Como o Local de Voto Pode Afectar Quem e no Que Votamos
Como o Local de Voto Pode Afectar Quem e no Que Votamos
via Dissonância Cognitiva by Bruno Ribeiro on 8/3/10
Votar é um direito essencial numa democracia e um dos pilares essenciais das sociedades ocidentais. Através do voto os cidadãos podem fazer-se "ouvir" e ajudar a decidir o futuro das suas nações. Poucas actividades humanas serão encaradas com igual importância como o acto de votar; uma actividade considerada racional e livre e que representa aquilo que distingue qualitativamente o Homem de outras espécies. É nesta assumpção de liberdade e racionalidade que a maioria das campanhas políticas são construídas e analisadas.
Mas tal como outras actividades humanas, há muito de "irracional" na forma como votamos. Não só nem sempre analisamos os argumentos de forma raVcional, pesando os prós e contras de cada proposta, como somos influenciados por factores externos à própria campanha como sendo o local onde votamos. Por exemplo, o facto de se utilizar igrejas como local de voto (prática comum nos EUA) pode a levar que candidatos e propostas mais conservadoras (dentro do espectro político dos EUA) recebam um maior número de votos do que seria esperado que recebessem caso não houvesse qualquer influência do contexto.
Um estudo levado a cabo na California State University explorou ainda mais esta influência do contexto no resultado de uma votação, através de um estudo de campo no qual os sujeitos respondiam a questões relativas ao montante que pessoas que apresentavam queixas contra empresas que produziam pílulas contraceptivas ou casos de trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho em um de dois locais: uma igreja ou um edifício secular. Os resultados do estudo demonstraram que o valor atribuído a quem apresentava queixas devido ao mau desempenho de pílulas contraceptivas era menor no grupo de sujeitos que respondeu na igreja do que no grupo que respondeu no edifício secular. Tal diferença não surgiu no caso dos trabalhadores que sofreram um acidente de trabalho.
Um outro estudo levado a cabo dentro do mesmo tema e pelo mesmo investigador, Abraham Rutchick, mas em contexto laboratorial corroborou os resultados do estudo de campo embora neste caso a manipulação não se tenha verificado ao nível do local de resposta, mas sim à exposição a imagens eclesiásticas antes de responder: aqueles que foram expostas a essas imagens atribuíam menos dinheiro aos queixosos face a empresas que produzem pílulas contraceptivas, mas não para queixas sobre acidentes de trabalho.
O essencial destes resultados parece ser evitar realizar eleições em igrejas, ou locais que estejam conotados fortemente com um conjunto de atitudes que possam influenciar o resultados das votações. O que demonstram é que mesmo em actividades que exigem o máximo da nossa racionalidade somos influenciados por outros factores que escapam à nossa consciência.
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