quinta-feira, 31 de julho de 2008

Três questões para o despenhamento de uma avioneta Piper

via Um Homem das Cidades by noreply@blogger.com (Diogo) on 7/31/08
No passado Domingo, às 8:45 da manhã, uma avioneta Piper PA34, pilotada por Luís Carvalho, partiu às 08.45 do Aeroclube de Bragança, tendo um plano de voo - efectuado antecipadamente e autorizado pelo Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa - com destino final no Aeródromo de Coimbra, em Cernache. O piloto afirmou, no seu último contacto via rádio, enquanto sobrevoava a zona de Coimbra que estava indisposto. O despenhamento da avioneta verificou-se cerca das 11h50, a 200 milhas a oeste do Cabo da Roca, quando acabou o combustível.

O porta-voz da FAP (Força Aérea Portuguesa), tenente-coronel António Seabra afirmou ao Diário de Notícias que:

- Às 09.50, o piloto da avioneta Piper fez o seu último contacto via rádio na frequência civil, dizendo estar indisposto.

- Oito minutos depois, às 09.58, foram accionados dois caças F16.

- Nove minutos depois, às 10.07, os caças F16 partiram da Base Aérea de Monte Real.

- Seis minutos depois, às 10.13, ou seja, vinte e três minutos depois do último contacto via rádio do piloto da avioneta, a 38 milhas de Monte Real, já no mar, os caças F16 interceptaram a avioneta e acompanharam-na...


O porta-voz da Força Aérea tenente-coronel Seabra informou, igualmente, que os dois caças F-16 que anteontem interceptaram a aeronave que se despenhou no mar – a 200 milhas do Cabo da Roca – não tinham autorização para abater o aparelho, caso este se dirigisse para um centro urbano, colocando mais vidas em perigo. "Caso se verificasse essa situação, alertávamos a Protecção Civil".


João Moutinho, piloto, instrutor e professor de aeronáutica, garantiu ao Correio da Manhã que, no caso de um avião descontrolado se dirigir para uma área habitada, os pilotos do F-16 que forem em seu socorro "não têm qualquer hipótese. Só terem conseguido observar o detalhe de o piloto estar inconsciente já é surpreendente", garante, avisando que a velocidade mínima de um F-16 é muito maior do que a velocidade cruzeiro de um Piper. O especialista afirma ainda que, excepto em casos de terrorismo, "ninguém assumiria a responsabilidade de abater um avião".

Disse ainda que, qualquer voo tem de ser comunicado às autoridades competentes com pelo menos meia hora de antecedência. Apenas os voos denominados locais – que não estão autorizados a sair da área de controlo do aeródromo de onde partiram – estão livres de o fazer. Enquadram-se neste caso os voos de formação e os de lazer. Ainda assim, estes voos são acompanhados por operadores aéreos civis e militares, sendo que estes últimos podem dar ordens ao piloto a qualquer momento.


Questões:

1 - Se é perfeitamente plausível que os caças F16 tenham descolado 8 minutos após terem sido accionados, e que tenham interceptado o avião 6 minutos depois, já é difícil de compreender que desde o último contacto via rádio com o piloto até ao accionamento dos F16 tenham passados oito (8) longos minutos. Porquê tal demora?

2 - Se fosse previsível que a avioneta fosse cair numa área densamente povoada, porque é que "ninguém assumiria a responsabilidade de abater um avião, excepto em casos de terrorismo", como afirmou João Moutinho?

3 - E como é que era possível ter a certeza se que não se tratava de um caso de terrorismo? O(s) pirata(s) do ar não poderiam ter controlado a avioneta sem a Força aérea o perceber?

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