Jaime Nogueira Pinto no programa Os grandes Portugueses em defesa de Salazar
Ontem senti-me num país civilizado. Não foi preciso fugir para o meu jardim secreto, portadas fechadas, tv apagada e livro sobre os joelhos para fugir à atmosfera que me oprime. Prepararam-me um belíssimo tornedó de vitela ao molho de vinho do porto, assisti ao programa de Nogueira Pinto - uma peça livre do ódio, da propaganda infantil e dos suplícios a que somos submetidos desde que Otelo, Cunhal, Vasco Gonçalves e outros se resolveram libertar-nos do ogre - e terminei em beleza com North by Northwest. Um sonho de noite invernosa com assomos de liberdade.
O atestado da nossa escravidão - esta incapacidade para ver o grande onde está o grande, o reles onde está o reles - tem sido a verrina incutida dia-após-dia, ano-após-ano, década após década a propósito de um homem nascido há quase 120 anos, que abandonou o poder há 40 e morreu era eu um menino. Passei toda a vida submetido ao flagelo da diabolização, do insulto, do queixume eriçado de ódio. Passei a conviver com esse ódio com a naturalidade de quem respira. Agora, tudo se dissipa. Afinal, os portugueses rendem-se à evidência da grandeza do roble abatido, comparam-no e reconhecem-lhe as virtudes da honestidade, do labor sacrificado, do sentido de Estado, do viver humilde e do amor por esta pátria que é de todos nós. Afinal, ele foi o grande português do século XX, quiçá o último português antigo.
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