Rescaldo da visita: "Cuidado, não pisem os fósseis" organizada pelo programa de Geologia da Ciência Viva
Adolf Hitler afirma no Mein Kampf que para fazer ciência basta observar. É deste modo que ele justifica todas as conclusões de ordem psico-social que apresenta na obra convidando os leitores a fazerem o mesmo – a observar o que os rodeia.
Décadas depois, com o aparecimento e desenvolvimento da Antropologia, da Sociologia, da Psicologia, da Ciência política... a observação começou a ser considerada como um dos métodos de fazer ciência. Em Antropologia é, certamente, o método mais utilizado.
A observação tem maior valia quando o observador é estranho ao meio que observa. Assim, por comparação com o seu próprio sistema de valores, ele encontra com facilidade as diferenças entre uma outra e culura e consegue salientar o que mais caracteriza a sociedade ou grupo em estudo.
Não descuro a importância da observação mas entendo que ela por si só tem pouco valor. Ou seja, antes do processo de observação tem de ocorrer no espírito do candidato a cientista um forte sentimento de curiosidade a qual só se desperta se houver algum conhecimento prévio da matéria. Se não houver este conhecimento anterior, passamos pelos factos sem darmos conta de nada.
Ora, antes da visita de estudo que realizei no domingo passado intitulada: “Cuidado, não pisem os fósseis”, nunca desconfiara que muitas das pedras que pisamos nas estações do metro e em outros locais da cidade estão cheias de fósseis. Agora que fui despertado para essa facto descubro a cada canto da cidade pedras liós cheias de fósseis e pergunto-me porque não descobrira isso antes. O meu olhar tornou-se mais crítico para todo o tipo de laje ou pedras que cubram as paredes ou os soalhos dando uma importância diferenciada em hierarquia a cada pedra , no que se refere ao tipo, às dimensões, às cores… Por vezes, dou grande importância a uma laje ou porque é muito grande, ou pela cor ou pela textura do desenho. Agora dou valor aos calhaus, porque os conheço e o meu observar tornou-se mais profissional, capaz de descobrir coisas que antes me passavam completamente despercebidas. A visita despertou em mim a curiosidade e tornei-me num bom observador de fósseis.
Assim, descobri que nas estações do metro da Ameixoeira e da Quinta dos Coches os soalhos e paredes são cobertos de lajes de liós com 1 metro quadrado de lado. O chão da estação de Entre Campos é composto de mosaicos de 30 centímetros de pedra liós assim como parte do chão da estação do Marquês de Pombal e com lajes mais pequeninas as escadarias da estação de Odivelas.
A pedra, enquanto nova, é bonita, assemelha-se ao mármore mas, com o uso em soalho, enche-se de buracos por saltarem os fósseis e a laje outrora lisa e polida torna-se rugosa acumulando-se sujidade nas cavidades abertas.
Rui Moio
Décadas depois, com o aparecimento e desenvolvimento da Antropologia, da Sociologia, da Psicologia, da Ciência política... a observação começou a ser considerada como um dos métodos de fazer ciência. Em Antropologia é, certamente, o método mais utilizado.
A observação tem maior valia quando o observador é estranho ao meio que observa. Assim, por comparação com o seu próprio sistema de valores, ele encontra com facilidade as diferenças entre uma outra e culura e consegue salientar o que mais caracteriza a sociedade ou grupo em estudo.
Não descuro a importância da observação mas entendo que ela por si só tem pouco valor. Ou seja, antes do processo de observação tem de ocorrer no espírito do candidato a cientista um forte sentimento de curiosidade a qual só se desperta se houver algum conhecimento prévio da matéria. Se não houver este conhecimento anterior, passamos pelos factos sem darmos conta de nada.
Ora, antes da visita de estudo que realizei no domingo passado intitulada: “Cuidado, não pisem os fósseis”, nunca desconfiara que muitas das pedras que pisamos nas estações do metro e em outros locais da cidade estão cheias de fósseis. Agora que fui despertado para essa facto descubro a cada canto da cidade pedras liós cheias de fósseis e pergunto-me porque não descobrira isso antes. O meu olhar tornou-se mais crítico para todo o tipo de laje ou pedras que cubram as paredes ou os soalhos dando uma importância diferenciada em hierarquia a cada pedra , no que se refere ao tipo, às dimensões, às cores… Por vezes, dou grande importância a uma laje ou porque é muito grande, ou pela cor ou pela textura do desenho. Agora dou valor aos calhaus, porque os conheço e o meu observar tornou-se mais profissional, capaz de descobrir coisas que antes me passavam completamente despercebidas. A visita despertou em mim a curiosidade e tornei-me num bom observador de fósseis.
Assim, descobri que nas estações do metro da Ameixoeira e da Quinta dos Coches os soalhos e paredes são cobertos de lajes de liós com 1 metro quadrado de lado. O chão da estação de Entre Campos é composto de mosaicos de 30 centímetros de pedra liós assim como parte do chão da estação do Marquês de Pombal e com lajes mais pequeninas as escadarias da estação de Odivelas.
A pedra, enquanto nova, é bonita, assemelha-se ao mármore mas, com o uso em soalho, enche-se de buracos por saltarem os fósseis e a laje outrora lisa e polida torna-se rugosa acumulando-se sujidade nas cavidades abertas.
Rui Moio
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