domingo, 17 de dezembro de 2006

Sonho pela madrugada: bichinhos a entrar pela chaminé

Estava com a Lena e mais elementos da minha família que não sei precisar na pequena saleta de entrada que também servia de sala de visitas da minha vivenda. Houvera qualquer coisa de estranho, saíram e saíam bichos da chaminé. Sobre a mesa estava um tabuleiro amovível que pertencia ao sistema de escoamento de fumos, portanto à chaminé.
Por qualquer motivo, que não sei precisar com segurança, um senhor de uma pastelaria próxima, na qual nos abastecíamos do pão diário, oferecera-nos um tabuleiro enorme com vários bolos pequenos e alguns salgados. Pressentíamos que a oferta se relacionava com o problema que tinhamos na chaminé; ou ele era o proprietário da vivenda ou tinha alguma responsabilidade com o que nos estava a acontecer na chaminé!...
Por minha iniciativa descobri que com uma espátula de cabo comprido podia limpar o tal aparelhómetro amovível que fôra retirado do buraco da chaminé e por onde, supostamente, entravam em casa os tais bichinhos que tanto nos incomodavam e que podiam infestar a comida. Peguei no tal instrumento e com força esfreguei-o nos vários cubículos, quais corredores, que percorriam o aparelhómetro em todo o seu comprimento que seria de uns dois metros. Saía abundante fuligem juntamente com terra e, supostamente, os ninhos dos tais bichinhos. Feito isto, constatámos que já não saiam bichos do aparelhómetro e que, portanto, podíamos repô-lo no seu lugar, na chaminé. Resolvera o problema. Fizera de limpa-chaminés.
Agora, havia os bolos que, a início, não queríamos comer, por acharmos a oferta descabida mas, por termos resolvido o problema da chaminé, sentimo-nos com mais à vontade de os consumir. Como aflorei acima, parecia-nos que o senhor se sentia de algum modo responsável pelo que nos estava a acontecer e que, portanto, caberia a ele resolver o problema mas, para acalmar os nosso ânimos, oferecera-nos umas guloseimas, na esperança, talvez, de nós próprios resolvermos o problema.
Assim, sentíamos-nos já com algum direito de consumirmos os apetitosos bolinhos e salgados que esperavam pelas nossas bocas ansiosas há umas boas horas. E vai daí, eu próprio inaugurei a festa com alguns salgaditos -rissóis de camarão -, seguidos de um pastelito de nata pequenino e convidei os presentes a fazerem o mesmo. Em seguida, lembrei-me que os criados que eram uns três ou quatro e que se encontravam noutro compartimento da casa, também mereciam participar da festa pois, não me sentia bem vivermos a festa mantendo-os fora dela quando eram sempre muito prestáveis e atenciosos.
E assim, em semi-festa, acabou a tarde tormentosa de termos de resolver um problema difícíl para o qual não encontrávamos solução e de não termos de devolver os bolos pois, se o fizéssemos, seria entendido pelo ofertante como um acto pouco cortês.
Rui Moio. Jornal Íntimo de 17Dez2006

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