Extinguiu-se um crioulo indo-português
William Rozario, o último falante do crioulo português de Cochim (Foto: The Hindu) |
No passado mês de Agosto, faleceu perto de Kochi (Cochim), no estado de Kerala, sudoeste da Índia, um homem chamado William Rozario. Com ele morreu também uma língua: o crioulo português de Cochim. William Rozario era o último dos falantes deste crioulo, que ao longo de quinhentos anos foi usado por sucessivas gerações e que era fruto do contacto entre o português e a língua local de Cochim, o malayalam, além de outros idiomas. Ler mais
Cochim foi a primeira localidade na Índia onde os portugueses se estabeleceram, depois de uma primeira tentativa falhada de se fixarem em Calecute. Sendo um porto muito importante no comércio de especiarias no Oceano Índico, Cochim foi a principal cidade portuguesa no Oriente, até que o vice-rei da Índia se mudou para Goa em 1530. Foi em Cochim que se ergueu a primeira igreja cristã da Índia (atualmente chamada Igreja de São Francisco) e foi em Cochim que faleceu Vasco da Gama. Mais tarde, a cidade foi perdida para os holandeses e para os ingleses.
Em resultado do intenso comércio existente em Cochim entre portugueses, indianos, malaios, árabes e outros, surgiu um idioma que serviu de meio de comunicação entre todos estes mercadores. Este idioma foi o chamado português de Cochim, um dos vários crioulos indo-portugueses que surgiram ao longo da costa da Índia e do Ceilão. Este idioma nasceu, floresceu, definhou com a saída dos portugueses da cidade e agora acabou por morrer quando morreu, também, o seu último falante, William Rozario.
A notícia em inglês da morte deste homem e da sua língua materna foi dada pelo diário The Hindu, da cidade de Chennai (Madrasta), na Índia, num artigo intitulado "Tribute to Cochin Creole Portuguese", o qual inclui um elucidativo texto de Hugo Canelas Cardoso, professor da Universidade de Macau.
Fonte: Blogue "A Matéria do Tempo", post de 10Mar2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário