Agostinho Neto (1922 - 1979) 2 
Aires Almeida dos Santos(1922-1991) 2 
Alexandre Dáskalos (1922-1991) 2 
Amélia Dalomba. 3 
António Fonseca. 4 
António Panguila. 4 
António José Nascimento (1838-1920) 5 
António de Assis Júnior (1887-1960) 5 
António Jacinto (1924 - 1991) 6 
Arnaldo Santos. 6 
Augusto Tadeu Bastos (1872 -1936) 7 
Boaventura Cardoso. 8 
Carmo Neto. 9 
Cikakata Mbalundu. 9 
Costa Andrade. 10 
Dário de Melo. 14 
Domingos Van-Dúnem.. 14 
Ernesto Lara Filho (1932 - 1977) 16 
Fernando Kafukeno. 17 
Frederico Ningi 18 
Henrique Abranches. 19 
Henrique Guerra. 20 
Jacinto de Lemos. 21 
João Maimona. 22 
João Melo. 23 
João Tala. 23 
Joaquim Dias Cordeiro da Matta (1857-1894) 24 
Jorge Macedo. 25 
José de Fontes Pereira. 26 
José Eduardo Agualusa. 27 
José Luis Mendonça. 27 
José Mena Abrantes. 28 
Lopito Feijóo. 29 
Luandino Vieira. 30 
Manuel Rui Monteiro. 31 
Maria Celestina Fernandes. 33 
Mário António (1934-1988) 33 
Mário Pinto de Andrade. 34 
Mota Yekenha. 35 
xÓscar Bento Ribas. 36 
xPaula Tavares. 37 
Pepetela. 38 
Raul David. 39 
Roderick Nehone. 40 
Rosália Silva. 41 
Rui Augusto. 41 
Rui Duarte de Carvalho. 42 
Samuel de Sousa. 43 
Sousa Jamba. 44 
Timóteo Ulika. 44 
Uanhenga Xitu. 45 
Viriato da Cruz (1928 - 1973) 47 
Agostinho Neto (1922 - 1979) 
Nasceu em Kaxicane, região de Icolo e Bengo, em 17 de Setembro de 1922. 
Fez os estudos liceais em Luanda. Formou-se em Medicina em Portugal. 
Colaborou em diversas publicações periódicas em Angola, Portugal e Brasil. 
Foi por diversas vezes preso pela política portuguesa. 
Depois da sua evasão de Portugal em 1962, junta-se a Mário Pinto de 
Andrade e Viriato da Cruz que dirigiam já o MPLA, passando a ser desde 
essa data o Presidente. Foi o primeiro Presidente da República de Angola 
cuja independência proclamou em 11 de 1975. 
Foi galardoado com o Prémio Lotus e Prémio Nacional de Literatura. 
Morreu em 10 de Dezembro de 1979. Publicou Náusea (1952) Quatro Poemas de 
Agostinho Neto (1957), Poemas (1961), Com Olhos Secos edição bilingue 
português / italiano (1963), Sagrada Esperança (1974), A Renúncia 
Impossível (edição póstuma 1982), Poesia (edição póstiuma, 1998). 
Aires Almeida dos Santos(1922-1991) 
Nasceu em 1922 no Chinguar, província do Bié. Passou a infância em 
Benguela e a adolescência no Huambo. Em Benguela fez os estudos primários 
e no Liceu do Lubango concluíu o 7º ano. 
Exerceu jornalismo em Luanda, tem colaboração literária dispersa nos 
vários jornais publicados em Angola, como Jornal de Benguela, Jornal de 
Angola e A Província de Angola. Morreu em 1991, na cidade de Benguela. 
Publicou: Meu Amor da Rua Onze (1987). 
Alexandre Dáskalos (1922-1991) 
Nasceu no Huambo em 1924. Fez a instrução primária e secundária no Huambo, 
antiga Nova Lisboa. Em 1942 frequentou o liceu de Sá da Bandeira 
(Lubango), onde concluíu o 7º ano. 
No ano em que concluíu os estudos secundários segue para Lisboa e 
matricula-se na Escola Superior de Medicina Veterinária, tendo-se 
licenciado cinco anos depois. Regressa a Angola em 1950. 
Em 1960, já muito doente foi para Portugal, onde faleceu no sanatório de 
Caramulo um ano depois. Ainda nos anos 60, é publicado um opúsculo de 
quatro poemas seus na "colecção Bailundo", dirigida pelo poeta Ernesto 
Lara Filho e Rebelo de Andrade. 
Numa carta datada de 11 de Abril de 1961, dirigida a Ernesto Lara Filho, 
António Jacinto escrevia. "(...) Alexandre Dáskalos foi infeliz porque 
morreu. Felicidade é viver. Um dia chamei à cabouqueira geração de 
sacrifício". 
"Geração sem estátua, sem placa na rua, sem magistério, mesmo sem livro ou 
até sem árvore plantada. Mas ainda sinto orgulho da geração a que 
pertenço, a que pertencemos. A geração que é brita ou asfalto, certa ou 
errada, no caminho, na estrada". Por conseguinte, discordo de Mário 
António, que questionando a unidade polifónica dessa geração, escrevia o 
seguinte: 
"É tudo ainda do domínio subconsciente, dentro de cuja imprecisão de 
limites(e só aí ) possível se tornava enxergar uma unidade. Unidade que 
parece-nos, no entanto, ter existido, mas muito pouco do ponto de vista 
literário, pois não teria sido um acaso esses jovens começarem a sentir-se 
integrados, na mesma altura, numa determinada circunstância de lugar e 
tempo". 
Publicou Poemas (1961), Poesia de Alexandre Dáskalos (edição póstuma 1975). 
Amélia Dalomba 
Amélia Dalomba, nasceu em Cabinda aos 23 de Novembro de 1961. Tem exercido 
actividades profissionais em diversas áreas do jornalismo, nomeadamente 
radiofónico e de imprensa. Publicou poemas e artigos no Jornal de Angola. 
Presentemente prossegue os estudos superiores de Psicologia. 
É uma das poucas vozes femininas que no nosso meio literário demonstra um 
relevante interesse em trazer contribuições novas para a poesia angolana. 
A sua dicção poética insere-se, até este momento, numa das correntes 
visíveis entre os autores da Geração das Incertezas, a chamada Geração de 
80. 
Tal tendência ou corrente manifesta-se através de um ostensivo tratamento 
estético da relação que se estebelece entre o homem e a mulher. Nota-se o 
recurso a um despojamento vocabular denso do ponto de vista semântico, 
resultando daí aquilo a que poderia denominar uma poética corporal. 
Sobre a poesia desta autora, Manuel Rui diz: " No sentir, o laboratório 
dos sentidos para escrita, percebe-se à primeira vista, que é mesmo 
feminino". 
Amélia Dalomba é membro da União dos Escritores Angolanos em cujos corpos 
gerentes tem ocupado diversos cargos. Publicou: Ânsia (1995) e Sacrossanto 
Refúgio (1996) 
António Fonseca 
António Fonseca, nasceu no Ambriz a 9 de Julho de 1956. É economista, 
diplomado em estudos superiores especializados de Políticas Culturais e 
Acção Artística Internacional pela Faculdade de Direito e Ciências 
Políticas da Universidade de Bourgogne de França. No plano profissional, 
tem vindo a desempenhar cargos de direcção em instituições e empresas do 
sector cultural, nomeadamente no Instituto Nacional do Livro e do Disco 
até 1994 e na empresa Nacional do Disco e Publicações que dirige 
presentemente. 
Anima há mais de duas décadas o programa radiofónico ANTOLOGIA, consagrado 
à divulgação da tradição oral e à literatura oral em especial. 
Foi co-fundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda. É membro da 
União dos Escritores Angolanos. 
Não sendo um autor menor no plano da literário, a obra de António Fonseca, 
seja na ficção ou no ensaio, caracteriza-se pela sua evidente carga 
telúrica, cuja revelação ocorre ao nível do aproveitamento de temas e 
materiais que provêm das tradições orais das diversas etnias angolanas. 
Publicou: 
· Raízes (estórias da tradição oral kikongo, 1982) 
· Sobre os Kikongos de Angola ( ensaio,1985) 
· Poemas de Raíz e Voz (Poesia, 1985) 
· Crónica de um tempo de silêncio (contos,1988) 
· Contribuição ao estudo da literatura oral angolana (ensaio, 1996) 
António Panguila 
António Panguila, nasceu a 15 de Julho de 1963. É formado em História pelo 
Instituto Superior de Ciências da Educação. Foi durante algum tempo 
professor do ensino secundário. Presentemente é funcionário bancário. Na 
década de 80 pertenceu ao grupo literário OHANDANJI, além de ter sido 
membro da Brigada Jovem de Literatura de Luanda. 
É um poeta que exibe o domínio de alguns recursos peculiares, 
destacando-se a recorrência da repetição e da aliteração. Os seus textos 
trazem a marca característica da brevidade e são de um modo geral curtos, 
do ponto de vista estrutural. 
Em 1996, arrebatou o Pémio Literário Cidade de Luanda, com o livro Amor 
Mendigo. É membro da União dos Ecritores Angolanos. 
Publicou: 
· O Vento do Parto (poesia, 1994) 
· Amor Mendigo (poesia,1996) 
António José Nascimento (1838-1920) 
António José do Nascimento nasceu em 1838. Foi um dos "últimos cônegos 
indígenas do século passado", tendo governado o bispado. Fez o curso no 
Seminário Patriarcal de Santarém, subsidiado pelo cofre central da Bula da 
Cruzada. Foi ordenado em 1814. 
E foi durante muitos anos professor do Seminário de Luanda. Ensinava 
disciplinas como Português, Latim, História Pátria e Universal, Filosofia 
e Matemática, e Educação Fisica "O Cônego Nascimento foi vigário capitular 
em 1891, professor e pároco de muitas igrejas do interior, tendo falecido 
nesta cidade de Luanda, donde era natural, em 1902". 
Colaborador da imprensa, nela deixou publicados interessantes apontamentos 
sobre a história e a etnografia angolanas. Faleceu em 1920. 
(Mário António, Reler África, p. 206 e A Formação p. 136, Manuel Alves da 
Cunha, " Subsídios para a História Eclesiástica de Angola"; Luanda, 
Boletim da Diocese de Angola e Congo, 1940, VI, 35, 297) 
António de Assis Júnior (1887-1960) 
António de Assis Júnior nasceu em Luanda a 13 de Março de 1887 e faleceu 
em Lisboa em 27 de 
Maio de 1960. 
Autor de narrativas como Relato dos Acontecimentos de Dala Tando e Lucala 
(testemunho, 1917), O Segredo da Morta (romance, 1934) e do Dicionário 
Kimbundu-Português, é considerado fundador da ficção narrativa 
verdadeiramente angolana, quando se confronta a sua obra com os textos de 
pendor propagandístico do colonialismo português. 
No dizer do ensaísta angolano Mário António, O Segredo da Morta " é uma 
séria proposta de caracterização do caso angolano da prosa de ficção 
(...)". 
António Jacinto (1924 - 1991) 
Nasceu no Golungo Alto, em 28 de Setembro de 1924. Fez os estudos liceais 
erm Luanda. Foi preso e condenado em 1960, tendo cumprido a pena de prisão 
no campo de concentração do Tarrafal (1960 -1972). Desde 1972 foi-lhe 
fixada residência em Lisboa e em regime de liberdade condicional, por 
cinco anos. Em 1973 evadiu-se de Lisboa, tendo ido juntar-se à guerrilha 
em Brazzaville. Foi Ministro da Cultura de 1975 a 1978 Morreu em 23 de 
Junho de 1991. 
Publicou Poemas (1961), Vôvô Bartolomeu (1979), Poemas (1982, edição 
aumentada), Em Kilunje do Golungo (1984), Sobreviver em Tarrafal de 
Santiago (1985; 2ªed.1999), Prometeu (1987), Fábulas de Sanji (1988). 
Arrebatou vários prémios, nomeadamente Prémio Noma, Prémio Lotus da 
Associação dos Escritores Afro-Asiáticos e Prémio Nacional de Literatura. 
Arnaldo Santos 
É natural de Luanda onde nasceu em 1935. Fez os estudos primários e 
secundários em Luanda. Na década de 50 integrou o chamado "grupo da 
Cultura". Colaborou em várias publicações periódicas luandenses entre as 
quais a revista Cultura, o Jornal de Angola (da década de 60), ABC, 
Mensagem da Casa dos Estudantes do Império. É membro fundador da UEA. 
Passou a infância e a adolescência no bairro do Kinaxixi, topónimo que 
ocupa um lugar privilegiado na sua produção narrativa. Aos vinte anos de 
idade publicou a sua primeira colectânea de contos Quinaxixi. 
Com o livro de crónicas Tempo do Munhungo, arrebatou em 1968 o Prémio Mota 
Veiga, um dos poucos atribuídos em Luanda, na década de 60 e 70. Arnaldo 
Santos é um autor que se situa num nível singular de tratamento da 
linguagem. É um preciosista na depuração do texto narrativo curto e de 
todos os seus recursos e elementos. 
Daí que a sua ficção narrativa não tenha conhecido até à década de 90, 
variações para além do conto (Kinaxixi), crónica (Tempo do Munhungo) e 
novela (A Boneca de Quilengues). No dizer de Jorge Macedo, ele usa 
"lexias-kimbundo no interior de um português de luzidia correcção". O seu 
nome é uma referência incontornável, associada àquele minimalismo 
narrativo que, nas gerações seguintes, encontraremos em Boaventura 
Cardoso. 
É um dos poucos narradores que evidencia elevado sentido de rigor na 
selecção dos tipos de personagens. Na sua obra inicial, reconhecemos 
traços caracteriais de uma perfeita articulação da psicologia das 
personagens a esse espaço urbano de Luanda que obedece à lógica e história 
predominantemente autóctones. Tal efeito é alcançado, por exemplo, no 
conto A mulher do padeiro, através de uma conflituosa coabitação entre 
personagens portuguesas e luandenses. Ou ainda em Os calundus da Joana. 
Embora o seu espaço físico e social de eleição seja o Kinaxixi, em Luanda, 
em A Boneca de Quilengues desloca essa minúcia para Benguela, realizando 
pela primeira vez a introdução de "lexias-umbundu". Arnaldo Santos é poeta 
e ficcionista. 
Publicou: 
· Fuga (1960, poemas); 
· Quinaxixe (contos, 1965); 
· Tempo do Munhungo (crónicas, 1968); 
· Poemas no Tempo (1977); 
· Prosas (1977); 
· Kinaxixe e Outras Prosas; 
· Na Mbanza do Miranda ( conto, 1985); 
· Cesto de Katandu e outros contos ( conto,1986); 
· Nova Memória da Terra e dos Homens ( poesia,1987); 
· A Boneca de Quilengues (novela, 1991). 
· A Casa Velha das Margens ( romance,1999). 
Augusto Tadeu Bastos (1872 -1936) 
Augusto Tadeu Bastos nasceu na cidade de Benguela a 16 de Agosto de 1872. 
Era filho de um português, Manuel Tadeu Pereira Bastos e de Laurinda Rosa, 
angolana. Fez os estudos em Portugal (tal como sua irmã Ana). Regressou a 
Benguela após a morte do pai. 
Para ganhar a vida exerceu a actividade de guarda- livros. Anos mais tarde 
chegou a escrivão da Administração do Concelho da Catumbela. Foi 
conferencista e jornalista. Exerceu igualmente a actividade de advogado 
provisionário. Chegou a ser presidente da Câmara Municipal de Benguela e 
secretário da Assciação Comercial de Benguela. Foi membro da Liga 
Angolana. 
Faleceu em Benguela na sexta-feira de 10 de Abril de 1936. (ver Júlio 
Castro Lopo, Alberto de Lemos) 
Boaventura Cardoso 
Nasceu em Luanda a 26 de Julho de 1944, passou parte da sua infância na 
região de Malanji. Fez os estudos primários e secundários em Luanda. É 
licenciado em Ciências Sociais, diplomado em antropologia das regiões, 
pela Universidade Pontífica de Roma. A sua obra resume-se em três livros 
de contos e dois romances, nomeadamente : 
· Dizanga dia Muenhu, (conto) 
· O Fogo da Fala, (conto) 
· A Morte do Velho Kipacaça (conto) 
· O Sino do Fogo, ( romance) 
· Maio, Mês de Maria ( romance). 
Com efeito, é no plano da linguagem que Boaventura Cardoso alcança 
resultados que o inscrevem por direito próprio na galeria dos autores mais 
representativos da sua geração e da literatura angolana. Os registos de 
discursos que atravessam as suas histórias, numa deliberada adequação do 
espaço físico e social à modulação fónico-linguística das personagens, 
comportam além do labor estilístico, uma estrutura de superfície textual 
com construções sintácticas que apontam para a existência de sujeitos 
textuais responsáveis por tais acções enunciativas, onde o autor introduz 
estratégias discursivas da oralidade. 
Aí subjazem igualmente estilos de comportamento e uma figuração 
léxico-gramatical corroborada pelos nomes hipocorísticos das personagens. 
Esse aparente minimalismo textual que a elipse permite, esconde 
paradoxalmente um esforço em dar mais densidade aos contornos não-verbais 
e às diversas circunstâncias envolventes, isto é, os chamados não-ditos 
culturais. 
Do ponto de vista sociológico, a estratégias de Boaventura Cardoso, à 
semelhança de Luandino Vieira, inspira rigorosamente à denúncia de 
clivagens e variações no funcionamento da língua portuguesa em Angola. A 
diglossia imprópria é para este autor um importante instrumento. De tal 
modo que todos os textos parecem levantar a problemática da língua 
literária, relativizando-a no contexto angolano. Daí que a acção do autor 
se traduza na exploração das virtualidades do sistema linguístico. Os 
resultados que alcança no plano formal, deixam de ser suficientes para 
explicar tais níveis de realização,exigindo-se ainda a convocação do 
projecto estético subjacente. 
Mas semelhante constatação só é possível se se tiver em atenção a situação 
de discurso em que os textos são criados. Os seus dois romances (O Signo 
do Fogo e Maio, Mês de Maria) apresentam um coerente fio condutor do ponto 
de vista da articulação das histórias respectivas. Se O Signo do Fogo é um 
romance que se inscreve no contexto temporal anterior à independência, ou 
seja, no período colonial, já em Maio, Mês de Maria temos um típico 
romance pós-colonial ou do pós-independência, em que se incorporam 
elementos do imaginário religioso perante as crises que fracturam o tecido 
social no centro do qual está a personagem chamada João Segunda. 
O imaginário religioso e sagrado é vazado através das relações que João 
Segunda estabelece com um animal doméstico, a cabra Tulumba, em cujo 
comportamento se podem interpretar os sinais premonitórios e reprobatótios 
das peripécias do protagonista. 
Carmo Neto 
Carmo Neto nasceu a 16 de Outubro de 1962 em Malanje, onde fez os estudos 
primários e secundários. Durante anos a fio, enquanto cumpria o serviço 
militar, foi jornalista da Revista Militar de que chegou a ser Director. É 
jurista. Presentemente exerce advocacia em Luanda. 
O pequeno volume da sua produção narrativa, constituída por três textos, o 
últimos dos quais é colectânea de textos curtos publicados no Jornal de 
Angola, parece revelar um excessivo respeito pela escrita literária, 
preferindo uma progressiva acumulação de experiências, em vez de uma 
fluidez criativa. Mas ao mesmo tempo esconde expectativas e ambições para 
escritas e textos de maior fôlego. É membro da União dos Escritores 
Anglanos. 
Publicou três textos narrativos: 
· A Forja (1985), 
· Meu Réu de colarinho branco (1988), 
· Mahézu (2000). 
Cikakata Mbalundu 
Cikakata Mbalundu é natural do Mungo, província do Huambo onde nasceu em 
1955. Fez os estudos na capital da província. Fixou residência na cidade 
do Lubango em fins da década de 70. Aí iniciou os estudos universitários 
em filologia germânica, vindo a formarar-se em Psicologia pelo ISCED, 
designação dada posteriormente a antiga Faculdade de Letras, no âmbito da 
reforma do ensino superior. 
Obteve o doutoramento em Portugal (Universidade do Minho). 
Publicou dois romances: 
· Cipembúwa (1986), 
· O Feitiço de Rama de Abóbora (1996). 
· O Feitiço de Rama de Abóbora (1996). 
· Entre a Morte e a Luz (2002). 
Com as duas primeiras obras o autor participou no concurso do Prémio 
Sonangol de Literatura, tendo a primeira sido distinguida com uma menção 
honrosa e a segunda mereceu o troféu do ano de 1991. 
Costa Andrade 
Costa Andrade cujo nome guerra é Ndunduma we Lépi, adoptado nos tempos da 
guerrilha no Leste de Angola. É natural do Lépi, localidade situada na 
actual província Huambo, onde nasceu há 64 anos, em 1936, portanto. Fez os 
estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango. Por razões que 
se prendiam com a falta de universidades ou outras escolas superiores nas 
colónias portuguesas, como acontecia na generalidade com os jovens da sua 
geração, Costa Andrade encontrava-se em Portugal, nas décadas de 40 e 50, 
com o objectivo de, em Lisboa, realizar estudos de Arquitectura. 
Foi editor, com Carlos Ervedosa, da Colecção Autores Ultramarinos da Casa 
dos Estudantes do Império, que desempenhou um papel decisivo na divulgação 
das literaturas africanas de língua portuguesa, especialmente da 
literatura angolana. Tem colaboração dispersa em várias publicações 
periódicas. Publicou textos sob vários pseudónimos, sendo o mais recente o 
heterónimo Wayovoka André. 
Além de Portugal, fixou residência por longos períodos de tempo em países 
como Brasil e Itália. A versatilidade de Costa Andrade, confirma-se com a 
sua já conhecida faceta de artista plástico. Mas tal prova acima de tudo 
uma personalidade, um escritor, um artista que se encontra em permanente 
busca de materiais e matérias para o trabalho criativo, avultando na sua 
história pessoal a arte do compromisso e da ruptura ao mesmo tempo. Criou 
o heterónimo Wayvoka André. 
Da sua bibliografia, em que se inscrevem obras de poesia, ficção e ensaio, 
destacam-se entretanto obras de poesia. 
Publicou: 
· Terra de Acácias Rubras, (poesia, 1961); 
· Tempo Angolano em Itália (poesia, 1963); 
· Poesia com Armas (poesia, 1975); 
· O regresso e o canto (poesia,1975); 
· O caderno dos Heróis (poesia, 1977); 
· No velho ninguém toca (texto dramático, 1979); 
· Literatura Angolana ( Opiniões), (ensaio, 1980); 
· No país de Bissalanka (poesia, 1980); 
· Estórias de Contratados (conto, 1980); 
· Cunene corre para sul (poesia, 1984); 
· Ontem e Depois (poesia, 1985); 
· Lenha Seca (versões em português do fabulário de língua Umbundu, 1986); 
· Dizer Assim( versões em português de provérbios da líbgua Umbundu, 
1986); 
· Os sentidos da pedra ( poesia, 1989); 
· Falo de Amor por Amar (poesia), 
· Lwini (poesia); 
Com o heterónimo Wayovoka André, 
· Limos de Lume (poesia, 1989); 
· Irritação (poesia, 1996); 
· Memória de Púrpura (Luanda, UEA, poesia, 1991). 
Dário de Melo 
Dario de Melo nasceu em Benguela a 2 de Dezembr o de 1935. Fez os estudos 
primários e parte dos secundários em Benguela. Em Portugal concluíu o 
Magistério Primário. Diplomado em 1955, foi inspector escolar e professor 
em diversas localidades de Angola, tendo chegado ainda a docente de 
disciplinas como português e pedagogia na antiga escola de professores de 
posto no Kuima.O seu currículo pessoal conta outros ofícios. Como 
jornalista colaborou em vários órgãos da comunicação social, 
designadamente jornais, rádio e televisão. Enquanto escritor é o mais 
prolífico dos autores de literatura infanto-juvenil tendo publicados 
dezoito títulos. Em 1998, arrebatou o Prémio PALOP de Língua Portuguesa de 
Literatura Infantil. 
É membro da União dos Jornalistas Angolanos e da União dos Escritores 
Angolanos. 
Publicou entre outros livros: 
· Quitubo - a terra do Arco-Íris (narrativa infanto-juvenil); 
· Onda Dormida (poesia); 
· INALDINO (narrativa infanto-juvenil); 
· Os Riscos Mágicos (narrativa infanto-juvenil); 
· As Sete Vidas de um Gato (narrativa infanto-juvenil); 
· Aqui, mas do outro lado (novela); 
· Farinha do mesmo saco (crónicas publicadas na Internet). 
Domingos Van-Dúnem 
Domingos Van-Dúnem nasceu em 1925 na localidade de Mbumba, em Caxito. 
Passou parte da sua infância em Luanda, onde fez os seus estudos 
primários. Em 1945 desempenhou funções de secretário de redacção do Jornal 
O Farolim, que era publicado na capital angolana desde 1932. 
Intensificou a sua actividade jornalística em Luanda, na segunda metade da 
década 40, tendo sido igualmente colaborador de jornais publicados em 
Lourenço Marques, actual Maputo e Lisboa. Da sua dispersa e vária 
colaboração a título de ilustração o seu primeiro conto A PRAGA publicado 
no Diário de Luanda em Agosto de 1947 dois artigos inseridos no Jornal 
Acção nomeadamente Breves considerações a roda de um grande tema e Notícia 
sobre o poeta Rui Noronha, datados de Junho e Setembro de 1947. 
Publicou: Um História Singular, Milonga, Dibundu e Kuluka. Apesar de 
publicadas depois de 1974, as obras deste autor, tal como acontece com a 
de outros escritores, carregam marcas da experiência individual da sua 
geração em que avulta contexto da situação colonial. Com Uma História 
Singular, publicado em 1975, inicia o tratamento de um tema que ressurge 
em narrativas posteriores, com algumas variações de intensidade. 
Este texto breve parece constituir uma paródia do destino das mulheres 
que, originárias das franjas inferiores da escala social, entram em 
amancebia com homens detentores de algum estatuto social, para contornar 
obstáculos da sua condição económica. Milonga é um livro que inclui três 
contos cujas histórias decorrendo no período colonial se inscrevem no espaço 
urbano de Luanda e na região do Kuanza-Norte. 
Merece, no entanto, destaque O Processo, um conto que repete a história de 
uma criatura que vive as peripécias de uma indigência idílica. O tecido 
novelesco de Dibundu comporta igualmente um feixe 
de acções que descambam no drama de uma mulher. Hébu é o nome da 
sacrificada personagem cuja infelicidade parece estar predeterminada por 
uma relação sexual episódica com um administrador colonial e que a expõe 
ao opróbio do seu meio. 
Por outro lado, na obra de Domingos Van-Dúnem constrói e atribui às 
personagens o uso de expressões idiomáticas motivadas pela co-presença da 
língua kimbundu, no espaço em que os eventos narrativos se inscrevem. Em 
síntese, a obra de Domingos Van-Dúnem produz um traço de originalidade em 
razão da sua recorrência temática: a mulher, a personagem feminina e 
motivos associados aparecem em representações realistas, actuando em 
situações que lhes conferem sentido, mas destituídas tendencialmente de 
qualquer imagem patética. 
Ernesto Lara Filho (1932 - 1977) 
A morte colheu-o em 1977, quando no apogeu de viver projectava certamente 
outras aventuras. Nascido em 1932, com o nome civil de Ernesto Pires 
Barreto de Lara, contava quarenta e cinco anos de idade, na data em que 
entrou para a galeria dos escritores mortos de que já fazia parte Alda 
Lara, sua irmã. Em 1945, partiu para Portugal com a finalidade de 
frequentar a escola de regentes agrícolas de Coimbra. A partir de 1952 
inicia uma actividade intermitente de jornalista e regente agrícola. A 
alternância vai pendendo mais para o jornalismo. Como jornalista começa o 
ofício nos jornais Comércio e Diário de Luanda entre 1954 e 1958. Ele 
mesmo escreveria: "Há alguns anos - por volta de 1954 - quando ingressei 
no jornalismo diário angolano - dediquei-me de alma e coração a tentar 
fazer renascer nas pessoas que me liam o gosto pelas coisas de Angola" 
(pessoas & coisas, 1962/63, Notícias). 
Data da década de 50 a sua coluna de crónicas, Roda Gigante publicada no 
Jornal de Angola da Associação dos Naturais de Angola. De 1959 a 1961 está 
no jornal ABC de Luanda pelo qual chegou a ser enviado a Lisboa como 
repórter. Em 1961, está no Huambo exercendo a profissão. É regente 
agrícola na Junta de Exportação de Cereais. É colega de Rebelo de Andrade 
na estação de melhoramentos de plantas da Chianga. Ainda nesse ano ambos 
fundam a Colecção Bailundo, na esteira de publicações que vinham sendo 
feitas pela Colecção Autores Ultramarinos da Casa dos Estudantes do 
Império de Lisboa e pela Colecção Imbondeiro do Lubango, então Sá da 
Bandeira. O primeiro livro da colecção foi uma recolha de poemas de 
Alexandre Dáskalos, poeta do Huambo que morrera no mesmo ano. O segundo 
livro foi Picada de Marimbondo do próprio Ernesto Lara. 
É demitido da Junta ainda em 1961. Em trânsito para Lisboa, revisita 
Benguela e Luanda. Parte em seguida para o exílio. Passa por Portugal. 
Deambula pela Europa. Mas, depois de uma actividade política efémera 
exercida em Paris, integrando as fileiras da FUA, abatido pela nostalgia 
regressa ao Huambo, então Nova Lisboa. Em 1963, sai a público Canto do 
Martrindinde, seu segundo livro de poesia. 
A topografia, a fauna e personagens castiças são elementos de uma escrita 
saudosa, nostálgica mas absolutamente ancorada ao tempo e ao espaço, nas 
coordenadas da memória e de uma história pessoais. Sempre que estivesse 
longe da terra, era dilacerado no seu âmago. Embora em Picada de 
Marimbondo, um livro publicado em 1960, o tom do discurso poético 
apontasse já para esse lirismo, é sobretudo com O Canto do Martrindinde 
que a nostalgia liquida o poeta. Aliás, ao título deste livro acrescenta: 
e outros poemas feitos no Puto. 
Fernando Kafukeno 
Fernando Kafukeno nasceu em Luanda aos 18 de Novembro de 1962, onde fez os 
estudos primários, secundários e pré-universitários. Foi membro da Brigada 
Jovem de Literatura de Luanda. Em 1987 integrou o elenco directivo da 
Brigada Jovem de Literatura de Angola. Organizou tertúlias literárias que 
cujo cenário era a cervejaria Biker, na baixa de Luanda.Os seus primeiros 
poemas foram publicados no suplemento cultural do Jornal de Angola. Na 
fase inicial da sua carreira, demonstrou sempre uma avidez de leitura e 
convívio pessoal com outros poetas. Assim se explica a amizade que na 
década de 80 travou com o malogrado David Mestre. 
Estamos, pois, diante de um poeta que, ao lado de outros mais ousados da 
sua geração, e pugnando por uma certa discrição mediática, apresenta um 
elevado nível de elaboração no fazer da poesia, recorrendo ao 
experimentalismo poético, a um selectivo acervo vocabular brandamente 
marcado pela topografia de Luanda e à construção do texto curto e denso. É 
uma revelação de vulto na poesia angolana da geração de 80, a chamada 
geração das incertezas. 
É membro da União dos Escritores Angolanos. Arrebatou o Prémio de 
Literatura Cidade e Luanda 1999 com o livro Missangas !Kituta 
Publicou: 
· Boneca do Bê-Ó (1983); 
· Na Máscara do Litoral ( 1997); 
· Sobre o Grafite da Cera (2000); 
· Missangas Kituta (2000) 
Frederico Ningi 
Frederico Ningi nasceu em Benguela a 17 de Fevereiro de 1959.Fez os 
estudos primários e secundários na cidade natal e em Luanda realizou 
estudos de jornalismo.Presentemente é assistente de comunicação e imagem 
da Sonangol Aeronáutica. Filho de pais tocoístas, sobre os quais se abateu 
a restrição de liberdade religiosa na década de 60, cedo começou a ler 
Bíblia nas versões em Umbundu e Português, tendo-se tornado na 
adolescência leitor assíduo da literaturta espiritual oriental e 
praticante de yoga. 
Enquanto poeta integra uma das quatro tendências em que podemos analisar a 
poesia da geração de 80.Faz parte daquele grupo de poetas iconoclastas, 
que além de perturbarem a estrutura morfológica das letras e palavras com 
o jogo de maiúsculas, a presença de termos em línguas nacionais, 
introduzem uma ordem visual nos seus textos,produzindo um resultado 
surpreendente na combinação de fotografia, grafismo monocromático e 
gravuras de tratamento informático. 
Dedica-se igualmente à fotografia cuja actividade desenvolve de modo quase 
profissional. É membro da União dos Escritores Angolanos e da União dos 
Artistas Plásticos. 
Publicou: 
· Os Címbalos dos Mudos (1994) e Infindos na Ondas (1998). 
Henrique Abranches 
Henrique Abranches nasceu em Lisboa em 1932. Veio para Angola em 1947. 
Participou na luta política clandestina contra o colonialismo português, 
tendo por conseguinte adquirido a nacionalidade angolana. Esteve exilado 
em Argel, onde foi co-fundador do Centro de Estudos Angolanos. 
Neste Centro trabalhou com Pepetela na redacção de um manual de História 
de Angola usado nos centros de instrução revolucionária do MPLA, no 
período da guerra anti-colonial e adoptado para o sistema de ensino 
angolano, nos anos que se seguiram à independência. Durante muito tempo 
foi considerado um dos mais proeminentes investigadores de questões 
culturais angolanas, nomeadamente aquelas que dizem respeito à museologia, 
história, etnologia, especialmernte às chamadas culturas etno-regionais. 
Pode igualmente ser considerado um autor cerebral com uma poderosa e quase 
infindável capacidade de criar mundos fanstásticos. Publicou Diálogo, A 
Konkava de Feti, O Clã de Novembrino, Kissoko de Guerra, Sobre a Colina de 
Kalomboloca, Cântico Barroco, Titânia, Misericórdia para o Reino do Congo! 
e Os Senhores do Areal. Tem no prelo o 1º volume do romance As Marés do 
Bacilon com o título "O Ovo Magentino". 
Três romances deste autor merecem a nossa atenção, nomeadamente: 
· A Konkava de Feti, 
· O Clã de Novembrino (romance de três volumes) 
· Misericórdia para o Reino do Congo!. 
Em A Konkhava de Feti socorre-se de materiais das tradições orais dos 
povos do sudoeste de Angola. 
Em O Clã de Novembrinonarra a história de um naufrágio, gravitando à volta 
do velho tema da ilha. Os sobreviventes que, são colonos africanos cujo 
destino era o Brasil. Fundam uma nova comunidade no pedaço de terra para 
onde são lançados pelas ondas do Atlântico. Numa persistente luta contra 
as adversidades da natureza constroem uma sociedade cujas bases são 
constituídas pela cultura das diversas étnias do país de origem. Instituem 
regras e normas apropriadas à sua situação como, por exemplo, a que diz 
respeito à regulação das relações entre os homens e as mulheres, devido à 
escassez destas últimas. Mas se tivermos em atenção a tematização da 
histórica, é sem dúvida o terceiro que melhor situa o autor no panorama da 
ficção narrativa angolana. 
Henrique Abranches vai à História de Angola e submete a um tratamento 
ficcional o chamado movimento messiânico dos antoninos que no século XVII 
é liderado por Cimpa Vita. O cenário é o reino do Congo, mais precisamente 
na região do Soyo. 
Henrique Guerra 
Henrique Guerra nasceu em Luanda a 25 de Julho de 1937. É engenheiro 
civil, tendo exercido actividade docente na Faculdade de Engenharia da 
Universidade Agostinho Neto. Fez a sua estreia literária aos 20 anos de 
idade. Além de escritor, é artista plástico. 
Pertence a chamada geração da Cultura, designação que deriva do nome da 
principal publicação literária da cidade da década de 50/60, publicada em 
Luanda pela Sociedade Angolana de Cultura. Colaborou em outras publicações 
peródicas como o Jornal de Angola da Associação dos Naturais de Angolana 
(ANANGOLA) e Mensagem da Casa dos Estudantes do Império. 
Foi membro da Comissão de Redacção da gazeta Lavra & Oficina e Secretário 
para as Actvidades Culturais da União dos Escritores Angolanos de que é 
membro fundador. Henrique Guerra, que foi preso político nos anos 60 em 
Lisboa, é um daqueles escritores que, no percurso histórico-literário 
angolano, representam o modo como foi assumida a dimensão cívica da 
actividade literária. 
Publicou: 
· A Cubata Solitária ( contos, 1962); 
· Angola - Estrutura Económica e Classes Sociais (ensaio, 1975); 
· Quando me Acontece Poesia (poesia, 1976); 
· Alguns poemas (1978); 
· O Círculo de Giz de Bombó (teatro, 1979); 
· Três Histórias Populares (ficção narrativa, 1980 ) 
Jacinto de Lemos 
Jacinto de Lemos nasceu em Icolo - e - Bengo a 2 de Janeiro de 1961. Fez 
os estudos primários, secundários em Luanda. Publicou Undengue (1989), 
menção honrosa do Concurso Sonangol de Literatura em 1986 e O Pano Preto 
da Velha Mabunda ( 1997). 
No plano temático, a sua narrativa caracateriza-se pelo modo como é 
apresentada a paisagem social suburbana luandense e as personagens que 
tipificam o seu universo social, feito nomeadamente de humor e relações 
conflituosas, destacando-se entre os intervenientes crianças, mulheres e 
homens ociosos ou marginais. 
Do ponto de vista da linguagem, os diálogos, a narração dos factos, e a 
descrição dos ambientes em que interagem aquelas personagens, são os 
aspectos mais visíveis. 
João Maimona 
Nasceu a 8 de Outubro de 1955, em Kibocolo, Maquela do Zombo. Estudou 
humanidades científicas em Leopoldeville.Em 1978, fixou residência na 
província do Huambo, onde se licenciou em medicina veterinária. É 
diplomado em Estudos Superiores Especializados de Virologia Médica e 
Epidemiologia Animal, pelo Instituto Pasteur de Paris e pela Ecole 
Nationale Veterinaire d'Alfort, França. É quadro do Ministério de 
Agricultura e do Desenvolvimento Rural e desempenhou as funções de 
Director Nacional do Instituto de Investigação Veterinária (I.I.V.), de 
1991 a 1993. É assistente da Universidade Agostinho Neto. Foi membro 
fundador da Brigada Jovem de Literatura do Huambo. 
É membro da União dos Escritores Angolanos. Em 1984, arrebatou o prémio 
Sagrada Esperança com o livro de poesia Trajectória Obliterada. Em 1987, 
foi distinguido com a medalha de bronze no concurso internacional de 
poesia, organizado pela Academia Brasileira de Letras, na cidade do Rio de 
Janeiro. Tem colaboração dispersa pela imprensa angolana e estrangeira. 
Figura na Antologia No Caminho Doloroso das Coisas (1988). 
É deputado à Assembleia Nacional. 
Publicou: 
· Trajectória Obliterada (poesia,1985); 
· Les Rose Perdues de Cunene (poesia,1985); 
· Traço de União (poesia, 1987, 1990); 
· Diálogo com a Peripécia (teatro, 1987); 
· As Abelhas do Dia (poesia, 1988, 1990); 
· Quando se ouvir o sino das sementes (poesia, 1993); 
· Idade das Palavras (poesia, 1997); 
· No Útero da Noite (poesia, 2001); 
· Festa de Monarquia (poesia, 2001). 
João Melo 
João Melo é jornalista, escritor, publicitário. Nasceu em Luanda, em 1955. 
Estudou Direito em Coimbra e em Luanda. Licenciou-se em Comunicação Social 
e fez o mestrado em Comunicação no Rio de Janeiro. Dirigiu vários meios de 
comunicação angolanos, estatais e privados. Foi secretário-geral da União 
dos Escritores Angolanos. Actualmente, além de presidente da Comissão 
Directiva da UEA, dirige uma agência de comunicação privada e é deputado à 
Assembleia Nacional. 
Publicou: 
• Definição (poesia, 1985); 
• Fabulema (poesia, 1986); 
• Poemas Angolanos (poesia, 1989); 
• Tanto Amor (poesia, 1989); 
• Canção do Nosso Tempo (poesia, 1991); 
• O Caçador de Nuvens (poesia, 1993); 
• Limites & Redundâncias (poesia, 1997); 
• Imitação de Sartre & Simone de Beauvoir ( contos, 1998); 
• Jornalismo e Política (ensaio, 1991). 
João Tala 
João Tala nasceu em Malanje a 19 de Dezembro de 1959. É médico exercendo a 
profissão como interno em alguns hospitais de Luanda. Iniciou a sua 
actividade literária na cidade do Huambo, onde cumpria o serviço militar e 
foi co-fundador da Brigada Jovem de Literatura. Apesar de ter frequentado 
círculos literários daquela cidade, de que despontaram ainda na década de 
80 importantes nomes da novíssima poesia angolana como João Maimona, o seu 
primeiro livro de poesia sai a público apenas em 1997. Arrebatou o prémio 
Primeiro Livro da União dos Escritores em 1997 e o promeiro lugar dos 
Jogos Florais do Caxinde em 1999. 
Parecendo justificar o respeito que nutre pela poesia, o seu livro de 
estreia é, apesar dos cerca de 15 poemas, uma auspiciosa contribuição para 
a renovação e diversidade do discurso poético angolano. O segundo livro 
voltou a merecer um acolhimento encomiástico da parte de José Luís 
Mendonça, outro expoente da sua geração, que o considera como uma vocação 
poética a irromper no universo das letras angolanas com soberania inerente 
aos grandes criadores. 
Publicou: 
· A Forma dos Desejos (poesia,1997); 
· O Gasto da Semente (poesia, 2000) 
É membro da União dos Escritores Angolanos. 
Joaquim Dias Cordeiro da Matta (1857-1894) 
Joaquim Dias Cordeiro da Matta, natural de Icolo e Bengo, nasceu em 25 de 
Dezembro de 1857 na povoação de Cabiri. Morreu precocemente em 1894. Terá 
sido provavelmente o mais velho dos irmãos, Luís Domingos Cordeiro da 
Matta e Domingos José Cordeiro da Matta cujos nomes vêm mencionados em 
mapas do movimento da escola do concelho de Icolo e Bengo durante o ano de 
1879. Estudava-se na época disciplinas como leitura, escrita, catecismo, 
aritmética e tabuada. Possuindo igualmente uma formação primária 
elementar, Joaquim Dias Cordeiro da Matta é um dos muitos exemplos do 
autodidactismo que continua a fazer história no jornalismo e na 
investigação em Angola. Numa nota necrológica publicada no jornal O Arauto 
Africano, diz Mamede de Sant’Ana e Palma: “ Não cursou universidade, nunca 
esteve em colégio nenhum da Europa, nem em escola nenhuma de Loanda e é 
por isso mesmo que tem juz (…) à estima dos seus patrícios e ao respeito 
dos homens ilustrados, porque à força de muita vontade tem querido honrar 
o seu país legando à posteridade o fruto da sua dedicação (…)”. Evitando 
fixar residência em Luanda, passava maior parte do tempo na Barra do 
Kwanza, onde vivia. E «rodeava-se de uma biblioteca que causava admiração 
aos contemporâneos». J.D. Cordeiro da Matta, «o pai da literatura 
angolana», demonstrou possuir uma personalidade potencialmente 
multifacetada. Mário António analisa-a em sete vertentes: poeta, cronista, 
romancista, jornalista, pedagogo, historiador, filólogo e folclorista. 
Publicou entre outras obras Delírios (poesia), Philosophia Popular em 
Provérbios Angolenses (1891, pesquisa da literatura e filosofia oral), 
Ensaio de Diccionário Kimbundu-Portuguez (1893), Cartilha racional para se 
aprender a ler o Kimbundu escrita segundo a Cartilha Maternal de João de 
Deus. 
Jorge Macedo 
Jorge Macedo nasceu na cidade de Malanje em 1941. A primeira actividade 
profissional que desenvolveu foi a de regente escolar, tendo ingressado em 
seguida na carreira administrativa. Após a independência ocupou vários 
cargos de responsabilidade entre os quais os de Director Nacional de Arte 
e Director Nacional da Escola de Música. Fez os estudos primários e 
secundários em Malanje. 
Educado nos seminários, frequentou os seminários Menor e Maior de Luanda 
até ao curso de Filosofia. Formou-se em etnomusicologia pela Universidade 
de Kinshasa. Reside actualmente em Lisboa onde exerce a actividade de 
jornalista, dirigindo a Revista Afro-Letras da Casa de Angola em Portugal. 
Este autor pode ser considerado como sendo um dos raros poetas e 
ficcionistas que, pela estreia precoce à semelhança de Mário António, 
assinala com a sua obra a transição de gerações, neste caso da geração de 
60 a de 70. 
E pode tal facto estar na origem da sua propensão para o exercício dos 
vários géneros literários e associações a outras manifestações artísticas. 
Acabou por ser igualmente colhido pelo desencanto que longe da pátria se 
agrava, quando sente o país dilacerado pela guerra. É este o tema do seu 
último livro de poesia, O Livro das Batalhas. Iniciou a sua vida literária 
em 1957 com a publicação do livro de poesia Tetembu. Seguiram-se As 
mulheres ( poesia, 1970), Pai Ramos (poesia, 1971), Irmã Humanidade 
(poesia, 1973), Gente do meu bairro (ficção narrativa, 1977), Clima do 
Povo ( poesia, 1977), Voz de Tambarino (1978), Geografia da Coragem 
(romance,1980) Página do Prado (1989), Literatura Angolana e Texto 
Literário (ensaio, 1989), Poéticas na Literatura Angolana (ensaio,1989) 
Sobre o Ngola Ritmos (ensaio, 1989) O Livro das Batalhas (1993), O Menino 
com olhos de bimba ( contos de literatura infantil, 1999). 
José de Fontes Pereira 
José de Fontes Pereira nasceu em Luanda em Maio de 1823. Aí fez os estudos 
primários. Imbuído de um grande espírito autodidáctico, como acontecerá 
com muitos jornalistas das gerações seguintes, realizou estudos de 
direito, tendo chegado a advogado provisionário, após obtenção de 
correspondente habilitação. 
O seu nome encabeça a lista das mais brilhantes penas que exercitaram o 
discurso protestatário em prosa no jornalismo angolano e que lançaram a 
ensaística angolana, na segunda metade do século XIX, sendo considerado 
ídolo inspirador das gerações que em fins do século XIX e na primeira 
metade do século XX desenvolveram e consolidaram o jornalismo e a 
autonomia da literatura angolana. 
Colaborou em diversos jornais publicados em Luanda no século XIX, tais 
como O Cruzeiro do Sul, O Arauto Africano, O Mercantil, O Futuro de 
Angola, O Pharol do Povo. 
José Eduardo Agualusa 
José Eduardo Agualusa nasceu em Dezembro de 1960, na cidade do Huambo. 
Reside em Lisboa. É jornalista do Público e da RDP-África. 
Publicou: 
• A Conjura (1989, que mereceu o Prémio Sonangol de Literatura, 
• D. Nicolau 
· Água - Rosada 
· Outras Estórias Verdadeiras e Inverosímeis (1990), 
• A Feira dos Assombrados (1992), 
• Estação das Chuvas (1996), 
• Nação Crioula (1997). 
José Luis Mendonça 
José Luís Mendonça nasceu a 24 de Novembro de 1955, no Golungo Alto, 
província do Kwanza Norte. Jornalista e poeta, é funcionário do UNICEF 
Angola, onde exerce actualmente as funções de assistente de informação. 
Podendo ser considerado o mais vigoroso produtor de rupturas no plano 
formal naquilo que é a novíssima poesia angolana, preenche igualmente os 
requisitos para ser um dos mais inovadores poetas da Geração de 80, a 
chamada Geração das Incertezas.Inscreve-se numa das quatro tendências em 
que podemos analisar a poética dessa geração, caracterizando-se 
particularmente pelo rigor e intencionalidade na construção de metáforas e 
pela associação de sentidos, quando é confrontado com a necessidade de 
propor uma verdadeira linguagem poética. 
Escreve para diversos órgãos de imprensa angolanos e tem participado em 
vários festivais internacionais de poesia.Figura em antologias de poesia 
angolana publicadas no Brasil e Portugal. É membro da União dos 
Escritores, desde de 1984. 
Publicou seis livros de poesia: 
• Chuva Novembrina (1981, Prémio de poesia Sagrada Esperança, INALD,1981); 
• Gíria de Cacimbo ( Prémio Sonangol de Literatura, União dos Escritores 
Angolanos, 1986); 
• Respirar as Mãos na Pedra ( Prémio Sonangol de Literatura, União dos 
Escritores Angolanos,1986); 
• Quero Acordar a Alva (Prémio de Poesia Sagrada Esperança,ex-aequo, 
INALD,1996); 
• Logaríntimos da Alma- Poemas de Amar, (União dos Escritores 
Angolanos,1998); 
• Ngoma do Negro Metal (Edições Chá de Caxinde, 2000) 
José Mena Abrantes 
José Mena Abrantes nasceu em 11 de Janeiro de 1945 em Malanje, onde fez os 
estudos primários.Concluíu o ensino secundário em Luanda. Formou-se em 
Filologia Germânica em Lisboa. De 1970 a 1974 esteve exilado na Alemanha 
Federal.Iniciou a sua actividade teatral em 1967 em Lisboa.Na década de 70 
frequentou cursos e seminários de dramaturgia, tendo participado em 
diversos festivais internacionais e dirigido vários grupos teatrais. 
Já em Angola, foi co-fundador de grupos teatrais como Tchinganje e Xilenga 
Teatro, entre 1974 e 1975. Nos anos 80 fundou o grupo Elinga Teatro com o 
qual tem trabalhado na montagem de peças de sua autoria e de outros 
dramaturgos, além de uma intensa particpação internacional em países como 
Cabo-Verde, Brasil, Itália, Moçambique e Portugal, destacando-se a 
presença em festivais internacionais como o FITEI. 
José Mena Abrantes é também poeta e ficcionista que na década de 80 
arrebatou por três ocasiões o Prémio Sonangol de Literatura. Destaca-se 
fundamentalmente como um dos mais perseverantes encenadores do teatro que 
assume intensamente a actvidade criativa de dramaturgo, combinando a busca 
de paineis temáticos na história e nas literaturas orais com um trabalho 
de reflexão teórica sobre o teatro angolano. 
É membro da União dos Escritores Angolanos 
Publicou: 
• Ana,Zé e os Escravos (teatro, prémio sonangol de literatura, 1988); 
• Nandyala ou a Tirania dos Monstros (teatro, 1993); 
• Sequeira, Luís Lopes ou o mulato dos prodígios (teatro, 1993); 
• A órfã do rei (teatro, 1996); 
• Meninos (poesia, prémio sonangol de literatura, 1991); 
• Caminhos desencantados (ficção, 1996); 
• Objectos musicais (poesia, 1997); 
• Cinema angolano: um passado a merecer melhor presente (ensaio, 1986); 
• O Teatro Angolano (ensaio, 1994). 
Lopito Feijóo 
J.A.S. Lopito Feijoó nasceu no Lombe, província de Malanje a 29 de 
Setembro de 1963. Passou a infância em Maquela do Zombo e adolescência em 
Luanda, no bairrro do Cazenga. Fez os estudos primários, secundários e 
pré-unviversitários em Luanda. Na década de 80 foi co-fundador da Brigada 
Jovem de Literatura de Luanda e realizou estudos de Direito na respectiva 
Faculdade da Universidade Agostinho Neto. Fez parte do elenco de direcção 
da Brigada Jovem de Literatura até 1984, data em que, com outros membros 
que pugnavam pela ruptura dos cânones do cantalutismo e pela busca de 
novas formas estéticas e semânticas para a Literatura Angolana, se 
constituíu o Grupo Literário OHANDANJI. 
Destaca-se na sua geração pela sua actividade de editor de publicações 
informais e plaquettes, além de boémio alimentador de polémicas, é activo 
frequentador de tertúlias, praticante da crítica e do ensaio nos anos 80. 
Mas é sobretudo com o texto poético que se firmou no panorama da poesia 
angolana, caracterzando-se, para além do experimentalismo, por uma certa 
iconolastia e erotização do vocabulário da poesia. 
Em 1985, é-lhe atribuída menção especial no Concurso literário do INALD 
pelo livro Entre o Ecran e o Esperma. 
É membro da União dos Escritores Angolanos. 
Publicou: 
· Doutrina (poesia, UEA, 1987); 
· Me Ditando; 
· Rosa Cor de Rosa; 
· Corpo-a-Corpo (plaquettes de poesia, 1987); 
· No Caminho Doloroso das Coisas-Antologia de Jovens Poetas Angolanos (UEA 
1988); 
· Cartas de Amor (UEA, poesia, 1990); 
· Meditando (ensaio e crítica, 1994). 
Luandino Vieira 
Luandino Vieira nasceu em Portugal no ano de 1935, na Lagoa do Furadouro. 
Veio para Angola aos três anos de idade na companhia de seus pais que eram 
colonos portugueses. Foi preso em 1959. Voltou a ser preso em 1961 e 
condenado a 14 anos de reclusão. 
Publicou: 
· A Cidade e a Infância(1960); 
· A Vida Verdadeira de Domingos Xavier(!961); 
· Luuanda (1963); 
· Vidas Novas (1962); 
· Velhas Estórias(1974); 
· No Antigamente, na Vida (1974); 
· Nós, os do Makulusu (1975); 
· Macandumba (1978); 
· João Vêncio e os seus Amores (1979); 
· Kapapa (1998) 
Aquela intencionalidade de produzir uma linguagem distinta viria ser posta 
à prova em 1965, quando a Sociedade Portuguesa de Escritores atribuíu o 
Prémio de Novelística ao livro Luuanda de Luandino Vieira que já publicara 
A Cidade e a Infância ( 1957). João Gaspar Simões, um dos críticos 
portugueses mais categorizados e que integrava o júri, recusou o seu voto. 
E explica assim a sua posição: " uma coisa é ser-se autor português, outra 
ser-se autor angolano, embora de expressão portuguesa , o falar dos 
personagens e o falar regional, o falar de povo que, como o brasileiro, 
mais tarde ou mais cedo, independentemente, atingirá diferenciação. 
Toda a obra de Luandino Vieira posterior a Luanda está profundamente 
marcada por essa inquietação. Ao nível da linguagem Luandino Vieira 
combina a estratégia de invenção da língua do narrador que é diferente da 
das personagens. Isto acontece pelo facto de o autor pretender transpor 
deliberadamente para o texto uma experiência linguística observada,mas não 
vivida. 
É por isso que, no nosso entender grande parte dos textos posteriores à A 
Vida Verdadeira de Domingos Xavier, sem prejuízo das finalidades estéticas 
prosseguidas, não são facilmente legíveis para o homem comum do meio 
luandense, em que é suposto decortrerem as acções. 
Manuel Rui Monteiro 
Manuel Rui Monteiro nasceu na cidade do Huambo em 1941. Fez os estudos 
primários e secundários no Huambo. Licenciou-se em Direito pela 
Universidade de Coimbra. 
Publicou: 
· O Regresso Adiado; 
· Memória de Mar; 
· Sim, Camarada!; 
· Quem me Dera ser Onda; 
· Crónica de um Mujimbo; 
· 1 Morto & Os Vivos; 
· RioSeco; 
· Da Palma da Mão; 
· Saxofone & Metáfora. 
A sua prosa ficção está profundamente marcada por preocupações estéticas 
de um realismo social que celebra o homem comum. Quando focaliza 
categorias de personagens da classe média, fá-lo para produzir caricaturas 
de comportamentos perversos. É aqui que este autor exibe a sua mestria no 
tratamento da sátira e da ironia. São recursos de grande eficácia no plano 
semântico-pragmático. Isto é, no que diz respeito ao conjunto de 
significações que se lhes associam e ao modo como os leitores os 
interpretam. O que pode ser provado pelo número de edições e tiragens de 
Quem me Dera ser Onda, título que suscitou grande empatia do público 
leitor. É a história de um porco que habita um apartamento na companhia de 
uma família cujo chefe é Faustino. Da hilaridade ao patético, a presença 
do animal vai provocando uma série de transtornos aos moradores do prédio, 
muitos dos quais pautam a sua conduta por regras e valores de um mundo 
urbano que começa a ser outro, como é este o da domesticação de animais no 
espaço residencial para a satisfação das necessidades de consumo de carne. 
É uma sátira mordaz a respeito de fenómenos de mobilidade social de 
determinadas categorias, do mimetismo dos novos ricos, e do populismo 
político. 
O realismo social, a sátira e a ironia logram níveis de elaboração 
estética em Rioseco, um romance cuja história decorre numa ilha adjacente 
à parte continental de Luanda. Um casal de refugiados do sul e leste de 
Angola, em que o marido e a mulher pertencem a etnias diferentes, vai 
acoitar-se no mundo insular de pescadores pertencentes a uma outra etnia 
do norte . Tecem profundas relações sociais de solidariedade, e apesar das 
suas origens étnicas, acabam todos eles,por construir um mundo diferente 
em que procuram banir a violência que dilacera o continente. No plano da 
linguagem, Manuel Rui Monteiro experimenta o recurso à diglossia 
imprópria, através do qual os dircursos das personagens são impregnados de 
estruturas frásicas e semânticas que vazam das línguas autóctones e de uma 
psicologia equivalente. Não sendo ainda de desprezar a semântica do 
antropónimo de uma personagem feminina que é Noíto. Aqui vemos Manuel Rui 
lançar mão da memória que debita materiais para a ficção, pois trata-se de 
uma personagem que viveu no Huambo, afamada por ser uma grande quimbanda, 
ou seja, terapeuta tradicional a quem eram reconhecidos poderes do mundo 
intangível. E no romance Noíto é, no essencial, uma mulher capaz de 
decifrar os segredos da natureza e pressagiar infortúnios. 
Maria Celestina Fernandes 
Maria Celestina Fernandes nasceu na cidade do Lubango a 12 de Setembro de 
1945. Fez os estudos primários e secundários em Luanda. Na sua vida 
profissional tem inscritas experiências desenvolvidas em actividades como 
Assistente Social. É jurista e exerce o cargo de Consultora jurídica de 
instituições bancárias angolanas.Iniciou a sua carreira literária em 1980. 
Mas começa a publicar apenas em 1990. 
Enquanto escritora revela-se mais preocupada com a construção de textos 
dirigidos ao imaginário infanto-juvenil. Integra, por essa razão, a lista 
dos poucos escritores que se dedicam à literatura infantil. Animada pela 
força que as estórias podem ter sobre a imaginação das crianças, nos seus 
livros propõe fantasias a que associa sempre um certo fundo moral. É 
membro da União dos Escritores Angolanos. 
Publicou: 
· A Borboleta Cor de Ouro (1990); 
· Kalimba (1992); 
· Retalhos da Vida (1992); 
· A Árvore dos Gingongos (1993); 
· A Rainha Tarataruga (1997); 
· A Filha do Soba (2001). 
Mário António (1934-1988) 
Mário António Fernandes de Oliveira nasceu em Maquela do Zombo em 1934. 
Fez os estudos primários e secundários em Luanda, para onde foi viver aos 
sete anos de idade. Funcionário público desde 1952, desenvolveu 
actividades de pesquisa em Luanda como colaborador do Instituto de 
Investigação Científica de Angola. Em 1963 parte para Lisboa onde concluíu 
o Curso de Licenciatura em Administração Ultramarina com distinção, tendo 
sido convidado a exercer a docência a partir de 1966. Como investigador 
destacou-se pela dedicação ao estudo da história, da literatura e da 
cultura angolana em geral. A sua poesia que se distinguia por um lirismo 
de síntese marcado pelos recursos estilísticos de transição, divide-se em 
duas fases. 
Publicou: 
· 100 Poemas (1963); 
· Era tempo de Poesia (1966); 
· Rosto da Europa (1968); 
· Coração Tranplantado (1970); 
· Crónicas de uma cidae estranha (1964); 
· Farra de fim de semana (1965); 
· Luanda Ilha Crioula (1968) 
Mário Pinto de Andrade 
Nasceu em 21 de Agosto de 1928 no Golungo Alto e faleceu em Londres a 25 
de Agosto de 1990. Era filho de José Cristino Pinto de Andrade e de Ana 
Rodrigues Coelho. Em Luanda para onde veio em 1930, frequentou o Seminário 
de Luanda onde fez os estudos primários. No colégio das Beiras concluíu o 
ensino secundário em 1948. 
Em Outubro deste ano parte para Lisboa com o objectivo de estudar 
filologia clássica, tendo-se matriculado na Faculdade de Letras da 
Universidade Clássica. Com outros estudantes e intelectuais de países 
africanos de língua portuguesa, entre os quais angolanos, como Amílcar 
Cabral, Agostinho Neto, Francisco José Tenreiro, funda em 1951 o Centro de 
Estudos Africanos, um círculo de reflexão e investigação sobre temas e 
problemáticas respeitantes ao continente africano. 
Sob influência do pan-africanismo, da difusão de obras africanas e do 
desempenho de intelectuais africanos residentes em Paris, Mário Pinto de 
Andrade parte em 1954 para o exílio em Paris, onde se integra nos círculos 
africanos. 
Torna-se amigo pessoal do senegalês Alioune Diop, passando em seguida a 
fazer parte do corpo redactorial da então prestigiada revista Présence 
Africaine. Em 1956 toma parte activa do 1º Congresso de Escritores e 
Artistas Negros, realizado em Paris, em que estiveram igualmente 
poresentes Manuel dos Santos Lima e Joaquim Pinto de Andrade. 
Três anos depois, em 1959, com Viriato da Cruz, participa no 2º Congresso 
de Escritores e Artistas Negros, realizado em Roma. Na década de 60, ao 
lado de outros patriotas angolanos como Viriato da Cruz e Lúcio Lara, 
lança-se na luta política activa. 
Três anos depois renuncia a liderança do Movimento Popular de Libertação 
Nacional de Angola, preferindo assumir a postura de intelectual, 
desenvolvendo pesquisas e prosseguindo os estudos de sociologia, além de 
uma intensa actividade de publicações. 
Mário Pinto de Andrade deve ser considerado o mais importante e exemplar 
ensaísta angolano do século XX. Além de artigos e ensaios espalhados em 
publicações periódicas, publicou Antologia Temática de Poesia Africana 
(1953, 1979), La Poesie Africaine d'Expression Portugaise (1969), La 
Guerre en Angola (1971), Amilcar Cabral - Essai de biographie politique 
(1980), Origens do Nacionalismo Africano (1997). 
Mota Yekenha 
Mota Yekenha nasceu no Cipeio, província do Huambo, em Fevereiro de 1962. 
Aí viveu a infância e juventude. Frequentou a escola primária na missão 
católica local. Formou-se em filosofia e teologia no Seminário Maior do 
Huambo. Tem um romance publicado em 1992, sob o título Kambonha, com a 
chancela da Europress. 
Óscar Bento Ribas 
Óscar Bento Ribas nasceu em Luanda a 17 de Agosto de 1909. É filho de pai 
português, Arnaldo Gonçalves Ribas, natural de Guarda (Portugal), e de mãe 
angolana, Maria da Conceição Bento Faria, natural de Luanda. Fez os 
estudos primários e secundários em Luanda, tendo passado pelo 
Seminário-Liceu de Luanda. Poucos anos depois da criação do Liceu Salvador 
Correia de Luanda, viria em dois anos a concluir aí o 5º ano. 
Após uma estada em Portugal onde estudou aritmética comercial, regressa a 
Angola indo empregar-se na Direcção dos Serviços de Fazenda e 
Contabilidade. Residiu sucessivamente nas cidades de Novo Redondo, actual 
Sumbe, e Benguela, Ndalantando e Bié. Foi em Benguela que aos 22 anos de 
idade se começaram a manifestar os primeiros sinais da doença que, 14 anos 
depois, o levaria à cegueira definitiva aos 36 anos de idade. Considerado 
fundador da ficção literária moderna angolana, após António de Assis 
Júnior, Óscar Ribas iniciou a sua actividade literária nos tempos de 
estudante do Liceu. A sua primeira fase de publicações começa com duas 
novelas: Nuvens que passam em 1927 e Resgate de uma falta em 1929. 
Segue-se a segunda fase com Flores e espinhos (1948), Uanga (1950) e Ecos 
da minha terra (1952). No dizer do ensaísta e crítico literário Mário 
António, "Nesta última fase se inicia a prospecção da africanidade na obra 
de Óscar Ribas" para a qual contribuíu decisivamente " sua Mãe, D. Maria 
Bento Faria, protótipo das senhoras africanas do outro tempo, mantendo 
vivas as fontes originais da sua própria sabedoria". Em toda a produção 
literária posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma propensão pouco 
comum entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores. 
Revela-se profundamente preocupado com os temas da literatura oral, 
filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu. 
Destas preocupações resultam a sua bibliografia dos anos 60, nomeadamente: 
· Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975); 
· Missosso 3 volumes (1961,1962,1964); 
· Alimentação regional angolana (1965); 
· Izomba - Associativismo e recreio (1965); 
· Sunguilando - Contos tradicionais angolanos (1967, 1989) 
· Kilandukilu - Contos e instantâneos (1973); 
· Tudo isto aconteceu - Romance autobiográfico (1975); 
· Cultuando as musas - poesia (1992); 
Dicionário de Regionalismos angolanos. Óscar Ribas foi por diversas vezes 
distinguido com prémios e títulos honoríficos: Prémio Margaret Wrong 
(1952), Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1959), Prémio 
Monsenhor Alves da Cunha (1964). Quanto a títulos, com que foi agraciado: 
membro titular da Sociedade brasileira de Folk-lore (1954), Oficial da 
ordem do infante do governo português (1962), medalha Gonçalves Dias pela 
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968), Diploma de Mérito da 
Secretaria de Estado da Cultura ( 1989). 
Paula Tavares 
Ana Paula Tavares nasceu na Província da Huíla, em 1952. É historiadora 
com uma especialização em Literaturas Africanas de Língua 
Portuguesa.Presentemente reside em Lisboa onde tem vindo a desenvolver a 
sua actividade profissional nos domínios da investigação histórica, além 
de paralelamente exercer a docência. 
Quando em 1985, publicou o seu primeiro livro foi efusivamente acolhida 
pela comunidade dos poetas angolanos. Apesar de escrever igualmente em 
prosa, a especificidade da sua poesia, que revelava assim uma nova voz 
feminina cuja dicção poética demonstrava já alguma maturidade,despontou na 
apropriação das imagens e registos das oralidades étnicas angolanas 
colocando no centro a mulher enquanto sujeito. É membro da União dos 
Escritores Angolanos. 
Publicou: 
· Ritos de Passagem (poesia,1985); 
· O Sangue das Buganvílias (crónicas, 1998); 
· O Lago da Lua (poesia,199); 
· Dizes-me coisas Amargas como os Frutos (poesia, 1999). 
Pepetela 
Pepetela, pseudónimo de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, é 
natural de Benguela, onde nasceu em 1941. Realizou os estudos primários e 
secundários nas cidades de Benguela e Lubango. Em Portugal frequentou o 
Instituto Superior Técnico de Lisboa. Após a fuga para o exílio, 
juntou-se ao Movimento de Libertação Nacional. Em Argel, formou-se em 
Sociologia e integrou a equipa do Centro de Estudos Angolanos de que foi 
co-fundador com Henrique Abranches. 
Foi Vice-Ministro da Educação. Grande parte da sua produção foi publicada 
após a independência, como de resto se passa com uma boa parte dos 
ficcionistas angolanos. É o mais internacional dos ficcionistas em 
matéria de prémios. Foram-lhe atribuídos o Prémio Nacional de Literatura 
Prémio Camões pelo conjunto da sua obra em 1997 e com o Prémio Príncipe 
Claus para a Cultura e Desenvolvimento em 1999. Publicou Muana Puó 
(1978); As aventuras de Ngunga; Mayombe (1980); O Cão e os Calús(1985); 
Yaka (1985); Lueji,o Nascimento dum Império (1990); A Geração da Utopia 
(1992); O Desejo de Kianda (1995); Parábola do Cágado Velho(1996) A 
Gloriosa Família (1997), A Montanha de Água Lilás (2000 . 
A tematização da história imediata, social ou política, e antiga constitui 
a trama de quase todos os seus romances como Mayombe, Yaka , Lueji,o 
Nascimento dum Império, A Geração da Utopia, Lueji, A Gloriosa Família. 
Entre as suas onze obras de ficcão avultam três romances, 
nomeadamente Mayombe, A Geração da Utopia e Parábola do Cágado Velho. 
Com efeito, subjaz à tematização da história uma estratégia 
ficcional do escritor, que se revela nas suas grandes preocupações com a 
formação da nação, como o terá manifestado numa entrevista concedida a 
Michel Laban, um investigador francês. E atribui tal propensão e 
recorrência do tema na sua obra ao facto de ter estudado Sociologia. É no 
cruzamento que a onomástica e as personagens estabelecem com a História 
onde vamos encontrar motivos de grandes interrogações sobre o labor 
ficcional de Pepetela. 
Em Yaka, um romance em que se conta a saga dos Semedo, uma família 
descendente de um antigo colono, este autor submete personagens da 
História de Angola como Mutu-ya-Kevela a um tratamento semântico que 
suscita alguma perplexidade para o leitor angolano avisado, numa trama 
que se traduz em inadequada superação das metáforas coloniais. 
Mutu-ya-Kevela, que é um herói da resistência ao colonialismo, não pode 
ser reduzido a “ monstro de dentes compridos” funcionando como um horror 
às crianças, tal como acntece em Yaka. A perplexidade atinge o apogeu, 
quando a incorporação de personagens-referenciais no romance deixam de 
satisfazer aquele fim, através do qual se deve reabilitar os heróis 
passado, da grande narrativa angolana que é a História de Angola. Em tudo 
isso reside uma inquietação com aquelas coisas que tocam as identidades 
colectivas e a legitimação do lugar que se ocupa na sociedade. 
Raul David 
Raúl David nasceu em 1918 na cidade de Benguela, província de Benguela. 
Fez os estudos primários na Ganda, onde passou a infância. Frequentou o 
seminário católico de Ngalangi. Iniciou a sua actividade literária aos 45 
anos de idade. Mas estreia-se aos 57 anos, já no alvorecer da 
independência. Publicou Colonos e Colonizadores (1974), Poemas (1977) 
Escamoteados na Lei (1987), Cantares do nosso Povo, versões escritas de 
cantos e poemas em língua Umbundu (1987) Narrativas ao Acaso (1988), 
Ekaluko lya kwafeka ( 1988) Crónicas de Ontem para ouvir e contar (1989), 
a Justiça Tradicional nos Umbundos (ensaio) (1997). 
Raúl David reside actualmente em Benguela, capital da província onde 
nasceu,preparando-se para publicar as suas memórias. 
A leitura de toda a sua obra permite detectar a existência de um fio 
condutor que aponta para a predominância da narrativa-testemunho, apesar 
das incursões nos domínios da poesia oral em versões escritas e da 
ensaística. Mesmo assim está subjacente uma intenção de transmitir um 
conhecimento que, tendo-lhe chegado pela via oral, ele prefere reduzi-lo a 
escrito. 
Por todas estas razões, Raúl David é na verdade um cultor da memória, o 
que pode ser comprovado pela sua capacidade de improvisar a narração de 
experiências e factos ocorridos há cinquenta anos.O que qualifica o seu 
discurso narrativo no contexto do que é a contribuição para a história 
social da região de Benguela. 
A sua proficiência na língua Umbundu associada à frescura com que trabalha 
quando conta as suas histórias, constituem dois elementos entre tantos 
daquilo que permite distingui-lo de outros escritores angolanos que usam o 
português. Nele se reconhece a coexistência actual das línguas nacionais e 
da língua portuguesa. 
Roderick Nehone 
Roderick Nehone nasceu em Luanda a 26 de Março de 1965. É jurista e exerce 
actividade docente na Universidade Agostinho Neto. 
Publicou: 
· Génese (poesia, 1998); 
· Estórias Dispersas de um Reino (contos, 1996) e 
· O Ano do Cão (romance, 1998). 
Com o livro de poesia arrebatou o Prémio Literário António Jacinto e os 
livros de ficção foram agraciadas com o Prémio Sonangol de 
Literatura,sucessivamente em 1996 e 1997. 
Pertencendo ao que poderíamos designar por última fornada da Geração 
Literária de 80, é uma das mais fulgurantes revelações da ficção narrativa 
angolana.Vem assim engrossar o elenco de ficcionistas da geração em que 
figuram alguns autores com provas já dadas, tais como Cikakata Mbalundo, 
Jacinto de Lemos, Sousa Jamba e Mota Yekenha, exibindo uma diversidade de 
recursos a que se associa especialmente o fôlego para a construção de 
mundos fantásticos. É membro da União dos Escritores Angolanos. 
Rosália Silva 
Rosária Silva é natural do Kwanza Norte, onde nasceu em 4 de Abril de 
1959. Aí realizou os estudos primários e secundários. 
É formada em Ciências da Educação, na especialidade de linguística 
portuguesa, pelo Instituto Superior da Universidade Agostinho Neto. 
Publicou Totonya (1998),uma narrativa que mereceu menção honrosa do Prémio 
Literário António Jacinto. 
Rui Augusto 
Rui Augusto nasceu a 26 de Julho de 1958, na região de Camabatela. Fez 
parte daqueles grupos de jovens que na efervescência eufórica da 
independência integraram as forças armadas. Fez estudos universitários de 
Economia na Universidade Agostinho Neto. Na década de 80, exerceu 
actividades ligadas a edição de publicações, tendo sido revisor no Jornal 
de Angola, membro do conselho editorial do semanário cultural Angolê-Artes 
e Letras e da revista Mensagem. Desde 1992, tem vindo a dedicar-se à 
actividade política, sendo deputado à Assembleia Nacional. 
Além de ensaísta de boa prosa sem livro publicado, com provas dadas nas 
colunas da imprensa, é, no entanto, um dos mais importantes poetas da 
Geração Literária de 80, encabeçando aquela corrente ou tendência que se 
caracteriza pelo tratamento de temas associados à dimensão ontológica, 
mais concretamente a perda do sentido da existência humana. 
Publicou: 
· A Lenda do Chá (poesia,1987); 
· O Amor Civil (poesia, 1991); 
· Colar de Maldições (poesia, 1994). 
É membro da União dos Escritores Angolanos. 
Rui Duarte de Carvalho 
Ruy Duarte de Carvalho é um angolano por naturalização. Nasceu em Portugal 
em 1941. Passou a infância na Província do Namibe cuja paisagem, espaços 
físicos e sociais ocupam ainda hoje um lugar privilegiado nas suas 
actividades de escritor e investigador em antropologia. É Antropólogo 
formado em França na École des hautes Études en Sciences Sociales de 
Paris. Foi laureado com o Prémio Nacional de Literatura em 1988. 
Como regente agrícola, exerceu a profissão percorrendo as grandes regiões 
angolanas em que se encontram implantadas àreas da agricultura de 
rendimento, conhecendo igualmente as práticas agro-pastoris tradicionais e 
também chamadas de subsistência. Como cineasta e antropólogo tem vindo a 
situar o cenário das suas pesquisas a região etnocultural Kuvale, no sul 
do país. Neste contexto o poeta vai sendo interpelado pela flora e pela 
fauna, decorrendo daí o apelo telúrico para uma criação literária 
irremediavelmente marcada por experiências vividas. 
Tal como diz o escritor: Eu falo daquilo que sei, daquilo que 
experimentei, o que revela evidentemente a minha origem de classe, a minha 
formação, não pode deixar de ser nem eu quereria que fosse de outra 
maneira (…) revela também o muito profundo e específico comércio emotivo 
que tenho mantido com a geografia física e humana (…)". 
A sua estreia literária ocorre em 1972, quando arrebatando o Prémio Mota 
Veiga, publica Chão de Oferta, o seu primeiro livro de poesia. A sua 
produção é variada, cobrindo a poesia, a ficção narrativa, o ensaio e o 
cinema. Depois de 1972, publicou: 
· A Decisão da Idade (poesia, 1976); 
· Como se o Mundo não Tivesse Leste (ficção narrativa,1977); 
· Exercícios de Crueldade (poesia,1978); 
· Sinais Misteriosos…Já se Vê…(poesia,1979); 
· Ondula Svana Branca (poesia,1982); 
· O Camarada e a Câmara (ensaio, 1984); 
· Lavra Paralela (poesia,1987); 
· Hábito da Terra (poesia,1988); 
· Ordem de Esquecimento (poesia,1997); 
· A Câmara, a Escrita e a Coisa Dita, (ensaio, 1997); 
· Aviso à Navegação (ensaio,1997); 
· Vou lá Visitar Pastores (ficção narrativa); 
· Observação Directa (poesia, 2000); 
E acaba de publicar Lavra Reiterada, uma antologia de textos extraídos de 
livros anteriores, nomedamente Exercícios de Crueldade e Ordem de 
Esquecimento (poesia, 2000), Os Pepeis do Inglês(ficção, 2000). 
Samuel de Sousa 
Samuel de Sousa nasceu no Ambriz a 27 de Abril de 1927, viveu durante 
algum tempo na região do Bembe(Uíge), tendo-se fixando aos dezoito anos em 
Malange, onde dirigiu círculos de animação cultural de orientação 
anti-colonial. Tem colaboração em várias publicações periódicas, 
nomeadamente: Ecos do Norte, Jornal de Angola, Angolense, A Província de 
Angola, Cultura. 
Parte da sua obra literária inédita foi, em 1967, apreendida pela PIDE. 
Figura em Poesia de Angola, antologia publicada em 1976 pelo Ministério da 
Educação e Cultura. Pode ser considerado poeta bissexto, isto é, feito de 
alguma poesia e efémeras experiências literárias. Durante aproximadamente 
uma década foi Delegado Provincial da Cultura de Malange. 
Publicou um único livro de poemas Poesia, 1972, na colecção lavra e 
oficina da União dos Escritores Angolanos de que é membro fundador. 
Sousa Jamba 
Sousa Jamba nasceu na vila do Dondi, província do Huambo, em 1966. Passou 
a infância na capital da província. Em 1976 emigra para a Zâmbia, em 
consequência da guerra. Fez os estudos em língua inglesa, e com ela se 
iniciou na actividade literária. 
Em 1986 foi para Londres com o objectivo de estudar jornalismo. Trabalhou 
para o jornal The Spectator onde lhe foi atribuído o prémio Shiva Naipul. 
Reside actualmente em Londres. 
Publicou dois romances: 
· Patriotas (1991) e Confissão Tropical. 
Timóteo Ulika 
Timóteo Ulika, pseudónimo literário do historiador Cornélio Kaley, nasceu 
a 8 de Dezembro de 1944 no actual Município do Bailundo. Fez os estudos 
primários na Missão Evangélica do Bailundo. 
No Liceu do Huambo, antiga cidade colonial de Nova Lisboa, iniciou os 
estudos secundários que viria prosseguir em Luanda no Liceu Salvador 
Correia. Em 1969 ingressou no curso de História da Faculdade de Letras do 
Lubango que concluiria anos mais tarde na Faculdade de Letras da 
Universidade Clássica de Lisboa. 
É Mestre em Estudos Africanos pelo ISCTE de Lisboa, tendo consagrado o seu 
trabalho de tese à problemática da produção petrolífera no quadro geral da 
economia de Angola. Pela sua idade e experiência, Timóteo Ulika pertencerá 
certamente à geração literária de 70. 
Embora se revele tardiamente com obra publicada, este autor coloca-se ao 
lado daqueles ficcionistas que enriquecem a estrutura da narrativa 
angolana, ao trazer para a ficção literária uma focalização e um ponto de 
vista, todos eles positivos sobre outros espaços físicos, tipos de 
personagens e psicologias, nomeadamente a região planáltica, as 
personagens que povoam o mundo rural, seus saberes e filosofias veiculados 
em língua Umbundu, situações e discursos que funcionam em contextos de 
comunicação predominantemente oral. 
É membro da União dos Escritores Angolanos. 
Publicou: 
· A Rola de Tchingandu ( INALD,1988); 
· Os Petróleos e a Problemática do Desenvolvimento em Angola: Uma visão 
histórico-económica (1996); 
· Kandundu (2000) 
Uanhenga Xitu 
Uanhenga Xitu, nome próprio em língua Kimbundu de Agostinho André Mendes 
de Carvalho. Nasceu em Kalomboloca, a 29 de Agosto de 1924, Icolo e Bengo. 
Foi preso político em 1959, tendo feito parte do chamado “Processo dos 
50”. Cumpriu os oito anos da sua pena de prisão no campo de concentração 
do Tarrafal. É membro fundador da UEA de que foi Presidente da Comissão 
Directiva. 
Publicou: 
· Meu Discurso (1974); 
· Mestre Tamoda (1974); 
· Bola com Feitiço (1974); 
· Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem (1980); 
· Os Discursos do Mestre Tamoda (1984); 
· O Ministro (1989): Cultos Especiais (1997) 
· Mestre Tamoda (1974); 
· Bola com Feitiço ( 1974); 
· Manana (1974); 
· Vozes na Sanzala- Kahito (1976); 
· Maka na Sanzala (1979); 
· Os Sobreviventes da máquina colonial depõem (1980); 
· Discursos do Mestre Tamoda (1984); 
· O Ministro (1989); 
· Cultos Especiais ( 1997). 
Enquadrar este autor no grupo da geração de 48, é de certo modo um acto 
inusitado, além de problemático, na medida em que ele revela-se para a 
literatura na década de 70. Ora, se operarmos com um conceito de geração 
literária em que se dê relevância à experiência, talvez não hesitássemos 
em proceder assim. É que a sua narrativa carrega as vivências de décadas 
anteriores, não podendo a sua escrita traduzir facilmente a permeabilidade 
relativamente às motivações diferencialistas dos narradores de 60 e 70. 
Do conjunto da obra deste autor, a crítica e o público celebram com 
frequência o conto Mestre Tamoda. 
Tamoda, simbolizando, o mimetismo cabotino, é uma personagem típica do 
mundo rural que através da exibição de maneirismos expõe à hilaridade o 
uso da língua portuguesa perante uma audiência de jovens e crianças, 
transformando-se em modelo, no que diz respeito ao emprego e manipulação 
de vocábulos portugueses. 
Mas é a narrativa Manana que merece uma atenção particular. Trata-se de 
uma história cujo interesse reside na incorporação de universos da 
tradição oral e na sua concentração à volta do tema da constituição da 
família e motivações da sua ruptura. Os sinais da oralidade impregnam o 
texto com alguma intensidade. O que pode ser verificado pela utilização de 
determinados códigos da oralidade: o musical, o cinésico, o onomástico. 
O código musical rege os trechos cantados mais ou menos longos. O código 
onomástico rege os nomes de algumas personagens. Assim, o código musical 
associa-se ao código linguístico. 
O funcionamento e as regras do código onomástico verificam-se, por 
exemplo, na decifração do nome Manana . O sentido e o procedimento de 
nominação é referido pelo personagem-narrador nos seguintes termos: “Soube 
mais tarde que o nome dessa Manana não é de origem portuguesa. É de 
quimbundo. Significa ninfa ou larva de abelhas. Alimento dos jithuxi, dos 
caçadores e de mais pessoas que fazem vida permanente nas matas”. 
O código onomástico e as suas regras funcionam igualmente em relação a 
grande parte das personagens de segundo plano que têm nomes em kimbundu. 
Do mesmo modo os topónimos. No elenco dessas personagens destacam-se as 
seguintes: avô Mbengu, velha Kazola, Kalunga, velha Kifila, avô Matadi, 
Kunda Nzenze. 
Na qualidade de escritor com um envolvimento directo na actividade 
política, pois é deputado à Assembleia Nacional, na sua bibliografia 
destacam O Ministro e Cultos Especiais duas obras consagradas à crítica 
social, ao culto da personalidade e a outros comportamentos dos políticos. 
Viriato da Cruz (1928 - 1973) 
Nasceu em Porto Amboim, Kwanza Sul, em 1928. Fez os estudos liceais em 
Luanda. Considerado um dos mais importantes impulsionadores de uma poesia 
regionalista angolana nas décadas de 40 e 50, e da actividade política dos 
poetas que permaneceram em Angola, foi Secretário Geral do MPLA, durante 
os primeiros anos da década 60. 
Saíu de Angola em 1957 e em Paris foi juntar-se a Mário Pinto de Andrade, 
tendo desenvolvido intensa actividade política e cultural. Depois de ter 
abandonado a liderança do movimento de libertação nacional, veio a falecer 
na China em 13 de Julho 1973. 
Publicou 
Poemas (1961, Entre os seus textos poéticos, destacam-se Namoro, Sô Santo e Makézu. 
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