estes montes de pedras estâo povoados por milhares de "ratos das pedras" ou os Rock Hyrax (Procavia capensis), que dizem que é o ser vivo mais parecido ao elefante (?). Alimentam-se de tudo o que encontram: folhas, ervas, lagartixas, insectos, frutos e raramente bebem água. Pois ao haver tantos destes animais, os leopardos que por natureza sâo preguiçosos, como todos os gatos, tinham aí a mesa servida. Comiam três ou quatro destes animaizinhos, e nâo tinham que andar a cansar-se a correr atrás de alguma cabra de leque.
Ah! Mas quando lhe punhamos bem uma isca, entravam logo na primeira noite. A mim com um bom amigo de Barcelona que levei várias vezes de safari, o Sr. Amadeo Torrens, encontrámos dois a lutar pela isca que tínhamos posto. Como tanto ele como a sua esposa Carmen tinham licença, abateu os dois um atrás de outro.Esse safari que era composto por um grupo de casais catalans, ou catalanes, levei tambem uma noite ao meu bom a migo Federico Segura e a Rosa sua esposa, e abateram dois fantásticos leopardos.
Até o Rei de Espanha, D. Juan Carlos, há muitos anos abateu com um tiro pèrfeito ao belo leopardo naquele lugar.
Como dizia havia-os por todos os lados. Igual que nas "terras do fim do mundo", o Mucusso.
Lembro-me que uma noite em que estávamos no acampamento do Chipuizi (Mucusso) e a esposa do Amilcar Jorge, apeteceu-lhe ir ao banho de noite, agarrou a lanterna e saiu da tenda, pois naquele tempo ainda nâo tínhamos o acampamento fixo, e a minha pobre amiga, deu um grito de arrepiar, porque viu um leopardo sentado a olhar para ela dentro do acampamento. Pobre leopardo , deve ter-se assustado tanto, que somente deve ter parado a muitas milhas de distancia. O susto foi para nós porque pensámos que alguma coisa lhe tinha sucedido.
Continuaremos
Victor "Hunter
(...)
Pois aqui vou falar de Pit Sanders intercalando alguma das velhas fotos que ainda conservo. Com Pit fomos à Espinheira uns dias, logo que ele desembarcou em Sá da Bandeira. Eu tinha estado convidado na sua casa de Massillon, Ohio, e ele conserva até hoje os trofeus que o seu pai caçou e, aí vai juntando os adquiridos por ele. Sabia que ele queria um bom kudo do deserto, um klipspriger, aquele animalzinho que anda nas pedras, e uma impala de cara preta, mas infelizmente nâo se poude, porque tinham prohibido a caça a esse animal em Angola.No primeiro dia, caçamos uns springbucks para a cozinha e para deixar posto uma isca para o Hernani Espinha, que nuns dias viria com um cliente a caçar uma semana à Espìnheira.
Saímos uma manhà e fomos em direcçâo à serra que se via ao longe e para o lado do Rio Curoca, quando menos esperávamos o guia que sempre levava o do burro que encontrei nas dunas mostrou-me um bonito klipspringer, no alto de umas rochas, olhando para nós.
Sentía-se seguro na altura que estava. Para Pit era um tiro de precisâo, e eu como o conhecia, disse-lhe aí está o teu Klipspringer, queres tentar um tiro daqui? Sào mais de 250 metros, talvez 300. Pit Baixou-se do Toyota, e apoiando-se nas barras do rollover apontou a sua 270 Remington Magnum e vio espremer muito devagar a mâo e o dedo ao mesmo tempo e tiro que saiu e klipspringer morto. Ficou no alto da rocha. Foi necessário mandar os ajudantes subir até lá, o que demorou mais de meia hora, para poderem trazer-nos o trofeu
Era um record, pelo qual Pit no ano seguinte recebeu uma medalha do Safari Club International.Buscámos e encontrámos vários kudos, mas nenhum que viamos era o que eu chamo interessante para a qualidade de caçador que é Pit. Saíamos muito cedo, antes do nascer do sol para ver se encontrávamos o grande, que buscávamos. Um dia chegámos quase à estrada que vai de Moçâmedes para Sá da Bandeira, lugar onde havia uma grande quinta que se dedicava a criar os borregos "caracul" que mais tarde ao fazerem os casacos para as senhoras, perdem o nome para chamarem-lhe "astracan", os tais borregos que matam logo que nasce, e que chamam tambem "non-natos".
Demos a volta para regressar ao acampamento, e derrepente no meio de umas espinheiras, a uns 4 ou 5 kilómetros da quinta, vimos aquele kudo, estático, no meio de umas espinheiras, que se nâo fosse pelos olhos treinados que temos de tantos anos andar nisto, passaria despercebido. Mostrei-o a Pit e evidentemente um tiro e Kudo morto. Este Pit raramente falhava um tiro. Era dos bons. O que tínhamos vindo fazer ao deserto, estava terminado, agora era tempo para regressar a Sá da Bandeira para que em dois dias voássemos às "terras do fim do mundo", para continuar o nosso safari.
Victor "Hunter"
Nota: Estas fotos têm muitos anos e estâo em albuns velhos. A qualidade da fotografia nâo é boa, mas é o melhor que posso fazer.
.....
...Ao deixar o deserto Pit e eu nos fomos direitos a Sá da Bandeira, onde passámos o dia e a noite para sairmos demanhâ às seis da manhâ num aviâo que nos levaria às terras do fim do mundo.
Ás seis em ponto estávamos preparados para descolar, em direcçâo à cidade de Serpa Pinto, onde teríamos que aterrar e encher outra vez os tanques de gasolina, para continuar viagem até ao acampamento e para que o piloto pudésse regressar.
Era um avião Cessna, e a distância que íamos percorrer era mais ou menos de 1100 kilometros. Demoraríamos quase 5 horas para chegar ao destino, mas valia mais isso que aguentar a viagem por terra que quase sempre demorava 30 ou mais horas. Quando durante o ano tivemos que fazer essa viagem, sempre conduzíamos duas pessoas por um período de duas horas cada um e assim chegávamos menos cansados. Enchemos os tanques e fomos até ao hotel Serpa Pinto para almoçar e depois de conversarmos com uns amigos que viviam naquela cidade, voltamos a subir-nos ao avião para dirigir-nos ao acampamento, ao qual calculámos chegaríamos em duas horas e meia.
Chegámos ao acampamento conforme estava previsto. Meia hora antes de chegarmos, falámos por rádio e Noel veio buscar-nos ao campo de aviaçâo.
Carregado a bagagem e as armas de Pit no jeep, dirigimo-nos ao batelâo para passar para o "nosso" lado.
Como sempre os rapazes militares que estavam no aquartelamento foram ajudar-nos com o cabo do batelâo
Nesta foto está Pepe Godoy, um cliente espanhol que estava já caçando no nosso acampamento havia quase três semanas eu e vê-se um pouco de Mucungo um dos pisteiros camechequeres ou bushman).
Chegámos ao acampamento com bom tempo para dar-nos um banho quente, e jantar para que na manhâ seguinte retomássemos a continuaçâo do nosso safari, interrompido por dois dias de viagens. Começaríamos no acampaento do Sacaxai, para depois mudar-nos para o acampamento do Dirico, onde aí terminaríamos o safari.
Como isto sâo somente Retalhos das minhas memórias falarei de alguns dos trofeus dos muitos que Pit adquiriu, neste safári que tiveram exito na apresentaçâo deles na Convençâo do Safari Club International.
Uma manhã íamos devagar porque estava um frio que cortava, pois não sei se sabem mas o Sul de Angola nos meses de Julho e Agosto, são os lugares mais frios que existem em África. Ao deixarem um balde de água fora exposto ao frio da noite, havia noites que se transformava num bloco de gelo.
(...)
Todas as noites do meu quarto eu falava com os outros acampamento e especialmente com Sá da Bandeira, para ver como "iam as coisas" com a "transiçâo e entrega do território aos novos angolanos". Tinha estado a falar com o comandante do destacamento que estava do outro lado do rio e ele disse-me que em poucas semanas abandonariam o lugar para dirigir-se a Serpa Pinto e serem embarcados para Luanda de regresso a Portugal. Isso sim deu-me muito medo, e uma incerteza no meu futuro, que algumas vezes apesar do cansaço, nâo me deixava dormir.
Tínhamos que cumprir com os compromissos adquiridos com os nosso clientes e agentes. Somente pedia a Deus que me deixasse terminar esses safaris que tínhamos contratados, para no ano seguinte decidir o que faríamos com a nossa vida.
Retirei de várias pgs.deste blog, apenas as partes que interessavam a Moçâmedes.
Texto completo aqui:
Victor Cabral
1 comentário:
Gostei da historia e da aventura dessa gente corajosa em terras de ninguem. Na época era normal matar animais, mas agora talvez contar essas mortes até já nem é bom. Doeu-me muito e ainda hoje eu aqui em Angola faço uma luta muito grande contra a caça e o exterminio de seres vivos. Por favor, eu tambem cacei, mas agora evitem divulgar a caça e vamos protege-los.
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