Kanimambo Eusébio
Eusébio é, sem dúvida, um grande português: vale por cinco Sócrates, dez Marques Mendes, trinta Louçãs. Ofereceu a Portugal momentos irrepetíveis de júbilo e auto-estima, encheu de raiva os racistas do pan-africanismo num momento em que Portugal era acossado por inimigos e criticado por aliados, deu expressão ao multiracialismo desta nação que hoje quer ser europeia sem o conseguir e manteve-se sempre aquele rapaz humilde e afável que um dia chegou a Lisboa, vindo de Lourenço Marques - da minha Lourenço Marques - com a cabeça cheia de sonhos de glória e as mãos cheias de nada. É a antítese dos gladiadores dos futebois, dessas criaturas insuportáveis e suburbanas com o regime actual se escuda do fracasso económico, da falta de obra, da frustração dos portugueses e do fechamento de horizontes a que estamos condenados. Deste homem nunca saiu uma recriminação, um insulto a Portugal, uma aleivosia a respeito de quem por ele olhou, lhe deu a mão e medalhou como herói nacional. Eusébio é o Marcelino da Mata dos estádios. Ostentou sempre com orgulho no peito as nossas armas nacionais e terá sido, na década de 60, o nosso melhor Ministro dos Estrangeiros. Kanimambo (obrigado) Eusébio.
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