quarta-feira, 30 de junho de 2004

História e Ciência - Blog de Sandra Cristina Almeida (almeida649@hotmail.com)

História e Ciência
Posts relativos a diferentes concepções da Histórica ao longo dos tempos. Filosofias ou Teorias da História. História da Cultura e das Mentalidades. Episódios históricos. Estruturas e Conjunturas. Publicações no âmbito da História. Sites, ensaios, entrevistas, comentários. Notas. Apontamentos. Posts relativos ao conhecimento científico. CONTACTO: Sandra Cristina Almeida (almeida649@hotmail.com)

MULHERES PORTUGUESAS NA GUERRA COLONIAL: o exemplo de Maria Estefânia Anachoreta (1)

O MOVIMENTO NACIONAL FEMININO CONTADO PELA SUA PRESIDENTE: testemunho de Cecília Supico Pinto-2

APRESENTAÇÃO DE TESE (DE DOUTORAMENTO) SOBRE A PIDE/DGS EM ÁFRICA AQUANDO DA GUERRA COLONIAL

MOCIDADE PORTUGUESA FEMININA: a especificidade dos valores e comportamentos transmitidos no Boletim da MPF e na M&M

ORGANIZAÇÕES DE JUVENTUDE AFECTAS AO ESTADO NOVO: a Mocidade Portuguesa (1)

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MIGUEL SOUSA TAVARES SOBRE "EQUADOR": de novo em entrevista (1)

MIGUEL SOUSA TAVARES SOBRE "EQUADOR": de novo em entrevista (2)


OS 13 ANOS DE GUERRA EM ÁFRICA: 1961

Links:

Arqueoblogo
Blog-19
Companhia de Moçambique

Estudos sobre o Comunismo
Guerra Civil Espanhola
Naufragios
Memórias do C.T.I Guiné
Resistência Islâmica
Socio[B]logue 2.0
Tempore
Velharias

Rio Caculovar - Pesquisas com o Google

VISITA À WELWITSCHIA - Em 1880, principiou Francisco Newton a sua exploração em Angola, primeiro em Moçâmedes, seguindo depois para o Giraul.
Em Julho visitou a região da Wellmitschia e as margens do rio Coroca.

Banha de Andrade
O Naturalista José de Anchieta

O site contém, entre outros, os seguintes interessantes documentos:
Encontro com Stanley
O Cavalo de Tróia no Planalto da Huíla
ARQUIVO F. NEWTON
EXPLORAÇÃO NA ÁREA DO GOLFO DA GUINÉ
ESCALADA AO PICO DE CLARENCE
Mapa de Fernando Pó segundo Alexander
O LACHRYMA CHRISTI
Leonardo Fea
CAPÍTULO II - CARTAS DE F.NEWTON - RUMO AO DAOMÉ - Carta nº.1
CARTAS DE F.NEWTON - SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - Carta nº. 2
CARTAS DE F.NEWTON - CÁGADOS EM SÃO TOMÉ - carta nº. 3
CARTAS DE F. NEWTON - O ILHÉU DAS ROLAS - Carta nº. 4
CARTAS DE F. NEWTON - ILHA DE ANO BOM (PAGALU) - Carta nº. 5
CARTAS DE F. NEWTON - CARTA DO CAPITÃO BOTELER - Carta nº. 6
CARTAS DE F. NEWTON - FERNANDO PÓ (BIOKO) - Carta nº. 7
CARTAS DE F. NEWTON - CABO VERDE - Carta nº. 8
CAPÍTULO III - LUZES DE BENGALA - Resultados científicos das colheitas de Newton (1)
Resultados científicos das colheitas de Newton (fim)
ERRÁTICA DE NEWTON (1)
ERRÁTICA DE NEWTON (2)
ERRÁTICA DE NEWTON (fim)

VIAGENS NA CIMBEBÁSIA / O RIO CUNENE - PADRE CHARLES DUPARQUET

Concelho da Bibala - Busca no Google

Lubango - Sá-da-Bandeira

Mosaico - de Diamantino Pereira monteiro

Cultura, Educação e Ensino em Angola - Capítulo 33 - Martins dos Santos 1974-1998

Cultura, Educação e Ensino em Angola - Capítulo 21 - Martins dos Santos 1974-1998

A Huíla e Lubango

Muhuíla Home Page - António Russo

Real República de Maconge

segunda-feira, 28 de junho de 2004

Traçado do Caminho de Ferro de Moçamedes entre Serpa Pinto e a Fronteira Leste

O meu pai dizia que encontrara nos arquivos da administração de Cangamba um documento referente a um projecto de prolongamento do traçado da linha do Caminho de Ferro de Moçamedes para leste de Serpa Pinto e que, a concretizar-se, o comboio passaria em Cangombe. Agora, descubro um livro publicado em 1956 pelo Instituto de Investigação Científica Tropical que nos informa que havia dois traçados para o prolongamento da linha a uma distância de 150 quilómetros um do outro. O traçado Norte passaria pelo Lupire, Cangombe, Muié e Ninda e o traçado Sul passaria pelo Cuito Canavale, Mavinga, N´Riquinha e Missão de Santa Cruz, devendo atravessar o Cuando a 40 quilómetros a sul desta localidade.
Reconhecimento Geral Agrícola, Florestal e Pecuário das Zonas de Influência do Caminho de Ferro de Moçâmedes entre Serpa Pinto e a Fronteira Leste (Traçados Norte e Sul)

Rui Moio

Camucuio

Imagem Digital - Camucuiu

domingo, 27 de junho de 2004

Sites sobre Angola e referência à obra "Memórias de Angola" de João Loureiro

54. DENOMINAÇÃO DAS ESCOLAS

BOSQUÍMANOS

FILOSOFIA TRADICIONAL DOS CABINDAS de JOSE MARTINS VAZ - Missionario do Espirito Santo

Educação Tradicional em Angola


Percorrer Angola sem preconceitos

Repositório de bilhetes postais ilustrados contribui para ultrapassar alguns fantasmas que fizeram estalar mundividências

Na primeira e algo displicente abordagem de Memórias de Angola, de João Loureiro, notei, surpreendido, que cedo me deixara conduzir sem reticências, com agrado, ao tempo colonial. Não será este, creio, um caso isolado.
De facto, ao converter uma luxuosa, graficamente requintada, edição num repositório notável de simples postais ilustrados, o autor confronta-nos com a densidade desses testemunhos, designadamente nos contextos epocal, social e artístico. Nenhum razoável estudioso da realidade colonial angolana, na sua abrangência, deixará de se envolver numa certa magia a partir de postais como os transpostos de preciosíssimos clichés de Cunha Morais, fotógrafo portuense contemporâneo de Capelo e Ivens, colecção de que destaco "Loanda - Rua Salvador Corrêa", "Benguela - Vista parcial" e "Mossâmedes - Caes e praia", todos de cerca de 1890.

Na mesma angular, cito "Dondo - Rua Capacala" (Osório, Delgado e Bandeira, 1903), uma jóia do património arquitectónico, largamente divulgada, nos jornais e em visitas guiadas, pelo erudito Fernando Batalha; "Fortaleza de S. Miguel [Luanda]" (Osório & Seabra, 1904); "Rua Neves Ferreira - Catumbela" (O. S., 1904); "Caminho de Ferro de Ambaca [mais tarde CF de Malanje] - Canhoca" (Eduardo Osório, 1906); "Missa na Capela do Povo Grande - Cabinda" (J. Martins, 1907).

Selecciono ainda "Igreja de Nossa Senhora da Nazaré" [junto da Avenida Marginal, Luanda] (E. O., 1908), onde, já nos anos 60/70, o padre Joaquim Pinto de Andrade reunia, na missa da tarde de domingo, uma pequena multidão ávida das suas homilias de matriz libertadora, a fazer lembrar o melhor estilo do padre António Vieira, o mesmo acontecendo na missa dominical do fim da manhã, na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (Sé), com o padre (hoje cardeal) Alexandre do Nascimento, um caso marcante de fluência e altitude poética.

Destaco, finalmente, "Primeiro aniversário da República na Câmara do Lubango" (Herculano de Campos, 1911); "Forte de Silva Porto" (editor sem referência, 1912); "Igreja do Carmo" (Carvalho & Freitas, 1922), sobre a qual há importantes textos do arquitecto Fernando Batalha e do historiador Monsenhor Alves da Cunha.

Esta obra, que, na omnipresente fonte iconográfica (desde os últimos anos de Oitocentos até Novembro de 1975), abrange a cidade de Luanda, o litoral de Benguela, os planaltos do Huambo e do Bié, o Sul de Angola, Cabinda e o Congo, o Noroeste e o Leste de Angola, deve ser entendida, segundo João Loureiro, com "uma serena objectividade e um distanciamento já possível, sem preconceitos, complexos ou ressentimentos de parte a parte".

Uma obra, enfim, que vai porventura além das intenções do autor, se repararmos na "Perspectiva histórica", texto cuidado, inteligente, mas com acento tónico no modo como os bilhetes postais "testemunham a evolução das cidades e vilas" e num "enorme respeito pelos sacrifícios e trabalhos" de quantos fizerem "progredir e prosperar" a "portentosa Angola", sem ficarem de fora os "mais jovens e generosos", exortados a "comparticipar activamente na premente restauração da esperança".

Um trabalho que passa naturalmente ao largo do cerne das preocupações de antropólogos como o padre Carlos Estermann (um dos cientistas mais prestigiados de toda a África), José Redinha, Óscar Ribas, Mesquitela Lima e Mário Milheiros, a par de escritores como o romancista Castro Soromenho.

A verdade é esta: o repositório que João Loureiro trouxe até nós insere-se, além do mais, na linha dos que se recusam a rasurar a história. Pode custar muito, mas assumir todo o nosso passado é uma questão de honra.(16.01.01/Fonte : Diário de notícias)

Padre Himalaya (links)

Padre Himalaya - Homem de ciência, pioneiro da ecologia em Portugal

A Conspiração Solar do Padre Himalaya

Conferência no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa
As invenções solares do Padre Himalaya recordadas 100 anos depois


As Invenções Solares do Padre Himalaya Recordadas 100 Anos Depois

Jacinto Rodrigues, Professor, Artista e Humanista, em Entrevista à Página

Tanto Sol… no Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva

O Patrono

Sexo no banco de trás de uma viatura

No troço entre a marina do Poço do Bispo e a ponte, a montante do rio, a Lena seguia a umas três dezenas de metros adiante de mim. Passou ao lado de um carro de luxo, azul, parecido com o meu renault laguna, que se encontrava estacionado junto aos armazéns.
Quando eu me aproximava da viatura, uma mulher de meia-idade, não muito elegante, de barriga saliente e vestido cor-de-rosa comprido, afastou-se da viatura e encaminhou-se para a beira-rio.
Ao passar ao lado do carro reparei num homem de cabelos grisalhos e encaracolados no banco de trás da viatura, debruçado sobre o que me pareceu ser um pedaço de carne viva avermelhada. E, perguntei-me - se o senhor estaria a mudar a fralda de um bebé? Mas, logo duvidei disto, pois, o normal seria que fosse a mulher a fazê-lo e não o marido. Com estas dúvidas cheguei ao início da ponte e parei, curioso em saber se seria mesmo o de um bebé o pedaço de corpo que vira. A verdade é que o achara muito largo para ser o corpo de um bébé.

A Lena não se apercebeu de nada e, junto à ponte e antes de eu aí chegar, virou à direita, continuando o percurso para o Parque.
Ali fiquei especado, diante da ponte, a uns trinta metros, a olhar para a viatura e para a senhora de vestido cor-de-rosa.
Passado algum tempo, saiu da viatura o homem com o que me pareceu o ser o cinto das calças desapertado e a cair e aproximou-se da mulher de vestido cor-de-rosa. Então, passou pela minha mente que a parte sem forma do corpo que vira dentro da viatura pudesse ser de um filho deficiente já crescido e que o pai estaria a mudar a fralda. Continuei a observar e à espera. De dentro da viatura sai uma rapariga ou senhora de calças brancas a compor a blusa preta. E assim, desvendou-se o mistério!
A rapariga aproximou-se do homem e da mulher de vestido cor-de-rosa que continuavam na beira-rio. O Homem abraçava a mulher de vestido de cor-de-rosa e depois fez o mesmo à de calças brancas e blusa preta.
Procurei a Lena, contei-lhe o que descobrira e ambos voltámos para o início da ponte e entrámos nela com o objectivo de continuarmos a observar o que de tão estranho eu acabara de descobrir.
Fiz da ponte intermédia o meu posto de observação. Os três voltaram para as imediações da viatura que mantinha as portas abertas do lado dos armazéns. Os três abraçam-se mutuamente, mas a certa altura o homem entrou na viatura e logo a seguir a rapariga de calças brancas e blusa preta. A mulher de vestido cor-de-rosa continua junto à viatura. E, perguntámo-nos - será que enquanto o homem mantém relações sexuais com uma a outra assiste à cena ao mesmo tempo que se mantém alerta !?
Eis que o homem sai da viatura e a rapariga de calças brancas também, alguns minutos depois, voltam para dentro da viatura. A mulher de vestido cor-de-rosa mantém-se de pé junto do porta-bagagens da viatura. E o jogo do entra e sai da viatura e os abraços fora dela repetem-se por várias vezes. Depois, estando os dois dentro da viatura, a mulher de vestido cor-de-rosa afasta-se e encaminha-se para a beira-rio. Iniciou-se a cambalhota, concluímos.
Passam 3 bicicletas junto da viatura, certamente um pai e os seus dois filhos mas, aparentemente, não deram por nada.
Que vontade tinha de passar agora junto da viatura para os descobrir em flagrante, para tirar as dúvidas, para saber o que faziam, se sexo oral, se sexo com penetração e como ela se teria despido, mas, não o fiz com receio das consequências. É certo que pelas nossas atitudes eles repararam que nós desconfiávamos que algo de estranho se passava.
Assim, decidimos voltar à margem para retornarmos ao parque. No fim da ponte, apenas há um pequeníssimo espaço para a passagem. A Lena seguiu adiante de mim. Ao aproximar-me da passagem estreita, a mulher de vestido cor-de-rosa também aproxima-se do local e quase se roça comigo. Receoso de me insultar não olhei sequer para ela. Depois, vimo-la passear sem destino pelo início da ponte.
Adiante, a escassos metros do início da ponte, um casal de meia-idade observava o rio com uns binóculos!... Que vontade tive de lhes dizer – apontem para aquela viatura que verão coisas inesperadas.

Rui Moio

sexta-feira, 25 de junho de 2004

Os namorados e o meu vouerismo

Adiante de nós numa outra fiada dos bancos um casal de namorados namoriscava.
Não havia mais ninguém nas redondezas. Pelo canto do olho e à distância de uns 10 metros, observava o casalito. Chamou-me a atenção o facto da rapariga, que se sentava sobre o jovem, movimentar o seu corpo e o braço direito para cima e para baixo. Desconfiei que estivesse a esfregar-se nela própria ou estivesse a manipular o instrumento do rapaz e que isso era feito em contacto directo com as carnes. Ao fim de muito tempo nestes propósitos, a jovem elevou o braço e continuando a beijar o moço enlaçou-o pelas costas e pescoço. Depois, trocaram de posição, ela por baixo e ele por cima dela.

A senhora com a sua mão e a do namorado sobre a braguilha das suas calças de ganga

De repente, descubro um casal de namorados sentados num banco de esquina e instantaneamente olho para a braguilha da jovem que envergava umas calças de ganga. Ela tinha as mãos por entre as pernas. Demorei-me no olhar, pois pensava que a mão do namorado também deveria estar por perto. E estava. Quando descubro isto, em segundos, reparo que o jovem está a olhar para mim. Creio que os jovens ou o casal de trintões pois, pareceu-me que já não se tratava de um casalito de namoradinhos, estavam a friccionar a zona pélvica feminina e ela atrapalhou-se quando me aproximei de repente. A sua atrapalhação tornou-se notada de mim e isso fez-me descobrir que também o namorado tinha a mão no entre-pernas da namorada, possivelmente, em contacto directo com as carnes moles.

Rui Moio

Jogo Portugal-Inglaterra

Jogo duro de Portugal–Inglaterra. Logo nos primeiros 3 minutos a Inglaterra marca um golo. O Alexandre que tem tanto para estudar hoje interrompeu o estudo para ver o Jogo. Eu apenas comecei a vê-lo quase no final da 2ª. Parte.
Nos últimos 8 minutos da 2ª. Parte Portugal iguala o resultado. Depois, mete outro golo mas logo a seguir a Inglaterra empata. O Jogo acaba com um empate 2-2. Segue-se meia-hora de prolongamento e depois 5 penalties com a Inglaterra a jogar primeiro. A Inglaterra falha e Portugal a seguir marca um golo. Portugal está a ganhar.
Todos torcemos para que o resultado não se altere mas a Inglaterra mete outro golo e assim, golo para um, golo para outro chegou-se quase ao final dos penalties. Eis que na última chance o guarda-redes marca golo no último pensalty que temos dieito. É a vitória. Portugal entra para a meia-final do campeonato Europeu.
Eusébio abraça o guarda-redes e Filipão e o selecionador brasileiro entra em campo com a bandeira de Portugal e do Brasil. Lá fora a euforia, businadelas, bater de panelas, gritos de alegria!...

Rui Moio

segunda-feira, 14 de junho de 2004

Electrificação do palácio real de Belém em 1904

Nas Memórias de Raul Brandão (Tomo I, Volume I) há uma passagem sobre a electrificação do palácio real de Belém. Afirma-se que foi o primeiro palácio real a ser electrificado e isso teria ocorrido em 1904.

Ao pequeno-almoço, ocorreu-me o seguinte pensamento: estamos em 2004, por conseguinte, a electrificação do primeiro palácio real ocorreu a apenas 100 anos. E que transformações ocorreram? perguntei-me. É impressionante, como em apenas 100 anos o mundo mudou tanto e dirigindo-me à Lena transmiti-lhe o pensamento que tivera, acrescentando:

- já estamos no exílio há 30 anos e o país já estava totalmente electrificado. Em Angola, vivi os últimos 10 anos em Luanda e antes vivera em Sá-da-bandeira, cidades completamente electrificadas. Desde os 11 anos, que tenho vivido sempre em terras electrificadas, ou seja, desde há quarenta e poucos anos.
Em Sá-da-bandeira, em 1904, apenas existiam algumas casas de pau-a-pique e, em 1961, já toda a cidade estava electrificada e, certamente, há muitos anos. Como tudo mudou tanto em tão pouco tempo e perguntei à Lena: como será o mundo daqui a 100 anos, em 2 104? E a resposta foi um longo silêncio interrompido com a pergunta:

- o senhor da drogaria terá de trazer o tubo com o plástico e medi-lo e eu não o vou comprar?

Rui Moio

Um gato e a sua ligação ao dono

Da porta da sala deparei com um senhor que no baldio observava um gato que comia ervas. É usual verem-se habitantes do bairro a passearem os seus cães, mas gatos? nunca tinha visto. Enquanto o gato se alimentava, o senhor, com uma enorme paciência, mantinha-se de pé a alguns metros do animal. Depois, subiu as escadarias e posicionou-se no patamar e o gato continuou às voltas no baldio procurando a melhor erva para se purgar. Ao fim de uns minutos, aproximou-se do dono que por ele esperava no cimo do patamar e deitou-se num tufo de ervas, a uns 20 metros dele, e dali não saía. O dono acabou por lhe virar as costas e seguir para dentro do prédio, desaparecendo das vistas do animal. Este, sentindo-se desamparado, lança-se numa correria louca para junto do dono.

Rui Moio

domingo, 13 de junho de 2004

O segredo de El Dorado

O programa O lugar da História deu-me hoje a conhecer que em plena selva amazónica, julgo que boliviana, existiu pelo século XVI uma civilização índia muito avançada. Nesses tempos corria uma lenda de que existiria para o interior do Brasil o reino do el Dorado - um reino com muito ouro.
Um espanhol, de nome Francisco de Orellana comandou em 1542 uma expedição pelo rio amazonas no século XVI e deixou um relato curioso: que encontrara uma civilização de índios no interior da selva amazónica em que as suas casas eram brancas e parecidas com as aldeias espanholas e onde as pessoas viviam em harmonia uma civilização superior com estradas e canais e onde haviam um largo comércio entre as populações.
O programa apresenta a tese de um arqueólgo (Ericson (?) que afirma ser um pesquisador de paisagens aéreas e que comprova que o relato de Orellana é verídico. O programa mostra-nos a comprovação desta tese.
Na amazónia há uma zona de muitas clareiras que vistas do ar apresentam traços rectilíneos. O arqueólogo afirma que essas clareiras eram as planícies muito férteis cobertas de terra preta que eram cultivadas e recultivadas e os riscos eram estradas e canais. Sabemos que as terras dos climas tropicais não são férteis mas os índios descobriram um processo de as tornar muito produtivas, através da queimada e retenção das cinzas. É mostrado um estudo comparativo de cultivo de plantas, num caso, utilizando-se terra preta, noutro, terra da amazónia e noutro, terra adubada artificialmente. O campo mais produtivo foi o da terra preta.
As planícies ou descampados são semeados de núcleos altos de floresta tropical e dentro deles encontram-se com extrema facilidade muitos cacos de cerâmica, alguns deles evidenciam ter pertencido a grandes potes de barro que apenas poderiam ter existido numa civilização superior e sedentária. Nesses recipientes guardavam-se cereais para as estações de carência e para um grande número de pessoas. Cinquenta e sessenta anos depois nenhum outro explorador encontrou a referida civilização.
Ericson afirma que possivelmente a expedição de Orellana exportou doenças desconhecidas dos índios e para as quais não tinham defesas tendo sido dizimada toda a população em escassas décadas.
Transcrevo a notícias vinda no boletim da RTP:

«O SEGREDO DE EL DORADO
Documentários - História
«THE SECRET OF EL DORADO»

Vestígios da existência de uma grande civilização até aqui desconhecida e que terá vivido no meio da selva

A bacia do rio Amazonas é a maior reserva selvagem intocada do Mundo, pelo menos temos sido levados a acreditar que assim seria. No entanto, cientistas actuais fizeram uma descoberta extraordinária: encontraram vestígios da existência de uma grande civilização até aqui desconhecida e que terá vivido no meio da selva.
E não se trata de uma mera curiosidade arqueológica. O povo que outrora habitou a região era possuidor de uma tecnologia surpreendente cujo segredo poderia transformar o nosso mundo.»

Rui Moio

Exposição: Orlando Ribeiro – A casa e o mundo

Na descoberta da biblioteca "Orlando Ribeiro"

Ontem telefonei à biblioteca Orlando Ribeiro para perguntar como fazer para lá chegar. O senhor que me atendeu não foi capaz de me explicar, apenas conseguiu transmitir a ideia que se localiza perto da antiga Quinta de São Vicente, dando-me a entender que nos semáforos deveria passar diante do Carrefour e virar à direita e depois à esquerda.
Assim, passei diante do Carrefour e nos semáforos virei à direita e depois na primeira à esquerda. Fiquei na dúvida se a estrada de Telheiras não seria a estrada que passa pela Renualt de Telheiras. Perguntei a um senhor forte onde era a biblioteca. Simpaticamente, explicou-me como fazer. Era perto do edifício e da estação do metro. Segui o percurso indicado e, sem dificuldade descobri o Solar da Nora.
Lindo edifício. Entra-se por um pátio antigo cercado por um café-pastelaria e pelo recinto do acolhimento.
A exposição está dividida em duas partes que se mostram em duas salas contíguas; é composta por alguns painéis com fotografias, texto e objectos pessoais de Orlando Ribeiro oferecidos ou comprados aquando das suas inúmeras viagens pelo país e pelo mundo.

Plano “Um povo na Terra”

1. – Finisterra (Portugal)
2. – As Ilhas Perdida ( Açores, Madeira e Cabo Verde)
3. – Terra de Pretos (África)
4. – Um sonho Desfeito (Índia e Oriente)
5. – Vitória nos Trópicos (Brasil)
6. – Gente P0bre, Terras Ricas ( Califórnia, Ilhas Hawai, etc.)
7. – Humanidade, Nacionalidade


Para realizar esta síntese do “mundo que o português criou”, e da “Terra onde a nossa gente viveu ou deixou marca” seriam precisos “muitos anos de viagens e reflexões e o conhecimento, ainda que muito rápido, das colónias portuguesas, do Brasil e de outros núcleos de povoamento português, o assunto pode parecer vasto, se conseguir escrevê-lo daqui a vinte anos, posso dar-me por satisfeito: para isso é preciso começar já.”

Suzanne Daveau


Memórias de um geógrafo

Nas suas memórias Orlando Ribeiro conta como a sua infância, em casa dos avós, foi embalada pela evocação das longínquas terras ultramarinas onde viviam e labutavam portugueses. Era um tio que tinha desaparecido sem nunca mais dar notícias, outro que voltou de Angola com família mestiça, eram vizinhos da aldeia onde passava as férias que lembravam episódios da sua vida africana ou brasileira.

Máquina fotográfica

Orlando Ribeiro utilizou uma máquina fotografia Leica M3.


Bibliografias de Orlando Ribeiro

- Bilbiografia científica – 1ª. Parte – 1934-1981 com 296 títulos - Ana Amaral e Elídio Amaral.
- Bibliografia científica 2ª. Parte 1981 -1995 Suzanne Daveau in Finisterra nº. 61 - 1996

Grandes geógrafos

Creio que Emanuel de Martonne foi professor de Orlando Ribeiro na Sorbonne, em Paris.
Na exposição também é focado Vidal de la Blanche

Rui Moio

Ultimação da leitura das Memórias de Raul Brandão – Tomo I – Volume I

De manhãzinha voltei às leituras das Memórias do Raul Brandão que terminei pelas 9h30. Com esta leitura tomamos contacto com personalidades do princípio do século XX, do período do regicídio. Fala-se de Hintze Ribeiro, de Bulhão Pato… Abarca o período compreendido entre Janeiro de 1900 a Julho 1910. A 1ª. edição saiu a 21 de Janeiro de 1919. A última, revista pelo autor, ocorreu em 1925. A edição que tenho entre mãos baseia-se na de 1925 com reparação de erros e actualizações da ortografia.
O livro apresenta um índice remissivo das personalidades que pretendo scannear para incluir na base de dados de índices remissivos e reparte-se pelas seguintes capítulos:

Prefácio - Janeiro de 1918
Algumas figuras
Pó da Estrada
A Sociedade Elegante
O Mundo Político
Revisto de Variantes
Índices
Índice alfabético
Índice das gravuras
Índice

O espólio do autor distribui-se pela Biblioteca Nacional de Lisboa e Guimarães.

Rui Moio

Salsichas grossas: a primeira vez

Como são divinais estas salsichas; fritas são melhores, mas era tanta a fome e a preguiça que não esperei – comi-as cruas.
Lembro-me do momento e das circunstâncias em que comi uma destas salsichas pela primeira vez e isso aconteceu no preciso momento em que descobri que havia no mundo salsichas tão grandes e grossas.
Foi, possivelmente, em Outubro de 1975. Voluntariara-me para o célebre e histórico grupo dos 400 (que não ultrapassou os cento e tal que no último instante ficou em Angola para tentar carregar os restos de bagagens dos refugiados. No porto, trabalhava por turnos e procedia ao carregamento dos porões de um barco grego. Um dia, alta noite, sentindo-me muito fraco, com sede e cheio de fome – nessa altura a comida escasseava em Luanda – vagueei pelo barco e, encontrando um frigorífico abri-o e de dentro retirei um frasco com umas salsichas enormes e grossas. Era a primeira vez que via umas salsichas tão grandes. Eram salsichas estrangeiras que não havia em Angola e nunca pensara que pudesse haver no mundo. Abri o frasco e retirei uma salsicha que comi avidamente, e logo retirei outra. Entretanto, surge por detrás de mim um marinheiro, de calções e blusa de dormir. Vinha ao frigorífico. Envergonhado, desculpei-me por ter cometido um furto. E. mais envergonhado estava por o ter feito a pessoas amigas, que confiaram em nós, e que naquela hora de aflição nos ajudavam.

- estou cheio de fome e fraco. Há dias que me alimento muito mal. Escassam os alimentos na cidade. Desculpe.

O marinheiro, um mocetão simpático, esboçou um gesto de apaziguamento e convidou-me a prosseguir, dando-me a entender que eu não estava a fazer nada de mal. Pareceu-me até que me quis transmitir:

- nós sabemos como vai a cidade e colocámos aqui o frigorífico precisamente para vos mitigar a fome.

Rui Moio

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